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ANÁLISE. Como Pozzobom virou um resultado que, dez dias antes, desanimava inclusive seus apoiadores

O Pozzobom que foi às urnas dominicais era o mesmo que havia sumido até 10 dias antes, quando retomou o discurso (foto Reprodução)
O Pozzobom que foi às urnas dominicais era o mesmo que havia sumido até 10 dias antes, quando retomou o discurso (foto Reprodução)

O resultado final, que deu a vitória a Jorge Pozzobom (e Sérgio Cechin) por escassos 226 votos, como você confere lá no final desta nota, tem um punhado de explicações. Mas é interessante observar, e, quem sabe excetuando os muito próximos do prefeito eleito, que 10 dias antes havia um desânimo óbvio.

Se percebia no conjunto principal de apoiadores do tucano e do pepista, uma, no mínimo, grande preocupação com os rumos da campanha. Porque se instalava, no inconsciente coletivo (e os cientistas políticos costumam apelidar essa sensação de “onda”) a ideia clara de que Valdeci Oliveira havia suplantado os adversários na preferência do eleitorado.

Dito isto, e acreditando, nem que seja apenas para sustentar a análise, que era verdadeira essa circunstância, o que teria determinado a mudança da “onda”, a ponto de somente no dia da eleição, que é o que conta, o resultado tenha sido favorável a Jorge Pozzobom?

Há um conjunto de fatos que podem sustentar a “virada”. A ampliação da militância é um deles. O engajamento mais efetivo de apoiadores de outras siglas, que até ali deram apenas declarações, mas pouco faziam de atividades de campanha propriamente dita. São dois fatos. Mas há um elemento que parece fundamental para a vitória tucano-pepista.

Qual? A retomada do discurso de Jorge Pozzobom. Retocado para a campanha, em alguns momentos, a muitos pareceu que aquele não era o vereador, deputado e político em geral entusiasmado nas suas posições e que era marcadamente antipetista. Ao ponto de, ao tempo do ex-governador do Estado, sempre a citá-lo como “Tarso, do PT” – a marcar nitidamente a diferença. Bueno, nos últimos dias de campanha, esse Pozzobom voltou. E se referia continuadamente ao amigo dele e colega da Assembleia, como “Valdeci, do PT”. Bobagem? Nada disso. Era o tucano antigo retomando o caminho.

Há quem diga, e não está errado, que esse tipo de discurso não soma, estrategicamente. Afinal, Pozzobom governará para “os petistas” também. No entanto, isso se verificou claramente nos dias derradeiros da campanha, a “nova” linguagem lhe fez trazer de volta eleitores que havia perdido e que se encaminhavam para anular ou branquear o voto.

Está certo? Talvez não. Mas o mais provável é que sim. Foi essa retomada do “velho” Pozzobom que permitiu a vitória. Escassa, dirão alguns, corretamente. Mas legítima. E sempre uma vitória.

O RESULTADO

Conforme apuração oficial, do Tribunal Superior Eleitoral, os resultados do pleito de Santa Maria, consolidados 100 % dos votos apurados em 600 urnas, Jorge Pozzobom (PSDB) fez 73.003 votos (50,08% dos válidos). Seu adversário, Valdeci Oliveira (PT), obteve 72.777 (49,92%). Os votos brancos foram 5.470 (3,46 % dos votos totais) e os nulos 6.731 (4,26%). Abstenção: 45.062 eleitores (22,19%).

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4 Comentários

  1. PT teve acertos na campanha e os Tucancos demoraram a reagir.
    Campanha petista usou o “vote na pessoa”, “Valdeci é honesto”, quer dizer combateram a rejeição, descolaram do partido. Atacaram a campanha adversária: renovar não dar cara nova ao antigo, o que vale é a mudança (era fácil contrapor, nem toda mudança é para melhor). Usaram a “experiência” do candidato como “vantagem”, Tucanos usaram pouco o Cechin.
    Com a devida vênia, foi sorte e não foi sorte. Se lembro bem, na eleição para deputado estadual Pozzobom já tinha tido vantagem sobre Valdeci na votação em Santa Maria. A diferença era pequena, mas existiu, não lembro os números.

