Por Pedro Pereira / com informações e fotos do Almanaque dos 80 anos do Inter-SM, de Candido Otto da Luz
Nesta quinta-feira (16), completam-se 40 anos do fim da primeira e única participação do time de base do Inter de Santa Maria na Copa São Paulo de Futebol Júnior – tradicionalmente conhecida como Copinha. Naquela edição, em 1985, os guris da Baixada eram comandados por Sergio Savian e deram adeus à competição nas quartas de final após caírem para o Guarani-SP.
Na fase inicial, o Inter-SM acabou como líder do grupo G com uma vitória por 3 a 1 em cima do Atlético-MG e empates com a Portuguesa-SP e com o próprio Guarani-SP. Nas oitavas, os santa-marienses venceram o Grêmio nos pênaltis, por 4 a 2, depois do placar ter terminado em 1 a 1 no tempo normal. O plantel era composto por 18 atletas: Almir, Schitler, Jaime, Sandro Corrêa, Paulo Jader, Índio, Luis Fernando, Rogério, Saccol, Serginho, Claudinho, Coelho, Roberto, Joércio, Marinho, Gelson, Alemão e Télvio.
O treinador explica que sempre optou pela qualidade ao invés da quantidade, deixando de ter mais peças apenas para “completar grupo”. Entretanto, na Copinha, isso acarretou grandes dificuldades: ”esse era um dos sucessos do trabalho, mas pagamos por isso em São Paulo, porque é um jogo em cima do outro. Eram só times de primeira linha e muita qualidade nos elencos. Nós acabamos perdendo alguns jogadores que fizeram falta e ficamos com aquela sensação que poderíamos ter ido mais longe”.
Nas duas temporadas que antecederam 1985, o Inter-SM juvenil de Savian foi vice-campeão estadual. Com o sucesso no Rio Grande do Sul, o Alvirrubro recebeu o convite para participar da então chamada Taça São Paulo de Futebol Júnior. Assim como nos dias de hoje, “a Copinha sempre teve muita mídia, era uma projeção muito grande para os jogadores e consequentemente para o clube”, conforme destacou o técnico.
A estreia foi diante do Atlético-MG, no dia 5 de janeiro, e teve um fato que motivou a boa campanha dos santa-marienses. O treinador relembra que o jogo foi à noite e, enquanto o grupo estava concentrado no Estádio do Pacaembu, o comandante dos mineiros deu uma entrevista desdenhando dos guris da Baixada. “Ele disse: ‘olha, é uma chave difícil, a Portuguesa é uma boa equipe, o Guarani vem muito forte. Então, como isso vai se definir? Quem fizer mais gols na Inter de Santa Maria’. A gente usou isso como motivação e, quando o Atlético sentiu, já estava tomando 3×0. Realmente, isso complicou a vida dele”, relatou.
Nos três duelos na sequência, o Inter-SM teve embates equilibrados diante dos paulistas da chave e a vitória em cima do Grêmio. No reencontro com o Guarani-SP, Savian records que, aos 90 minutos, o placar estava em 1 a 1 e, por alguma razão, a decisão da vaga às semis seria definida na prorrogação, antes da disputa de pênaltis. Foi aí que a ausência de mais peças no plantel foi sentida.
“Nós já haviamos perdido a nossa dupla de zaga, com Jaime e Sandro Corrêa, por lesão. Eram dois que jogavam há muito tempo juntos e tinham um entrosamento muito bom. Dificilmente se fazia gol neles. Eles dominavam muito bem a bola aérea e eu tinha dois volantes de muita pegada, que eram o Marinho e o Índio. Ainda tinha o Schitler na lateral direita e o Paulo Jader na esquerda”, afirmou o técnico. Para a partida, diversos improvisos precisaram ser feitos e o time da cidade acabou levando um gol no período adicional: “fomos eliminados mesmo tendo sido melhores no jogo”, confessou.
Todo ano, diferentes clubes de futebol desconhecidos do público geral do esporte marcam presença na Copinha. Entretanto, o Alvirrubro nunca mais teve a oportunidade de participar. Isso, inclusive, é algo enfatizado por Savian: “o que eu mais lamento é agora, que aumentou o número de clubes participando, o Inter de Santa Maria não estar presente. É uma vitrine muito forte, muito forte mesmo”.
Na visão do treinador, as agremiações não sabem usufruir das categorias de base atualmente. “Quando vejo certas coisas que estão acontecendo no interior, eu vejo o quanto trabalham errado. Buscar 30 e poucos jogadores, muitos que já estão praticamente em fim de carreira, não dá certo. Até mesmo Grêmio e Inter. Por que estão sempre endividados? Porque trazem jogadores que vem ganhando muito pelo que fizeram no passado. Quem é que salvou o Inter de Porto Alegre agora? A venda do Gabriel Carvalho”, disse o comandante.
Em Santa Maria, tanto o Inter-SM quanto o Riograndense realizam ações envolvendo as categorias de base. Os guris da Baixada foram campeões da Série A2 sub-17 em 2023 e, em 2024, se mantiveram na primeira divisão. No ano passado, ainda, o Alvirrubro fundou uma equipe feminina sub-17 e segue com a intenção de criar um esquadrão sub-15. Já o Periquito, longe dos gramados profissionais desde 2017, desenvolve elencos desde a categoria sub-9.
Contudo, para Savian, ainda falta uma coisa: o Certificado de Clube Formador, documento emitido pela Confederação Brasileira de Futebol que garante a uma entidade esportiva o direito de pleitear indenizações pela formação de um atleta. “O Inter de Santa Maria, que tem uma base muito forte, tem que ter esse selo, porque todo jogador que sair daqui vai retornar dinheiro pra ti. O Riograndense, por exemplo, já está buscando esse selo. É um processo a ser começado. Se já tem esse início, tem que dar seguimento a esses projetos”.
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