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ARTE. Escultura Paternidade, no campus de Camobi, é restaurada e, após duas semanas, foi danificada

O processo de restauro durou dois meses e foi finalizado em 6 de setembro

Texto e fotos de Jessica Mocellin / Da Agência de Notícias da UFSM

Autora Ciza Dias (E), José Francisco Goulart e Rosangela Passos posam ao lado de Paternidade

A escultura é uma arte tridimensional. Sua forma pode permitir que espectadores a circundem, a toquem e se aproximem da obra. A Universidade Federal de Santa Maria é repleta de obras de artes produzidas por artistas diversos, acadêmicos, egressos, técnicos e professores. Algumas, com o passar dos anos, exigem processo de restauro para preservar o que um dia foi criado. A escultura Paternidade é uma delas. 

Produzida pela artista visual Ciza Dias, Paternidade está ao lado da Turma do Ique, o Centro de Atendimento à Criança e Adolescente com Câncer, no campus sede da UFSM. Finalizada em 2014, a escultura ainda não havia passado por reparos e restauro. A partir da iniciativa da autora, juntamente com sua amiga, Rosangela Passos e o professor José Francisco Goulart, docente aposentado de Artes Visuais na UFSM, a obra começou a ser restaurada.

O processo teve início no dia 18 de junho e foi finalizado em 6 de setembro. Duas semanas após a restauração, a estátua estava danificada. 

A inspiração: fotografia de Régis

Em 2013, Ciza conta que estava conversando com um amigo, Régis Heinenn, e teve a ideia de realizar a escultura. Usando uma foto de Régis como referência, a artista moldou um pai que segurava um filho em seus braços. “Mas o pai não olhava para a criança, como está agora. Ele tinha um olhar distante, alheio, parecia que o bebê estava solto e que iria cair”. A autora lembra como o professor José Francisco a indicou que aquilo poderia ser mudado com correções de estrutura e, assim ela fez. A escultura, que foi produzida para um trabalho do curso de Artes Visuais, demorou um semestre para ser completa.

A criação: “escultura é a arte do abraço”

O material utilizado para a modelagem da obra foi a argila que, assim como outros, tem suas especificidades e dificuldades para a produção. Durante vinte dias, Ciza Dias moldou a figura de Paternidade. Então, iniciou-se o processo de secagem. 

De acordo com o professor José Francisco, as pontas tendem a secar mais rápido e se separam do resto da obra, levando a rachaduras. Além disso, a gravidade faz com que a água da argila se concentre nas regiões inferiores, o que pode tornar o resultado mais demorado e com a estética indesejada. Por isso, corta-se a escultura em partes e realiza-se uma secagem muito lenta. Com o uso de um plástico que cubra os pedaços. Assim, a água pode evaporar aos poucos e por igual. 

Após a secagem natural, os fragmentos vão para o forno de queima com a temperatura entre 800 a 950 graus celsius. Quando retirados do forno, os pedaços podem começar a ser montados. “Para montar, você não pode só colar. Aí entra a questão da técnica pura, que cada um vai desenvolver. Essa parte é mais de construção mesmo, é furadeira, é ferro. As peças têm que ser unidas com fortidão”, explica o professor. 

Escultura Paternidade, localizada ao lado da Turma do Ique, Centro de Atendimento
à Criança e Adolescente com Câncer

Ao final da montagem, iniciam-se os acabamentos finais. O jogo de sombra e luz pode ser feito com o contraste de cores entre a terracota e o cimento, utilizado para juntar a obra. Para finalizar, um selador uniformiza o trabalho. 

O processo de realização da escultura exige trabalho coletivo. “A escultura é a arte do abraço. Tem que abraçar com mais pessoas, porque sozinho é muito difícil”, finaliza o professor. 

O significado: “afago que não oprime”

A arte é subjetiva. É isso que Ciza, Rosângela e José Francisco contam. Por isso, buscam não agregar um significado à obra, mas querem que cada um a entenda de acordo com suas vivências. “Quero chamar atenção para a importância de um pai na vida de uma criança, para que ela se torne um adulto mais forte, consciente e seguro de si”, descreve Ciza. 

O local escolhido para colocar a escultura teve relação com o que ela passa: o carinho. A Turma do Ique, Centro de Atendimento à Criança e Adolescente com Câncer, atende pacientes que foram diagnosticados pelo Hospital Universitário de Santa Maria e promove eventos de apoio às crianças e seus familiares. 

“As pessoas sempre perguntam se é homem ou mulher, pai ou mãe. Isso, para nós, nunca foi significativo. O grande gancho que existe aqui é o carinho, cuidado. Porque ele (bebê) está sendo segurado, mas não no sentido de não deixar sair, tem abertura. É um afago que não oprime, todos nós queremos um afago que não oprima. Que afague, mas que dê chances para o voo, para a liberdade. Para cuidar não precisa ser pai e mãe biológico, é ser muito mais do que isso”, descreve José Francisco Goulart…

PARA LER NO ORIGINAL, e conferir ainda outras fotos, CLIQUE AQUI.

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2 Comentários

  1. ‘As pessoas sempre perguntam se é homem ou mulher, pai ou mãe.’ A grande massa esta c@g@ndo para a peça de ‘arte’. Alas, se estivesse no centro provavelmente já teria virado sucata na mão de um receptador.

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