Por Pedro Pereira
No último sábado (21) e domingo (22), a divisão feminina da Seleção Brasileira de Flag Football – também chamada de Brasil Onças – realizou em Curitiba, no Paraná, uma sessão de treinamentos aberta para atletas de todas as regiões do país. A atual quarterback do Santa Maria Soldiers, Manuela Kelling, foi a representante do Coração do Rio Grande na atividade.
No time desde 2018, a líder ofensiva levantou sua primeira taça com o “Exército” no Campeonato Gaúcho daquele ano. Ela revela que já sabia da existência do esquadrão masculino, mas não fazia ideia que o clube contava com um elenco de “Soldadas”. A ex-jogadora Manoela Vares, que fazia parte da equipe na época, foi a responsável por mostrar o cenário da modalidade para Manuela.
A agora quarterback, dessa forma, começou a seguir o Soldiers nas redes sociais e participou de uma seletiva para integrar o grupo, na qual foi aprovada. Em sua temporada de estreia, atuou no setor defensivo como blitzer e, depois, foi se tornando safety. “Lembro que fomos campeãs na primeira competição que joguei e eu quase não consegui acreditar. Eu chorei de emoção. Foi uma energia surreal, que eu nunca tinha sentido antes. Parecia que todos os treinos e estudos tinham valido a pena. Desde então, o flag faz parte da minha vida e não consigo me imaginar sem”.
A mudança de posição aconteceu uma vez que a histórica Soldada, Eduarda Santi, precisou se afastar dos gramados para se recuperar de uma lesão no ombro e o posto ficou vago. Ainda que exercesse papéis ofensivos desde 2022, como wide receiver e slot, Manuela conta que nunca se imaginou como quarterback. “Um dia decidi me testar e acabei ficando cada vez mais empolgada em aprender sobre a função”.
Prática em alto nível
Nos treinamentos do fim de semana, a representante das santa-marienses afirma que tentou “absorver o máximo de conhecimento e tirar o máximo de dúvidas com os treinadores e com as jogadoras mais experientes”. Atualmente, a divisão feminina do Soldiers vive um período delicado. Apesar de o time acumular o maior número de títulos estaduais, o “Exército” não sobe no topo do pódio desde 2019.
O último troféu conquistado foi na Copa RS daquele ano. Em 2020 e 2021, as competições de flag football não foram realizadas por conta da pandemia. Em 2022 e, até aqui, em 2023, contudo, clubes rivais triunfaram no lugar das Soldadas e venceram as disputas. Para poder ajudar a desenvolver o time de Santa Maria, Manuela decidiu participar das atividades propostas pela Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA).
“Desde que eu descobri que existe um treino aberto da Seleção Brasileira sempre tive vontade de participar, mas dessa vez o objetivo se tornou bem claro. No momento, não contamos com uma comissão técnica e estamos tendo que buscar conhecimento através de outros meios. Ainda mais agora que assumi como quarterback, estou tendo que aprender sobre a posição através de conteúdos na internet e clínicas online que o próprio Brasil Onças realiza”.
A líder ofensiva define o evento como uma “ótima oportunidade” de adquirir conhecimento sobre o esporte, como também conhecer atletas de todo o país. “Acredito que realizar uma troca de experiências entre os times é muito importante para o crescimento e evolução do flag. Além disso, penso também na minha evolução individual. É fundamental ter contato com jogadoras de alto nível para saber em que patamar estou e o quanto tenho que evoluir”.
O evento, promovido pela CBFA, foi o último de 2023. A entidade prepara a Seleção – que ainda não tem sua escalação confirmada – para a disputa do torneio internacional da modalidade da próxima temporada, que acontece em Lahti, na Finlândia. Neste ano, as Onças participaram da competição continental organizada pela Federação Internacional de Futebol Americano (IFAF), na cidade de Charlotte, Estados Unidos, e saíram de lá com a penúltima posição.
Na edição de 2021 do Mundial, sediada em Jerusalém, Israel, a equipe nacional terminou com a 4ª colocação. Após a experiência, Manuela declara que vê ainda muito trabalho à frente do Soldiers para que a equipe se torne competitiva em um âmbito nacional. “Uma vez que estabelecermos essa meta, tenho certeza que os resultados virão naturalmente. Se você mira no alto, evolui mais do que imagina”.
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