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As redes sociais estão morrendo? A teoria da internet morta e o colapso da autenticidade on line – por Marcelo Arigony

E então uma ‘parcela enorme do tráfego da internet já não é feita por pessoas’

Volta e meia aparece alguém dizendo que a internet morreu. Que o que a gente vê hoje é só uma carcaça digital, lotada de bots, algoritmos e perfis programados. Eu entendo o exagero. Mas, honestamente? Não acho que a internet tenha morrido. Agora… se a gente falar das redes sociais, aí o papo muda. Porque elas, sim, estão adoecendo — e rápido.

A internet não morreu… mas as redes sociais estão morrendo?

Estudos recentes apontam que uma parcela enorme do tráfego da internet já não é feita por pessoas. Curtidas, comentários, visualizações… boa parte disso é automatizada. O que era pra ser espaço de convivência virou vitrine. E a gente, aos poucos, foi percebendo isso. O feed está cheio, mas pouca coisa realmente importa. Tudo parece muito, mas significa pouco.

A lógica que comanda as redes prioriza a reação fácil, o conteúdo rápido, a dopamina instantânea. Isso empobrece as conversas, afasta quem pensa com mais calma e desgasta quem ainda tenta se expressar de verdade. Não é que as pessoas tenham ido embora – mas muitas estão repensando se ainda vale a pena participar do jogo.

Você ainda está aqui?

Pode parecer provocação, mas é só uma pergunta honesta: quem ainda está aqui, de verdade? Quem publica com intenção? Quem consome com atenção? Quem não foi engolido pelo ruído?

Aos poucos, o que se nota é uma espécie de cansaço do outro lado – no público, no consumidor, no olhar de quem recebe. Porque do lado de quem produz, o ritmo não para. Pelo contrário: cresce. Tem mais gente automatizando, agendando, postando em escala, seguindo fórmulas de engajamento. O que está em crise não é a produção, é a atenção. É a qualidade da entrega. É a sensação de que, mesmo com tanto conteúdo circulando, pouca coisa realmente chega. Pouca coisa toca. Pouca coisa permanece.

Por outro lado, também há sinais de reconstrução. Grupos menores, comunidades mais fechadas, perfis que trocam a exposição pela constância. Existe, sim, um esforço para resgatar o que havia de mais humano na rede. Ainda tem espaço pra troca honesta, pra reflexão e pra presença real. E talvez seja justamente aí que esteja o futuro da internet.

A internet não morreu. Mas o modelo das redes sociais está pedindo outro rumo. A tecnologia segue aqui. O que falta – e faz falta – é mais gente de verdade ocupando o espaço.

(*) Marcelo Arigony é Advogado, ex-Delegado da Polícia Civil e Diretor da ULBRA Santa Maria. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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8 Comentários

  1. Resumo da opera. Padrão santamariense, não resolvem os problemas da urb mesmo debatendo ad infinitum, mas querem resolver os problemas da humanidade. Esta na Biblia: ‘Medice, cura te ipsum’.

  2. ‘Ainda tem espaço pra troca honesta, pra reflexão e pra presença real. E talvez seja justamente aí que esteja o futuro da internet.’ Sim, voltar a organizar ‘saraus culturais’ como faz o Barroso. Toda chance disto acontecer.

  3. ‘ Existe, sim, um esforço para resgatar o que havia de mais humano na rede.’ Não podia faltar a vermelhice abilolada.

  4. ‘O que está em crise não é a produção, é a atenção. É a qualidade da entrega.’ Uma banda no Spotify, criada por AI, tem perto de 500 mil ouvintes mes. Velvet Sundown. Busilis é afirmar que ‘tudo é ruim’ sem ter noção de tudo o que está acontecendo.

  5. ‘Quem publica com intenção? Quem consome com atenção? Quem não foi engolido pelo ruído?’ Juizo de valor. Cada pessoa pode achar sua tribo e utiliza como quiser. Bolhas. Redações viraram bolhas. Pessoal do juridico vive numa bolha. Acham que ler reportagens ‘especializadas’ esgota algum assunto. Não sabem que o que não sabem e não estão cientes disto.

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