Securitização já: um clamor justo do campo gaúcho – por Luís Henrique Kittel
“Está em jogo não apenas a renda de uma categoria, mas o futuro do Estado”

Nas últimas semanas, o Rio Grande do Sul tem presenciado uma série de mobilizações de agricultores. Homens e mulheres que, diante da exaustão emocional e financeira, decidiram deixar suas propriedades e ocupar rodovias para chamar atenção à gravidade da situação que enfrentam. E o alerta é claro: o campo está pedindo socorro.
Os produtores rurais acumulam perdas sucessivas provocadas por uma sequência de desastres climáticos que atingem o Estado desde 2020. Conforme levantamento da Famurs, foram mais de 3 mil decretos municipais de situação de emergência ou calamidade pública reconhecidos pela União apenas nesse período – um número que comprova a dimensão do impacto enfrentado pelas comunidades do interior.
A produção caiu, as dívidas aumentaram, e a capacidade de continuar investindo no plantio e na criação está em risco. É nesse contexto que se torna ainda mais urgente discutir e implementar a securitização das dívidas do agro gaúcho.
Ainda que alguns “inimigos do agro” tentem distorcer, é preciso deixar claro: a securitização não é perdão de dívida. É uma forma técnica, responsável e já adotada em outros momentos da nossa história. Permite reestruturar os débitos do setor, transformando-os em títulos com condições mais justas de pagamento. É dar tempo e fôlego para que os produtores possam continuar produzindo sem colapsar financeiramente.
Trata-se, portanto, de uma medida justa, viável e – mais do que nunca – necessária ao país. Uma resposta concreta para evitar o colapso de milhares de propriedades, o comprometimento das próximas safras, a possível escassez de alimentos, a alta de preços e uma nova onda de retração econômica nas regiões produtoras.
Os impactos da crise não ficam restritos ao campo. Atingem o comércio, os serviços e a vida urbana. Afetam todos nós.
Como prefeito de um município com forte vocação agrícola, manifesto minha solidariedade e apoio aos agricultores que lutam por dignidade e por condições justas para continuar produzindo. Mas, como gaúcho e brasileiro, reforço: o que está em jogo não é apenas a renda de uma categoria, mas o futuro do nosso Estado.
Securitizar as dívidas do agro é dar uma chance real para o Rio Grande continuar de pé.
(*) Luís Henrique Kittel, 39 anos, é jornalista formado pela então Unifra, atual UFN). É prefeito reeleito do município de Agudo (o único do PL na região), foi vice-presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia e atualmente é vice-presidente da Associação dos Municípios da Região Central (AM Centro). Ele escreve no site às quintas-feiras.
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