Por Pedro Pereira
A estreia do Santa Maria Soldiers não foi somente a estreia do time no Campeonato Gaúcho. Assim como foi a primeira vez que o ex-Porto Alegre Pumpkins, agora “soldado”, Emmanuel Cony entrou em campo desde as enchentes de maio de 2024, a vitória por 53 a 0 sobre o Gravataí Spartans foi o primeiro jogo de Maurício Faé como quarterback do “Exército”. O atleta, que passou a carreira atuando no setor defensivo, passou a liderar o ataque verde-preto, além de ter se tornado vice-presidente e head coach da equipe.
“Para mim, é tudo novo. Foram 11 anos jogando ‘do outro lado da bola”, destacou o jogador. Essa mudança dentro das quatro linhas se deu com a ausência do ídolo Douglas Rodrigues, que decidiu se afastar dos gramados em 2025 para tratar de questões de outras esferas da vida. Ele, contudo, assistindo ao duelo da arquibancada do Estádio dos Eucaliptos, garante: “ainda não me aposentei. Estou refletindo”. Faé treina na posição desde a metade da temporada passada e teve as primeiras experiências na disputa do Estadual de flag football.
Apesar da inexperiência em campo com a posição, o atleta revela que, embora tenha atuado toda a carreira na defesa, não é agora que os estudos do setor ofensivo iniciaram. “Já são mais de cinco anos que eu venho me preparando. Mesmo jogando na defesa, eu me preparo para o ataque, então venho adquirindo conhecimento. A ideia agora é pegar ritmo, entrosamento”, afirmou.
A adrenalina da estreia foi “quebrada”, conforme garante Faé. “Foi um jogo bom. O time do Spartans deu um bom desafio para a gente. Mudamos muito o mecanismo de como o nosso ataque funciona, agora temos esse setor bem diferentes do que nos últimos anos. Temos um ataque mais dinâmico, passando a bola, correndo, trabalhando com diferentes situações. É muito prazeroso. Eu amo esse esporte e jogar como quarterback é muito massa”, evidenciou o líder do ataque do Soldiers.
Visão de um ídolo
Douglas Rodrigues é multicampeão estadual pelos Soldados como quarterback. Dos oito títulos de Campeonato Gaúcho, o único que não teve o histórico jogador em campo foi o vencido no Estádio Beira-Rio, em 2016, em evento que ficou conhecido como Gigante Bowl. Para ele, a posição é complexa, mas Faé tem meio caminho andado para evoluir por conta de seu conhecimento de futebol americano, uma vez que muito do trabalho da função está direcionado à questão estratégica.
“É promissor. Eu acho que ele tem futuro porque a coisa mais difícil de ser quarterback é tu entender o jogo e o Faé conhece pra caramba o jogo. O que ele precisa desenvolver é essa sensação de estar confortável, talvez seja um pouco do medo de errar, mas isso obviamente deve melhorar. É a primeira partida dele como quarterback na carreira”, disse o agora afastado atleta.
O novo líder ofensivo do Soldiers não esconde a importância de vestir a “braçadeira” que antes era de Rodrigues, mas dá um sentido positivo para esse fardo: “tem um peso, mas é um peso bom. Eu sou amigo pessoal do Douglas, que é a pessoa que eu mais admiro no futebol americano. Ele é um dos caras mais subestimados do cenário brasileiro. Para não usar um termo ruim, talvez seja meio vergonhoso que ele nunca tenha tido uma oportunidade na Seleção Brasileira. É alguém que sabe liderar, que tem uma boa mentalidade, muita qualidade”.
O “Exército” volta aos gramados pelo Gauchão em 27 de abril para encarar o Bears, de Parobé. De olho na disputa, Faé afirma que o trabalho seguirá na mesma linha. “A gente treina muito forte. A carga de treinamento que a gente vem tendo é muito alta. A ideia é nos recuperarmos desse primeiro jogo. Temos mais dois finais de semana com treinos, além dos treinos de meio de semana, com vídeos, para chegarmos 100%”, declarou.
Bota ‘idolo’ nisto, a torcida cabe numa kombi. kuakuakuakuakuakua!