Imprensa diz que Trump é um bravateiro querendo parecer um negociador – por Carlos Wagner
“Mesmo naufragando, o tarifaço ainda está muito longe de acabar a confusão”

Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (republicano), 78 anos, adotou dois discursos para explicar o seu recuo no tarifaço das importações. O primeiro é para os seus militantes e os secretários (ministros) e demais funcionários do alto escalão do seu governo. Tem como objetivo reforçar a imagem do presidente como um negociador inflexível e cruel com os países que acusa de sugarem o dinheiro e os empregos dos americanos.
O segundo é para o mercado e os bilionários que o apoiaram e que estão tendo milhões de prejuízos com o tarifaço, em especial no caso da China, cujos produtos foram taxados em 145% e revidou tarifando as importações americanas em 125%. No primeiro governo Trump (2017 a 2021), a estratégia dos dois discursos foi usada quando tentou fazer um tarifaço e fracassou.
Ele disse ter sido boicotado pelos seus secretários, funcionários federais de carreira e até integrantes do Partido Republicano contrários a sua influência. Para evitar que se repetisse o boicote, Trump só nomeou para o seu segundo governo pessoas de sua estrita confiança que têm cumprido ao pé da letra as suas ordens.
Fato é que Trump recuou no tarifaço. Primeiro, congelou por 90 dias a aplicação das tarifas, deixado fora apenas a China por ter retaliado à taxação. Segundo, na noite de sexta-feira (11/04), decidiu retirar o imposto de 125% para a China e 10% para os outros países sobre as importações de smartphones, chips, computadores e outros eletrônicos. Como a governo chinês vai reagir na questão dos eletrônicos, vamos saber durante a semana.
A decisão de Trump beneficiou empresas como a Apple, cujos iPhones fabricados na China e vendidos nos Estados Unidos ficariam três vezes mais caros com as tarifas, e agradou os bilionários que o apoiaram nas eleições, em especial Elon Musk, 53 anos, dono do X e de outras indústrias de alta tecnologia, que ocupa o cargo de coordenador do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), criado especialmente para reduzir os gastos e o tamanho da administração federal.
Na semana passada, Musk, que é CEO da Tesla, fabricante de carros elétricos fortemente afetada pelas tarifas, chamou de imbecil Peter Navarro, 75 anos, conselheiro sênior do presidente Trump para o comércio e a manufatura. Navarro é o responsável pelo tarifaço – a história toda pode ser encontrada na internet.
A pergunta agora é a seguinte. Desta vez, o Partido Republicano, os secretários e outros funcionários de alto escalão não boicotaram Trump. Muito pelo contrário, o apoiaram e estão lutando pelo tarifaço. Claro, com exceção de Musk. Tratei do assunto no post publicado no final de semana Trump prometeu o tarifaço, os bilionários que o apoiaram não acreditaram? A quem então o presidente irá culpar pelo seu recuo para agradar os mercados e seus apoiadores donos do dinheiro?
Lembramos que o presidente americano se elegeu vendendo para a opinião pública a ideia de que a globalização da economia desindustrializou os Estados Unidos, semeando desemprego e espalhando as fábricas americanas pelo mundo em busca de mão obra mais barata. E que a solução era tarifar as importações, o que obrigaria a volta das indústrias para o país.
No primeiro governo Trump, especialistas já batiam na tecla de que o tarifaço não ia dar certo. E no atual governo continuaram batendo na mesma tecla. Entre os diversos motivos que apontam para o eventual fracasso vou citar dois que considero os mais importantes. O primeiro é que existe o consenso, inclusive entre importantes apoiadores de Trump, de que a volta das fábricas para o território americano não significará a criação do mesmo número de empregos que havia antes, porque a tecnologia avançou e substituiu boa parte dos trabalhadores nas linhas de montagem.
Segundo, as fábricas saíram dos Estados Unidos em busca da mão obra mais barata, que foi encontrada no México, Canadá, China, Vietnã e outros países da Ásia. O custo da mão de obra americana é um dos mais altos no mundo. A grande novidade enfrentada pelo tarifaço no segundo governo Trump é que os países atingidos se organizaram e retaliaram. Entre eles, os 27 membros da União Europeia (UE) e a China, o maior parceiro econômico dos americanos. Como se diz no linguajar popular, os chineses foram para briga com Trump.