  2. Pozzobom

    – Crie uma forma de o cidadão se sentir bem com a sua cidade. Estamos com sérios problemas de descaso com a coisa pública, a privada, com o sossego público. Precisamos de fiscalização, multas, confisco de bens (aparelhos de som), penas, fazendo funcionar um setor de atendimento 24 horas para atender problemas de perturbação de sossego com som alto e baderna nas ruas e nas residências. Nem todo prédio tem síndico. Pichação. É incrível como uma minoria de pessoas tornam a cidade insuportável, sujando-a, pichando-a (voltaram fiasdasp. a picharem algumas ruas nesses dias), fazendo das vias públicas o que não fazem dentro das suas casas. Quando qualquer um pode fazer o que quiser no meio público ou colocando som alto dentro das suas casas, sem respeito ao outro, ao sossego do outro, a qualquer hora do dia e o gestor público não faz nada, o cidadão de bem sofre estresse e a cidade vira uma zona. Estudantes marmanjos adultos, na ponta do Calçadão, quase todas as semanas, fazem baderna para venderem os seus ingressos das festas, chega a ser ridículo. E ninguém faz nada. É um exemplo da anarquia que impera nessa cidade, parece terra de ninguém. Precisa haver uma autoridade para colocar limites e civilizar essas pessoas. A Brigada, pobre, não atende porque é “problema menor” e nunca tem viaturas para isso. Algum tempo atrás a guarda municipal fazia um bom trabalho no Calçadão nessa fiscalização e resolvia, mas “sumiu”. Até as lojas, no seu interior, têm som de intensidade insuportável. Como os funcionários podem trabalhar com qualidade? A fiscalização agia e funcionava. Aliás, o código de posturas bem diz dos limites humanos suportáveis de som, de dia e de noite. Temos a lei, basta o gestor público dar suporte a ela. São pequenas ações, de caráter resolutivo e não custosas, que fariam a cidade melhor para se morar e se conviver, por causa da ação correta do gestor público. É importante o gestor voltar fazer a cidade boa para o cidadão de bem, que precisa de sossego, não uma cidade livre para a anarquia de alguns. Mire-se no exemplo do atendimento de pequenas ações do poder público implantadas pelo Giuliani, ex-prefeito de Nova Iorque. 24 horas por dia. Lá funcionou.

    – Gestão de resíduos sólidos. É inadmissível uma cidade de 300 mil habitantes colocar o lixo seco junto ao lixo orgânico, ainda. Esse é um investimento que precisa entrar no orçamento ainda na sua gestão.

    – Corsan. Vamos falar dessa novela “Vale a Pena Ver de Novo”? Infelizmente, não valeria, mas sei que não tem volta, mas por favor, se você vai querer obrigar-nos a abraçar esse paquiderme lento com gestor em outra esfera política por mais 15 ou 20 anos, que seja feito um novo contrato com “conversa de gente grande”. Diga que acabou a mamata. A primeira coisa: contrate especialistas para fazer um real levantamento do que vale o que a Corsan diz que vale e um outro real levantamento das carências em termos de água e esgoto em Santa Maria. Pode demorar, mas antes um levantamento realista e bem detalhado do que a sempre preguiça brasileira de fazer tudo nas coxas, que custa caro. Desses dois levantamentos faça os especialistas definirem metas realistas de expansão e de qualidade, também no atendimento. Defina uma tarifa realista para quem pode pagar, e assim fazer a Corsan rentável para que possa manter a qualidade e a expansão. Defina multas pesadas caso o não cumprimento das metas. Será doído, mas coloque também cláusulas de rescisão caso o gestor da Corsan não quiser colaborar com o planejado, já que gestão é sempre política e o governador da hora pode não querer investir aqui. Sabe como é, gentalha no poder para atrapalhar e até rasgar o contrato tem em todo lugar e hora. E principalmente obrigue a Corsan a investir na expansão com recursos dela mesma, assim como uma empresa privada faria se você abrisse licitação pública para o serviço. Chega de dar moleza para empresas com gestão pública que funcionam politicamente, elas precisam agir como uma empresa privada, com metas e pesadas multas caso não as cumprir. Isso se chama “conversa de gente grande”, pois diminui a influência política do “dono”da gestão da Corsan da hora. Faça tudo isso antes de apertar as mãos e selar o contrato. Não vá entregar de lambuja um contrato de 20 anos para apenas manter a continuidade do marasmo que está aí, onde a Corsan não estava sendo cobrada das expansões, apenas “tocava o barco”.

