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Proteção às florestas – por Orlando Fonseca

“Por isso é preciso voltar a semear humanidade, cuidar das plantinhas...”

Nesta semana, mais especificamente no dia 17, celebra-se o Dia da Proteção às Florestas, cuja origem remonta à figura folclórica do Curupira. Segundo a lenda, ele protege as florestas e os animais. Por aí se vê que se trata de uma data nacional; inclusive, a ONU tem uma outra data para a sua efeméride internacional, mas o objetivo é o mesmo: conscientizar as populações sobre a importância de todos os tipos de florestas.

No caso brasileiro, o símbolo máximo é a Floresta Amazônica, violentamente devastada nos últimos anos por toda sorte de ações clandestinas, o que está a exigir mais do que uma figura mitológica para os cuidados com sua integridade.

As narrativas populares identificam o Curupira como um ser que tem os pés para trás. Não se trata apenas de um aleijão bizarro, mas de uma estratégia para que ele continue a realizar a sua missão de proteger. As suas pegadas enganam os caçadores a fim de manter a flora e a fauna.

Diante de situações trágicas dos desastres ambientais, promovidos pelos extremos climáticos, as autoridades precisam ficar atentas contra os que invadem o território amazônico, enganando com outros meios para praticar toda sorte de crime contra a natureza. O desmatamento, com a finalidade agropecuária, e a extração ilegal de minérios fazem um estrago que demandará muitos anos para que a floresta volte a exercer os seus benefícios, não apenas para nós brasileiros, mas para o planeta inteiro.  

A floresta tropical amazônica não é apenas aquela grande mancha verde no mapa do Brasil; ela se estende até a Colômbia, o Peru e outros países da América do Sul. Famosa por sua biodiversidade, é a maior floresta tropical do mundo. Quando pensamos em seus cursos de água, lembramos do Rio Amazonas, mas ela é atravessada por milhares de rios. Além de influenciar os regimes de chuva da Terra, dá vida a uma fauna extremamente rica, com mais de 30 milhões de espécies.

Portanto, o desmatamento não se resume a uma extração ilegal de madeira, mas se trata de um dos mais graves problemas ambientais do mundo. Compromete-se o equilíbrio do planeta em seus diversos ecossistemas, o que afeta gravemente a economia e a sociedade. No Brasil, existe uma preocupação crescente quanto ao desmatamento na Amazônia, que bateu recordes em 2019.

Nesta quarta-feira, podemos celebrar uma redução de 11,6% na taxa de desmate do país no ano passado: de agosto de 2023 a abril de 2024, houve redução de 55% em relação ao mesmo período anterior. Dentre os defensores modernos e não folclóricos da floresta, que dedicaram e deram a vida, literalmente, em sua defesa, devemos celebrar a figura de Chico Mendes.

Conhecido internacionalmente pelo seu trabalho em favor dos nossos recursos naturais, Francisco Alves Mendes Filho, seringueiro de origem humilde, viveu uma infância muito pobre na região Norte; mesmo tendo sido reconhecido em outras partes do mundo, gerou insatisfação nos grupos que tinham lucro com a devastação do meio ambiente.

Foi morto em 22 de dezembro de 1988. Mas há tantos outros mártires da mesma causa, como a irmã Dorothy Stang, e pessoas que, em vida, estão nos dando exemplos de cuidado com o reflorestamento, como o fotógrafo Sebastião Salgado.

Antigamente a síntese da realização humana era escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Triste a nossa era atual, em que é mais fácil encontrar quem derrube uma árvore, prefira postar fake news nas redes sociais e tenha um desinteresse absoluto com as futuras gerações (a taxa de fertilidade está cada vez menor nas regiões mais desenvolvidas do planeta).

Tanto as árvores da floresta quanto as árvores genealógicas estão em mudança. Por isso é preciso voltar a semear humanidade, cuidar das plantinhas, para que o Planeta não se ressinta com as ações maléficas da ganância e da incúria, as quais não pensam que a Terra é a casa de todos, e o melhor é não meter os pés pelas mãos.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela “Da noite para o dia”.

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5 Comentários

  1. Preservação é para os fracos, o objetivo é ganhar dinheiro a qualquer custo. O agropop que o diga. Querem passar a boiada e o resto que chore. Se o COVEIRO ainda estivesse no poder, a coisa já tinha degringolado, mas como não está….ohhh glória….nem tudo está perdido.

  2. Resumo da opera. Mais um texto jogado fora com assunto repetido e que a maioria ou ignora ou se dá tapinha nas costas ‘como sou legal! eu quero preservar a Amazonia!’. Infantiloide no minimo.

  3. Floresta Amazonica segundo estudos (INRA) armazenou 14 billhões de toneladas de carbono. Em 2022 (EPA) os ianques emitiram liquidos 5,5 bilhões de toneladas de carbono. No mesmo ano a China emitiu 11,4 bilhões de toneladas. Logo se o argumento era ‘preservar a Amazonia para reverter eventos climaticos extremos’ já furou.

  4. Floresta deveria ser preservada. Rato Rouco prometeu reflorestar 12 milhões de Km quadrados. Não acredito que vá rolar. Previsão é que se torne uma savana devido a mudança no regime de chuvas.

  5. “Por isso é preciso voltar a semear humanidade, cuidar das plantinhas…”. Kuakuakuakuakuakua! Não é só Biden que esta voltando a ter 5 anos! Kuakuakuakuakuakua! ‘E preciso voltar a chupar bico e tomar mamadeira’! Kuakuakuakuakua!

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