O tarifaço do Trump está fazendo água. Mas mesmo naufragando ainda está muito longe de acabar a confusão que criou ao redor do mundo. Estudiosos dos mercados admitem que o tarifaço espalhou a desconfiança nos negócios em vários países. Geralmente, a desconfiança eleva a inflação. O recrudescimento da inflação vai influenciar as eleições que vão acontecer neste ano em 14 países da América Latina.
Tenho pregado que a imprensa precisa olhar com mais cuidado para a influência do tarifaço em vários segmentos da população. Por exemplo, o que está sendo comentado sobre a guerra de tarifas pelos corredores do Pentágono, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em Washington (DC), e o do Ministério da Defesa Nacional da China, em Pequim?
Os dois países são potências militares e econômicas. Muito embora o perigo de um conflito armado tenha terminado com o fim da Guerra Fria (1947 a 1991), é bom seguir o manual do bom jornalismo e ficar de olho nas conversas que estão circulando entre os altos escalões militares americanos e chineses.
Para arrematar a nossa conversa. Vou lembrar duas importantes promessas feitas por Trump que ainda não foram cumpridas. A primeira de que ia acabar em uma semana com a guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, movimento terrorista que usa a população palestina como escudo. No fim de semana, Israel destruiu o último hospital que estava operando em Gaza.
A outra promessa é que acabaria com a guerra entre Rússia e Ucrânia com um telefonema. No Domingo de Ramos (13), importante data religiosa no calendário dos ucranianos, os russos dispararam vários mísseis e mataram 32 civis na Ucrânia. A bem da verdade digo que Trump tentou. Mas falhou. Como no caso do tarifaço, que caminha a passos largos rumo ao fracasso. Mas não antes de espalhar confusão pelo mundo.
Fato é o seguinte. O espaço que conseguiu nos jornais com as questões de Gaza, Ucrânia e o tarifaço geraram um capital político importante para o presidente americano. A imprensa está mostrando que Trump está mais para um bravateiro do que para um negociador inflexível e cruel, como quer fazer parecer.
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(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.
SOBRE O AUTOR: Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 75 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.
Resumo da opera. Cortina de fumaça tem prazo para durar. Existe um pessoal da aldeia que deseja ‘mudar o mundo’. Fornecimento de agua é o que a Corsan tem para oferecer. Esgoto em Camobi é coisa da Globo. Elefante Branco do Cabidão da Vale Machado continua inacabado. Como o Centro de Eventos e a Casa de cultura. E la nave vá.
Vermelhos por aqui, cortina de fumaça, já criaram espantalhos. ‘Pesquisas importantes’. ‘Liberdade de cátedra’. Papel de vitima como costume. Fato é que Harvard perdeu o posto de ‘melhor do mundo’ para Oxford já faz algum tempo. Pessoal de Harvard já está tendo mais dificuldades para encontrar emprego também. Empregar ‘criadores de caso’ é algo que ninguém quer. Oxford já se tornou ‘woke’ também, em breve começa a cair nos rankings.
Continuação da carta. Reformas de programas com registro de antissemitismo e outros vieses (basicamente humanas, não vai ‘prejudicar a economia americana’ como dizem alguns imbecis). Informar quais membros do corpo docente discriminaram alunos judeus ou cidadãos de Israel. Descontinuidade do DEI. Reforma dos procedimentos disciplinares dos alunos e responsabilização (incluindo a colocação de obstaculos para que determinadas pessoas falem na instituição, os não-vermelhos, obvio). Proibição de manifestantes mascarados. Proteção dos ‘whistleblowers’. Transparencia na monitoração das mudanças.
Quase um ‘em tempo’, mas ainda no mesmo contexto. Carta enviada para Harvard. O que o governo Agente Laranja solicitiu. Carta disponivel online. Melhoria na governança, linhas claras de autoridade e responsabilidade. Contratações com base no mérito e não no DEI (diversidade, equidade e inclusão). Mudança nas admissões do corpo discente, verificar quem apoia organizações terroristas e é antissemita. Diversidades de ponto de vista nas contratações e admissões, não contratar professores e admitir somente vermelhos.
‘A imprensa está mostrando que […]’. Mas o numero de trouxas que acredita nela diminui a cada dia.
