Os traidores da pátria vão responder por seus crimes – por Valdeci Oliveira
"E a cadeia é o destino ideal para esse bando de criminosos"
Diante das notícias estarrecedoras que vieram à tona nos últimos dias, dando conta de um plano elaborado por militares de alta patente, após as eleições presidenciais de 2022, para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes, parece que estamos assistindo uma novela sem fim, onde as cenas dos próximos capítulos se mostram sempre cada vez mais chocantes e, em certos pontos, inacreditáveis.
Diferentemente de um folhetim tradicional, feito por encomenda para entreter e prender a atenção de quem o assiste, este nos entristece enquanto nação, nos amedronta enquanto população civil e nos enoja enquanto democratas. Os diálogos trocados em aplicativos de mensagens evidenciam a cólera, a falta de caráter, o desprezo pela nossa Constituição e a ojeriza à vontade da maioria do povo brasileiro.
Já os documentos achados em aparelhos telefônicos e computadores, explicitando em pormenores as linhas do plano macabro, não deixam dúvidas de que se trata de uma organização criminosa ao estilo PCC, mas com uma diferença substancial: ao contrário dos bandidos presentes no nosso imaginário, estes foram muito bem treinados e formados com tudo que há do bom e do melhor – incluindo saúde, educação, alimentação, vestimentas, equipamentos, cursos, etc. Tudo custeado com o dinheiro dos nossos impostos, pagos, inclusive, pela maioria do povo, que sequer enxerga, no seu dia a dia, até mesmo parcos sinais do que é ter de fato acesso a tudo isso.
Ao contrário do que pregam em público, os integrantes desse grupo criminoso formado no seio das nossas Forças Armadas não honram a pátria e muito menos a nossa bandeira. Preferem o uso da força bélica e da violência no lugar do debate, do diálogo, do seguir as regras e do respeitar as leis. A cada revelação, uma nova mancha se gruda às fardas, maculando até mesmo os currículos contrários à aventura golpista.
As mais recentes informações nos chegam na esteira da tentativa de explosão da sede do STF e, antes ainda, da movimentação no Congresso Nacional por um projeto que anistie quem atentou contra o Estado Democrático de Direito. Este último cada vez mais distante do horizonte de quem sonha em sair ileso, como se não tivesse nada a ver com tudo o que vem acontecendo no país desde o dia seguinte ao segundo turno do pleito para presidente – e antes dele também.
Fechamento de rodovias por longos dias, acampamentos em frente a quartéis por meses, incêndio de automóveis e ônibus nas ruas de Brasília, tentativa de explosão de caminhão-tanque no aeroporto do Distrito Federal numa véspera de Natal e o fatídico 8 de Janeiro não foram meras reações voluntárias da população, mas resultados das ações que trazem junto muitas digitais verde-oliva, oficiais, da ativa ou não.
Por óbvio, não são todos, não são a maioria. Por óbvio, essa é também uma chance ímpar de separar o joio do trigo. Por outro lado, a contaminação das Forças Armadas pela política, não de hoje – mesmo sendo de uma pequena parcela -, é como um barril de pólvora colocado ao lado de um braseiro. E quem vinha fazendo esses movimentos sabia bem disso.
Até aqui, nossas Instituições, ao contrário desse pessoal, têm mostrado coragem, altivez, seriedade. Da mesma forma, a população tem testemunhado que as investigações têm sido feitas de acordo com as leis e o direito de ampla defesa elevado ao patamar de algo indiscutível, que não tem sido negado a ninguém, muito pelo contrário. E é assim que todos nós esperamos que continue. É assim que deveria acontecer sempre.
E desejamos, enquanto sociedade que preza a Democracia, que todos aqueles, sem exceção, que incentivaram os inúmeros atos antidemocráticos – violentos ou não -, que militaram diuturnamente no descrédito às urnas e que lançaram mão de desmandos mil, incentivando seus seguidores à ira e os alienando num círculo vicioso circunscrito ao medo e à ignorância, e agora, como mostrado, buscando a morte dos seus oponentes políticos, respondam perante os tribunais e paguem perante a lei.
E a cadeia é o destino ideal para esse bando de criminosos. O indiciamento recente de 37 pessoas pela Polícia Federal – incluso aí o sr. Bolsonaro – é um indicativo importante do que deverá acontecer com uma turma que optou por trair a pátria.
Não se trata de vingança ou retaliação. Trata-se de Justiça.
(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria.
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