Por Pedro Pereira / com fotos de Renata Medina/Inter-SM
Com Pedro Della Pasqua fora de cena por decisão própria, um novo presidente do Inter de Santa Maria está previsto para ser eleito nesta segunda-feira (21), no Estádio Presidente Vargas, a partir das 19h. Entretanto, mesmo sem um nome à frente da direção alvirrubra, o clube segue trabalhando e já tem jogadores confirmados para a próxima temporada, quando disputará a Divisão de Acesso mais uma vez.
Entre os atletas que renovaram o contrato para 2025 está o zagueiro Rodrigo Augusto, que atuou em todas as partidas da equipe em 2024 mas, na decisão contra o Pelotas, ficou marcado negativamente. Ele está envolvido na falha que gerou o segundo gol dos adversários, que venceram na Baixada Melancólica por 2 a 1, em 28 de julho, e retornaram à elite do Rio Grande do Sul em cima dos santa-marienses.
“O Inter não perdia em casa há mais de um ano e meio e, justo no final, foi perder. Não dá para acreditar. Cheguei no meu quarto e fiquei pensando ‘poxa, logo agora, nesse momento’. O futebol é uma caixa de surpresas”, declarou o defensor. Frustrado pelo resultado final e de olho em consertar os erros cometidos pelo time, o jogador conversou com o Site sobre a temporada, o lance em questão e as expectativas para a próxima Divisão de Acesso.
Chegada ao Coração do RS
Natural de Itu, município do interior de São Paulo, Rodrigo Augusto tem 26 anos e iniciou a carreira no futebol por meio do Ituano, clube que representa sua cidade natal. De 2011 a 2015, ele vestiu as cores das categorias de base da agremiação rubro-negra e, depois, rodou por equipes de diferentes localidades do Brasil, incluindo os elencos sub-20 do Criciúma e do Atlético Mineiro. Em 2023, foi campeão paraense pelo Águia de Marabá.
Nas menores divisões da modalidade no país, é comum que os atletas defendam diferentes times na mesma temporada a fim de que consigam passar a maior parte do tempo empregados. Isso se dá pois as competições de nível inferior têm uma duração mais curta – a Divisão de Acesso, por exemplo, iniciou em abril e terminou em agosto, neste ano. O zagueiro, dessa forma, iniciou 2024 na Bahia, com a missão de atuar pelo Itabuna.
Por conta de uma lesão sofrida no joelho em um dos treinamentos da pré-temporada, acabou ficando fora de todo o Campeonato Baiano. Entretanto, o Alvirrubro logo apareceu na vida de Rodrigo Augusto. “Com a minha lesão, já que não cheguei a jogar nenhum jogo, até pensei em voltar para casa porque não ia ter mais oportunidades. Fiquei com isso na cabeça. Mas a diretoria do Inter fez contato, me comunicou, perguntou qual era a minha situação e eu expliquei tudo para eles. Eu estava voltando de lesão, tinha feito fisioterapia, e chegamos em um acordo”, detalhou.
O defensor conta que o dirigente Marcos Vinicius Pedroso foi o responsável por conversar com seu empresário para tratar das questões contratuais e saber de seu interesse em atuar em Santa Maria. O atleta confessa que não conhecia o clube, visto que esta foi a sua primeira experiência em uma equipe do Rio Grande do Sul. Entretanto, a partir do momento em que soube da proposta, foi estudar e procurar mais informações.
“Eu vi que o Inter é um time muito grande, um gigante do Rio Grande do Sul, que não merece estar onde está, mas sim na primeira divisão, brigando por títulos e em outros campeonatos. Essa foi uma das motivações para eu ir ao Inter, fazer história. Eu nem pensei duas vezes e comuniquei a eles que gostaria muito de participar”, afirmou o zagueiro, que também não conhecia ninguém da comissão técnica nem do elenco deste ano, antes de pisar na Baixada Melancólica.
Altos e baixos
Apesar da eliminação no final, o 2024 do Alvirrubro foi histórico. Além desta temporada ter sido a primeira em seis que a equipe não avançava ao mata-mata, os representantes da cidade terminaram o certame com o melhor ataque, com 28 gols marcados. Rodrigo Augusto, que iniciou todos os jogos deste ano, junto do também muitas vezes titular Tairone, foi uma das peças-chave para que o plantel sofresse apenas 14 gols.
O zagueiro explica o que, na sua visão, fez com que o encaixe fosse certeiro: “o ambiente no clube era muito bom, tanto pela diretoria, da comissão, quanto por nós, jogadores. A gente fez um belo elenco e nos juntamos pelo mesmo desafio, que era o acesso. Infelizmente não conseguimos”. Ele também cita a experiência do grupo, formado em sua maior parte por veteranos do interior gaúcho. “Nós, os mais novos, aprendemos muito. Eu falo mais novo porque, mesmo com 26 anos, era um dos mais novos”, destacou.
O Inter-SM começou a temporada com protagonismo, batendo o Pelotas – futuro algoz – no Estádio Boca do Lobo, casa do rival, por 1 a 0. Na sequência, contudo, como diz o próprio Rodrigo Augusto, “deu uma decaída”: empate em 0 a 0 para o Bagé, no Estádio Presidente Vargas, e derrota para o Aimoré, por 2 a 0, no Estádio Cristo Rei, em São Leopoldo. Na rodada seguinte, o Alvirrubro goleou o Futebol Com Vida, em Santa Maria, pelo placar de 5 a 1, mas logo as enchentes de maio chegaram e paralisaram os torneios do Rio Grande do Sul por mais de um mês.
