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HANDEBOL. Após 42 anos, time feminino da UFSM volta a disputar o título do Campeonato Gaúcho

Gurias da Federal querem “abrir horizontes” ao participar do torneio estadual

Equipe é a única representante de Santa Maria na competição, que tem a 1ª fase neste fim de semana (Foto Pedro Duarte/Divulgação)

Por Pedro Pereira

42 anos depois, a equipe feminina de handebol da UFSM volta a estar entre os melhores times do Rio Grande do Sul com a disputa do Campeonato Gaúcho de 2024. A estreia das representantes da cidade acontece neste sábado (7), quando começa a 1ª fase do Estadual deste ano, que será sediada na quadra do Centro de Iniciação ao Esporte São Caetano, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, e vai até o domingo (8).

Após algumas temporadas participando de competições estaduais alternativas, como a Liga RS e o Aberto de Campo Bom, as gurias da Federal se fortaleceram e agora visam dar voos maiores. O principal motivo do grupo ter decidido fazer parte do certame, segundo a treinadora Ysadora Freitas, diz respeito à busca por evoluir na modalidade. “Precisamos sair de Santa Maria e Região para abrir nossos horizontes. Somente jogando contra adversárias melhores e mais estruturadas que cresceremos e atingiremos novos patamares”, afirmou.

Estreantes

Além do HandUFSM – como é chamado o plantel da Universidade -, brigam pelo título do Campeonato Gaúcho de 2024: ATHB, de Torres; AECB, de Campo Bom; e Apahand, de Caxias do Sul. Neste ano, o torneio será dividido em duas fases, com a 1ª sendo ocorrendo neste fim de semana e a 2ª prevista para acontecer em novembro. Em cada fase, as equipes enfrentam os rivais somente uma vez para, ao término destas etapas iniciais, definir a classificação ao mata-mata – os quatro times já estão confirmados nas partidas eliminatórias.

Ysadora Freitas é técnica do HandUFSM desde o ano passado. Antes, em 2018, ela entrou na equipe como atleta (Foto Pedro Duarte/Divulgação)

Nas semifinais, o líder pega o esquadrão que acabar na lanterna e o 2º colocado enfrenta o 3º, com os vencedores destes duelos decidindo o título e os perdedores fazendo a disputa da medalha de bronze. A competição é organizada e promovida pela Federação Gaúcha de Handebol (FGHb). Em conformidade com a apuração da reportagem, a direção do clube assegura que o último registro encontrado das gurias da Federal no Estadual da entidade é de 1982, quando a agremiação era chamada de Associação Desportiva da UFSM (ADUFSM) e liderava a “era de ouro” da modalidade em Santa Maria.

Crescimento notório

O projeto atual da equipe foi criado no segundo semestre de 2017 por um grupo de estudantes que tinha o desejo de praticar o esporte e viu na Universidade esta oportunidade. A armadora Louise Müller é uma das atletas que passou nas primeiras seletivas do grupo e, desde setembro daquele ano, defende as cores do HandUFSM. Ela conta que, naquela época, o time não tinha muitas experiências em quadra e, com o passar do tempo, houve uma grande quantidade de integrantes diferentes.

Isso se dá pois, embora o esquadrão não seja formado exclusivamente por alunas da instituição, grande parte tem esse vínculo acadêmico e, conforme as formaturas chegam, o plantel naturalmente se renova. Na visão da jogadora, isso impactou o projeto de forma positiva: “fomos participando de competições e, apesar da rotatividade, mantivemos uma base que se desenvolveu e adquiriu bastante experiência, elevando o nosso nível”.

Hoje à frente da divisão feminina do HandUFSM, Ysadora chegou à equipe em 2018, alguns meses após o nascimento da iniciativa, como central. Na temporada passada, ela assumiu definitivamente a função de comandante do elenco. Para Louise, o desenvolvimento e a consolidação da comissão técnica do time levou o clube a um patamar de referência no handebol de Santa Maria, na categoria.

Louise Müller é uma das veteranas do time do HandUFSM em 2024 (Foto Pedro Duarte/Divulgação)

“Hoje, sem dúvidas, temos a melhor estrutura de todos os anos. Claro que sempre pode melhorar, mas é preciso reconhecer o trabalho que vem sendo feito. Além de termos conseguido incentivo financeiro da UFSM, treinamos três vezes na semana e contamos com um trabalho multidisciplinar, pois temos fisioterapeuta, psicóloga, preparadores físicos, preparadores de goleiras, analista de desempenho, um auxiliar e um setor de marketing”, evidenciou a jogadora.

