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Se as coisas começarem a dar erradas no governo, Trump vai culpar Musk? – por Carlos Wagner

Qual será o destino do governo do presidente Donald Trump (republicano), 78 anos? Pergunta impossível de responder por dois motivos. O primeiro é que ele assumiu o mandato no dia 20 de janeiro, portanto, há pouco mais de um mês. O segundo é que, neste curto espaço de tempo, Trump tem causando tanta confusão dentro e fora dos Estados Unidos que ninguém sabe que rumo as coisas vão tomar. Tratei do assunto no post de 4 de fevereiro Avisem a imprensa. Trump elegeu-se presidente dos Estados Unidos, e não do mundo. No meio dessa confusão toda, existem assuntos que começam a se consolidar e sobre os quais já podemos alinhavar alguns comentários sobre o que vai acontecer. Se o governo não der certo, Trump já tem o culpado, o “bode expiatório” como se dizia nos tempos das máquinas de escrever nas redações dos jornais: o bilionário Elon Musk, 53 anos, dono da rede social X e de um conglomerado de empresas de alta tecnologia. Esta vai ser a nossa conversa.

Não foi o presidente que o elegeu “bode expiatório”. Foi Musk que se cacifou para a função. Vamos aos fatos. Ele caiu na mais antiga das armadilhas da política. Deixou-se embevecer pelo poder da Casa Branca, onde é tratado como “garoto de ouro” de Trump, a quem prometeu poupar trilhões de dólares demitindo funcionários públicos e cortando programas sociais das agências do governo. A promessa lhe rendeu a nomeação para dirigir o Departamento de Eficiência Governamental (Doge). O ego do bilionário é massageado diariamente por setores da imprensa que o tratam como se fosse uma espécie de presidente não oficial do país. Musk já viveu vários momentos inéditos ao lado de Trump. Vou citar o que considero que retrata melhor a situação. Aconteceu no dia 13 de fevereiro, uma quinta-feira. Musk estava acompanhado pelo filho, chamado carinhosamente de X, cinco anos, no Salão Oval, o gabinete presidencial. O caso viralizou nas redes sociais porque o menino teria mandado o presidente calar a boca. O que acontece entre Trump e Musk, na maioria das vezes, vira manchete nos jornais. Pelo que temos publicado, podemos afirmar que o presidente americano foca a sua ação em dizer desaforos para seus colegas ao redor do mundo. E prega soluções mágicas para resolver guerras, como é o caso do conflito entre Israel e o Hamas, grupo terrorista que dirige a Faixa de Gaza, que é parte do território da Palestina. Entre outros absurdos, Trump defende, com o apoio do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, 75 anos, transformar Gaza em uma Riviera, deslocando os 2 milhões de habitantes para países vizinhos. A outra guerra é entre Rússia e Ucrânia, que já dura três anos. Durante a campanha presidencial, Trump prometeu que acabaria com o confronto dando um telefonema. Realmente, ele ligou para o seu amigo e presidente da Rússia desde 2012, Vladimir Putin, 72 anos. Organizou um encontro entre russos e americanos na Arábia Saudita para discutir o fim da guerra. Detalhe: o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não foi convidado para a reunião, assim como nenhum dos líderes dos outros países europeus. Como se não bastasse, pela redes sociais o presidente americano tem proferido desaforos contra o seu colega ucraniano.

Oque vai acontecer com estas duas guerras? Ninguém sabe. Podemos afirmar é que, junto com a expulsão de imigrantes ilegais do território americano, as guerras têm mantido Trump na capa dos jornais e revistas ao redor do mundo. Enquanto isso, Musk está fazendo o serviço sujo: cortando benefícios das agências governamentais e caçando e demitindo funcionários públicos. No fim de semana passado, ele mandou e-mails para os funcionários do governo exigindo que prestassem contas do que tinha produzido durante a última semana de trabalho. Poucos responderam e houve uma pesada chuva de críticas à iniciativa. Trump correu em socorro ao seu “garoto de ouro” e descreveu a história e-mail como uma iniciativa genial do bilionário. O fato é o seguinte: foi aprovado na Câmara o orçamento para 2025 de US$ 4,5 trilhões, que inclui um corte nos impostos de US$ 2 trilhões ao longo dos próximos 10 anos. Para fazer esse corte, o governo vai ter que tirar o dinheiro de algum lugar. É justamente este o trabalho de Musk. Uma leitura nos noticiários americanos dá conta de que os funcionários públicos estão em uma guerra aberta contra o bilionário. Se esta guerra significar a perda de popularidade para o presidente, Musk vai ter problemas, porque o apoio que recebe de Trump começará a sumir. Aqui é o seguinte. A Constituição americana impede um terceiro mandato para Trump. Portanto, o seu substituto nas eleições de 2028 poderá ser o vice, J. D. Vance, 40 anos. Mesmo que Musk seja mais popular que Vance, ele não pode concorrer a presidente porque não nasceu nos Estados Unidos. Nasceu na África do Sul e se naturalizou canadense e americano.

Para terminar a conversa. Tenho lido, ouvido e visto tudo que se tem publicado sobre o governo Trump. Tenho muitos motivos para ficar atento, entre eles as eleições presidenciais do Brasil em 2026. Qual a ligação? A técnica da construção do discurso usado pelo presidente americano durante a campanha será copiada pela extrema direita brasileira. Pela sua maneira de se comportar, Musk só tem dois destinos na administração Trump: ou sai como herói ou como culpado pelo fracasso. Mesmo tendo nascido em berço de ouro na África do Sul, como ele ia imaginar que seria um dos homens mais próximos ao presidente da maior potência econômica e militar do planeta? Claro, isso tem um preço. Ele sabe. Faz parte do jogo.

PARA LER NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.

SOBRE O AUTOR:  Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 75 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.

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3 Comentários

  1. Resumo da opera. Papinho infantil de sempre. Tudo o que Cavalão fez não presta. Tudo o que o Rato Rouco faz é certo, inclusive o côcô que, segundo alguns, cheira baunilha. Tudo o que Trump faz não presta. Opinião todos tem, mas nem todas tem significado ou valor, algumas acrescentam nada.

  2. Elon Musk é só o ‘cortador de desperdicio’. A filosofia dele, ao menos nas empresas, é ‘corte o maximo que puder; se não tiver que devolver ao menos 10% é sinal que não cortou o suficiente para começo de conversa’. Alem disto tem 350 bilhões de razões para não se preocupar.

  3. Bobajada de sempre para desancar Agente Laranja e Mush. Analisando a politica ianque como se funcionasse igual a tupiniquim. Segundo ‘Se as coisas começarem a dar erradas no governo […]’ segundo a otica de quem? Dos vermelhos, dos democratas ou da imprensa cumpanhera?

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