Inovações, descobertas, conquistas e a Crise Existencial: uma reflexão de início de ano – Marionaldo Ferreira
“A busca por significado e propósito na vida tornou-se um desafio central”
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Desde sua emergência como espécie dominante no planeta, o ser humano se destacou por sua capacidade única de transformar o ambiente, resolver problemas complexos e criar inovações que moldaram o curso da história. No entanto, ao mesmo tempo em que avançamos tecnologicamente e expandimos nosso conhecimento, a humanidade enfrenta uma crise existencial profunda, marcada pela desconexão, insatisfação e perda de propósito.
Desde a revolução agrícola até a era digital, a espécie humana tem continuamente criado tecnologias que transformam a maneira como vivemos. A invenção da roda, a eletricidade e, mais recentemente, a internet são exemplos de marcos que expandiram nossas possibilidades. Exploramos o cosmos, desvendaram-se os mistérios do DNA e avançamos na medicina ao ponto de curar doenças outrora fatais. O projeto Genoma Humano e a exploração espacial são exemplos claros de como superamos os limites da compreensão.
No campo social, alcançamos progressos significativos em direitos humanos, igualdade de gênero e democracia. As artes, literatura e música também evoluíram, refletindo a profundidade e complexidade da experiência humana. Apesar desses avanços, a humanidade continua a enfrentar desafios internos que ameaçam seu bem-estar emocional e espiritual:
Em um mundo cada vez mais secularizado, a busca por significado e propósito na vida tornou-se um desafio central. Muitos se veem perdidos em uma existência marcada pelo materialismo e pela alienação. Embora a tecnologia tenha conectado pessoas ao redor do mundo, também contribuiu para o isolamento social. relações superficiais e a falta de conexão autêntica agravam sentimentos de solidão.
Nosso impacto no meio ambiente também gera uma sensação coletiva de culpa e desesperança. A crise climática é um lembrete constante de que, apesar de nossas conquistas, ainda lutamos para encontrar um equilíbrio entre progresso e sustentabilidade. O aumento de doenças como depressão e ansiedade é um sinal claro de que algo está faltando em nossa abordagem para o progresso.
Somos um paradoxo ambulante: uma espécie incrivelmente habilidosa em resolver problemas tangíveis, mas frequentemente incapaz de lidar com suas próprias questões internas. Enquanto enviamos espaçonaves a outros planetas, ainda lutamos para entender e satisfazer as necessidades mais profundas de nossa própria alma.
Para enfrentar essa crise existencial, é essencial que a humanidade olhe para dentro tanto quanto olha para fora. Promover a introspecção e o autoconhecimento pode ajudar as pessoas a encontrar significado e propósito. Reestabelecer relações autênticas e priorizar a empatia podem mitigar o isolamento social. Adotar uma abordagem equilibrada que respeite os limites do planeta enquanto buscamos avanços tecnológicos.
Uma abordagem mais holística, que une progresso material e evolução espiritual, pode fornecer uma base mais sólida para o bem-estar humano. O Homo sapiens alcançou feitos extraordinários, mas é claro que avanços externos não podem, por si só, resolver as crises internas. Enfrentar a crise existencial é, talvez, o maior desafio de nossa espécie – um ato que exige coragem, sabedoria e um profundo compromisso com o que nos torna verdadeiramente humanos.
(*) Marionaldo Ferreira é servidor aposentado da UFSM. Tecnólogo em Processos Gerenciais, Especialista em Administração e Marketing, Psicanalista em formação e tem, também, MBA em Gestão de Projetos.
‘Eu aprendi/A vida é um jogo/Cada um por si/E Deus contra todos/Você vai morrer/E não vai pro céu/É bom aprender/A vida é cruel/Homem primata/Capitalismo selvagem’. Musica dos Tantãs. ‘Eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para.’ Musica do Calunga.