Sheron Marcellino também atua como armadora mas, diferente de Louise, passou a integrar o plantel da Federal neste ano e terá o Campeonato Gaúcho como sua estreia em competições estaduais. Ela ressalta as qualidades descritar pela veterana descrevendo o esquadrão como “acolhedor”: “quando eu entrei, achei que ia ficar deslocada porque as gurias treinam juntas há muito tempo, mas foi bem diferente. Eu sou a mais nova, tem atletas que jogam há 16 anos e eu tenho apenas 17. Eu acabo aprendendo muito com elas, tanto taticamente quanto psicologicamente”.

Não será em vão

Ysadora revela que o trabalho do grupo de olho especificamente no Estadual foi intenso, com muito tempo investido em análises das equipes adversárias e no aspecto tático do handebol, que já tem rendido frutos. “Acredito que quanto mais a gente se prepara, treina e estuda sobre o jogo, vendo os erros e os acertos, mais conseguimos nos desenvolver, tanto as atletas quanto a comissão técnica. As adversárias são fortes, experientes no cenário, bem estruturadas e com integrantes de alto nível”, declarou.

A treinadora admite que os enfrentamentos serão difíceis, mas as práticas do time estão sendo voltadas para que o elenco saiba lidar com esse contexto da melhor forma. Louise aponta que, para o Campeonato Gaúcho, o estilo das gurias da Federal deve ser de transição rápida e marcação forte. Sheron, na mesma ideia, se atenta aos aspectos mentais do certame: “se a gente não tiver um psicológico bom, não vamos conseguir desempenhar o que pensamos. Se acharmos que o jogo já está ganho, acabaremos não tendo os resultados que achávamos que teríamos”.

Para a jovem armadora, o ponto forte do HandUFSM é a coletividade, na linha de que quando uma atleta está para baixo, sempre há outra para ajudar. “A gente vai dar o nosso máximo, sempre de cabeça erguida”, garantiu a novata. A treinadora das santa-marienses, que já acumula certa bagagem na modalidade, tem uma certeza, independente do que acontecer: “ganhando ou perdendo, sairemos mais fortes desta competição”.

Sheron Marcellino começou a defender o HandUFSM nesta temporada (Foto Divulgação)

Retomada

Mais de quatro décadas separam as gurias da Federal que atualmente vestem o manto da Universidade do grupo que disputou o Campeonato Gaúcho pela última vez. De acordo com Louise, a existência do projeto e a participação em diferentes torneios é fundamental para a evolução do handebol em Santa Maria, que tem o sonho de voltar a ser referência no país, como foi nos anos 1970 e 1980.

“Hoje, representamos a UFSM em vários campeonatos a fim de propiciar, a longo prazo, a implementação do alto rendimento, mas isso vai muito além da competição. Por trás dos jogos, existem alunos desenvolvendo pesquisa com a equipe, analisando desempenho, planejando treinamento, comparando resultados e desenvolvendo atletas. Isso é um reflexo da ciência e do ensino da instituição na prática”, exemplificou a armadora.

Segundo Ysadora, marcar presença no Campeonato Gaúcho é um passo muito importante para a Universidade, que retornará a um cenário extremamente competitivo, buscando ganhar experiência e, futuramente, conquistar espaço em nível nacional mais uma vez. “É um momento muito bom para o handebol da UFSM. O torneio nos proporciona partidas de alto nível, intercâmbio entre atletas e comissão técnica e incentiva todos os envolvidos a quererem buscar a excelência, além de motivar a participação de novos estudantes interessados”, disse a comandante.

Foco no trabalho

As gurias da Federal entram em quadra neste fim de semana cientes das dificuldades que irão enfrentar. Entretanto, a promessa de Louise é de que, apesar da inexperiência geral do time, o comprometimento de cada jogadora impere. “Vamos dar o nosso melhor. Não tem como ser diferente, dado o empenho das atletas e da comissão técnica diariamente. Sem dúvidas, vai ser uma experiência única. É o primeiro passo para buscarmos mais”, contou a veterana.

A comandante, da mesma forma, entende que as adversárias chegam como favoritas e mais bem preparadas para buscar o título, mas a ideia é de impor o próprio jogo. “A torcida pode esperar boas apresentações do elenco. Vamos com os pés no chão”. Sheron, representante mais nova do esquadrão, acredita no trabalho realizado até aqui: “eu tô bem confiante e sei que cada confronto vai ser um desafio, mas é uma partida por vez e vai dar tudo certo.”

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