‘A outra promessa é que acabaria com a guerra entre Rússia e Ucrânia com um telefonema.’ Putin não aceitou. Aparentemente está ganhando, por que faria concessões?
‘[…] ia acabar em uma semana com a guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, […]’. Acreditou quem quis. Conflito está perto de fazer 80 anos.
‘[…] ficar de olho nas conversas que estão circulando entre os altos escalões militares americanos e chineses.’ Que não são divulgadas normalmente. No maximo boatos.
‘ O recrudescimento da inflação vai influenciar as eleições […]’. Agente Laranja bode expiatorio. Inflação já existia antes do tarifaço. Sem ‘desconfiança’. Ovo e gripe aviária nos EUA. Café e azeite de oliva, safras ruins. Cacau idem. Oferta.
‘Geralmente, a desconfiança eleva a inflação.’ Desconfiança mexe na bolsa de valores. Inflação é impressão de dinheiro, oferta, demanda.
‘O tarifaço do Trump está fazendo água.’ Opinião altamente abalizada. Deve ser os conflitos agrarios na decada de 70.
Bloomberg, ontem. Jens Eskelund, presidente da Camera de Comercio Comunidade Europeia-China. ‘Estamos hoje numa situação onde a China necessita realmente repensar a maneira como interage com o mundo’. ‘A politica industrial tem que mudar’.
Espanha quer negocio com os chineses é verdade.
Imprensa canhestra fala que ‘China e Comunidade Europeia se unirão contra Trump’. Em janeiro deste ano a DW noticiou que a China, citando um estudo, acusou a CE de ‘injustas barreiras ao comercio e investimentos’. Euronews no mesmo mês reclamou na OMC a respeito de royalties e patentes no setor de telecomunicações (pirataria obvio).
União Europeia é um dos mercados mais protegidos do planeta. Um dos motivos do Brexit.
‘[…] as fábricas saíram dos Estados Unidos em busca da mão obra mais barata,[…]’. Outra bobagem. Quando estava acontecendo saiu uma entrevista no Financial Times, isto decadas atras. Conhecido empresario disse ‘se fosse só a mão de obra barata transferiríamos as fabricas para o Reino Unido, a mão de obra é 30% mais barata e todos falam ingles’. Fabricas, assim como estoques, fazem parte de uma coisa chamada ‘cadeia de suprimento’ (famoso supply chain). Coisa que os tabacudos que falam no desenvolvimento de SM desconhecem. Se os fornecedores mudam todos para a China faz sentido ter uma fabrica la. Além do mercado que ‘seria grande’.
‘[…] de que a volta das fábricas para o território americano não significará a criação do mesmo número de empregos que havia antes, porque a tecnologia avançou e substituiu boa parte dos trabalhadores nas linhas de montagem.’ Logo o negócio é deixar os poucos empregos na China?
‘O primeiro é que existe o consenso,[…]’. Isto é atochada. Todos os apoiadores foram consultados? Não.
‘[…] se elegeu vendendo para a opinião pública a ideia de que a globalização da economia desindustrializou os Estados Unidos, semeando desemprego e espalhando as fábricas americanas pelo mundo em busca de mão obra mais barata.’ Não é ideia, é fato. Aconteceu com o Reino Unido, com a França, etc. https://www.youtube.com/watch?v=Ok42Ge0ZBb0
A briga ao final e ao cabo é entre China e EUA. O resto é mais ou menos secundário. Tarifaço é só uma parte do problema. China proibiu suas empresas aereas de receber aviões e até peças de manutenção da Boeing. Que já não andava bem das pernas. Uma politica que começou a ser estudada durante o governo Slow Joe começa a ter efeitos. Multas para navios transportadores de containers. Justificativa? Industria naval chinesa fazendo dumping.
Quem cravar o que vai sair do tarifaço é chutador ou mentiroso. Simples assim. Inclusive é perda de tempo prestar atenção na cortina de fumaça preferida dos vermelhos. Era zero, foi para 20%, depois recuou para 10%. Além das inumeras negociações bilaterais.
‘Imprensa diz que {…]’. Imprensa diz muita coisa, erra muito e mente muito. Incluindo os WW da vida na CNN. Não é pecado as pessoas terem opiniões diferentes sobre diversos assuntos. Porém mentir sobre os fatos, tentar fazer audiencia de trouxa é outra conversa.