Nada de novo no front das Relações Internacionais – por José Renato Ferraz da Silveira
Guerra da Ucrânia e as relações de Trump, Zelensky e a “geopolítica mafiosa”

Mais de 12,3 mil civis foram mortos na guerra da Ucrânia desde a invasão da Rússia há quase três anos, disse uma autoridade da ONU em uma reunião da entidade, no dia 8 de fevereiro, mencionando um aumento no número de vítimas devido ao uso de drones, mísseis de longo alcance e bombas planadoras. Em fevereiro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que 31 mil soldados ucranianos haviam sido mortos, mas estimativas baseadas na inteligência dos EUA sugerem perdas maiores.
Cerca de 10,6 milhões de pessoas ucranianas estão deslocadas. 6,8 milhões de refugiados estão no exterior. 3,7 milhões de pessoas estão deslocadas dentro do próprio país. O custo para reconstrução da Ucrânia é estimado em US$ 524 bilhões. A Rússia ocupa 20% do território ucraniano. Mais de 70 mil pessoas que lutavam nas forças militares russas já morreram na Ucrânia, de acordo com dados analisados pela BBC.
O peso da decisão
Esses aspectos pesam – além de outros pontos – na decisão de Zelenksy em aceitar ou não os impositivos termos e condições de Trump (predefinidos com Putin) para acabar com a guerra. Vale destacar que não existe acordo de fornecimento de minerais ucranianos aos Estados Unidos. Apenas um vago Fundo de Investimento, cujos termos e condições ainda precisam ser detalhados.
O lamentável encontro de Zelenksy e Trump reforça a hipótese da reportagem da The Economist em que Trump lidera a Nova Ordem Global focada em “geopolítica mafiosa”.
Ao dizer para Zelenksy que “faça um acordo ou nós estamos fora”, o diktat do presidente Donald Trump se assemelhou a icônica frase de Michael Corleone (Al Pacino) na trilogia do Poderoso Chefão: “I’ ll make you a offer you can’t refuse”.
“É um mundo no qual quem tem poder faz o que quer e que grandes potências fecham acordos e intimidam as pequenas”, diz a revista.
Cá para nós, nada de novo no front das Relações Internacionais.
Por fim, lembremos de Tucídides no famoso “Diálogo Meliano” e representa um exemplo formidável em que Atenas está impondo aos melianos a lógica da política de poder.
Por possuírem uma força militar amplamente superior, os atenienses oferecem aos melianos opções fechadas: ou submeter-se pacificamente a Atenas ou serem exterminados.
“Os fortes fazem o que têm o poder de fazer e os fracos aceitam o que têm de aceitar” (Tucídides).
https://kyivindependent.com/exclusive-the-full-text-of-the-final-us-ukraine-mineral-agreement
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cwy9pd582dgo
(*) José Renato Ferraz da Silveira, que escreve às terças-feiras no site, é professor Associado IV da Universidade Federal de Santa Maria, lotado no Departamento de Economia e Relações Internacionais. É Graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP e em História pela Ulbra. Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Colunista do Diário de Santa Maria. Participou por cinco anos do Programa Sala de Debate, da rádio CDN, do Diário de Santa Maria. Contribuições ao jornal O Globo, Sputnik Brasil, Rádio Aparecida, Jornal da Cidade, RTP Portugal. Editor chefe da Revista InterAção – Revista de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) (ISSN 2357- 7975) Qualis A-2. Editor Associado da Scientific Journal Index. Também é líder do Grupo de Teoria, Arte e Política (GTAP).
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