O defensor expõe que, neste período sem compromissos em campo, o elenco teve um tempo para colocar a cabeça no lugar, embora parte do grupo tivesse familiares que residem no Estado. “A virada de chave para a gente ‘deslanchar’, infelizmente, foi a tragédia”, comentou. A Divisão de Acesso retornou no início de junho e o time finalizou a fase inicial do certame na vice-liderança do grupo B, com 27 pontos, atrás apenas do Monsoon, de Porto Alegre, por um ponto de diferença.
O derradeiro lance
Nas quartas de final, o Inter-SM derrotou o Veranópolis em jogo de volta no Estádio Presidente Vargas, enquanto o Pelotas avançou às semifinais ao vencer o Passo Fundo nos pênaltis. No confronto de ida da série, no Estádio Boca do Lobo, o marcador ficou no 0 a 0 ao fim dos 90 minutos e o Alvirrubro “sobreviveu”, como foi reconhecido pela torcida santa-mariense na época. A decisão seria no Coração do Rio Grande, como já havia sido em 2007, a favor da equipe da cidade, e em 2018, a favor do esquadrão adversário.
O elenco chegou de ônibus à Baixada Melancólica empurrado pelos mais de cinco mil torcedores que festejavam com as conhecidas “ruas de fogo”, com fogos de artifício e outros artifícios pirotécnicos. O embalo da cantoria promovida pela Fanáticos da Baixada, tradicional torcida-organizada da agremiação, estampava o pensamento de todos os adeptos alvirrubros ao redor: a esperança de que o pesadelo, que durava mais de uma década, iria acabar.
Embora um primeiro tempo de muitos enfrentamentos, as redes balançaram apenas na etapa final. Já aos seis minutos, o também zagueiro Jean Pablo cometeu um pênalti ao defender uma bola lançada pelo Pelotas dentro da área do Inter-SM com o braço, segundo assinalado pelo árbitro Rafael Klein. Rodrigo Augusto, entretanto, acredita que o colega interrompeu a jogada com o ombro.
Pênalti convertido pelo meia e camisa 10 pelotense Vitor Júnior: 1 a 0 no placar, desfavorável ao time da casa. Aos 29 minutos, depois de mais investidas alvirrubras em igualar no marcador, acontece o fatídico lance – que o leitor pode conferir abaixo. O defensor explica o momento que, conforme revelou, não sai de seus pensamentos mesmo passados quase três meses da eliminação.
“É um lance que vem na minha cabeça até hoje, não vou mentir. A bola tava praticamente morta, aí eu olhei para o Copetti (goleiro) e a minha intenção era recuar para ele com a cabeça. Mas na hora que eu fiz o movimento, ele saiu da área para pegar com a mão imaginando que ia proteger a bola e, infelizmente, aconteceu o que aconteceu. Até hoje eu me cobro”, admitiu. Na sequência da última metade de partida, o centroavante Michel chegou a descontar, mas o placar acabou em 2 a 1 para o Pelotas, decretando o fim do sonho para o Inter-SM na temporada.
“Após o fim do jogo, todo mundo chorou pela tristeza que aconteceu. Quando acabou o jogo, todo mundo de cabeça baixa, fizemos uma roda para agradecermos por tudo”, relembrou Rodrigo Augusto. Ele acredita, entretanto, que o fator psicológico não prejudicou a equipe no restante do duelo, visto que todos estavam firmes querendo o resultado: “eu pensei muito depois. Não consegui nem dormir aquela noite, só aparecia aquele lance na minha cabeça. Mas no jogo em si não afetou, até porque, na minha análise, eu fui muito bem depois daquele lance”.
O zagueiro diz que ficou com receio de que sofresse cobranças da torcida, achando até que “não teria paz”, pois sabe de sua responsabilidade no resultado. Contudo, isso não aconteceu – tanto é que, após a desistência da Copa FGF, o atleta foi um dos primeiros a ser convidado pelo então presidente Pedro Della Pasqua e o dirigente Marcos Vinicius Pedroso para seguir na Baixada para 2025. “Eu não pensei duas vezes. Eu gostei muito de jogar no Inter, gostei da cidade, e acredito que no ano que vem a gente vai conseguir o objetivo. A diretoria foi muito transparente com a gente, fez tudo de acordo, não deixou nada faltando”, relatou.
Série A2 à vista
Com o fim do ano do Alvirrubro confirmado, Rodrigo Augusto voltou a Itu, onde está até hoje, para decidir os próximos passos. “A primeira coisa que eu queria fazer era vir para casa e ver a minha família. Eu estava fora desde dezembro. Precisava tranquilizar um pouco a cabeça, respirar fundo”, declarou. Mesmo sem a certeza de quem estará à frente do clube, o defensor segue confirmado para a Divisão de Acesso.
Pouco se sabe sobre o restante do elenco que vestirá o branco e vermelho de Santa Maria na próxima temporada, nem quem comandará o grupo. Uma coisa, por outro lado, é certa, de acordo com o zagueiro: “vou voltar para o Inter com um único objetivo na cabeça, o que não conseguimos esse ano. Sem dúvida, queremos conseguir o acesso”.
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