    E boa sorte para todos nós.

  3. Pozzobom, agora alguns apelos. Alguns, os que me veem à cabeça. Não sou beija-mão, não quero cargo, não me coliguei a você, sou um mero cidadão que gosta dessa cidade, e por isso permita-me dizer-lhe que tem algumas coisas absurdas acontecendo na cidade e outras para acontecer, na seara da gestão da prefeitura. Agora é uma boa hora de conversar sobre essas coisas.

    – Leia o que escrevi sobre as contas públicas em outros comentários. É muito importante acertá-las. Cortar despesas. Pagar dívidas. Priorize pagar o que deve, pois isso ameniza os juros, que consomem mais recursos cada vez mais escassos. Aumentar receitas. Faça o “feijão com arroz” antes de sair gastando com qualquer coisa. Esse é o principal apelo: acerto das contas públicas. Seja realista, não populista. Faça uma auditoria detalhada em cada secretaria, principalmente nas finanças, mas para isso precisará de especialistas. Não cumpra promessas vãs se precisar endividar mais Santa Maria. Chega de despesas que só dão votos e inviabilizam cada vez mais a gestão das cidades. A crise tem de gerar decisões realistas de impacto e resolutivas, doa a quem doer, senão vamos virar uma Venezuela logo logo.

    – Não seja partidário. Pegue os melhores profissionais especializados para as secretarias que você puder contar. Não faça das suas secretarias penduricalhos de partidários que não sabem patavina do que iriam gerenciar. Dê um chute nos coligados não especializados, no bom sentido. Hoje vai começar o choro pela divisão das secretarias. Ok, chorar não paga imposto, mas pense primeiro em Santa Maria. Pense em especialistas. Se alguns dos coligados são, ok, mas se não estudaram, azar o deles. Os especialistas estudaram, sabem os conceitos, sabem o que precisa ser feito (isso pressupõe não uso de ideologias). É preciso eficiência, não política, sempre ignorante de como as coisas funcionam. E mais. Enxugue. Acabe com os feriadões na prefeitura. Aloque um ombudsman para ser lotado na prefeitura para ser referência de contato direto com a sociedade, recebendo reclamações e sugestões para você perceber onde, pontualmente, os serviços da prefeitura precisam melhorar. Isso é eficiente.

    – Não seja populista, seja realista. Não compre o prédio onde funcionava a Kiss. Não podemos ser emotivos nessa hora. É jogar dinheiro fora. Seja sensato. Dinheiro público é cada vez mais raro, vale cada centavo. Seria mais um elefante branco que correria grande risco de sofrer “vai e vem” de anos e anos de apelações judiciárias dos vários lados. Se houver pressão dos insensatos para a compra, peça a eles ajudarem e se virarem para pagar a conta. Os populistas adoram gastar com paquidermes, mas pagar a conta, eles não querem.

  4. Boa análise, Claudemir, mas tenho um certo “desvio padrão” da sua, permita-me expô-la. E também já é um recado para o Pozzobom.

    Pozzobom. É importante que você caia na real. Você ganhou por um milagre e no detalhe. O que ajudou foi a desgraça do PT. Lembre-se disso. Sim, você foi incansável na busca de votos e tem mérito também, mas tem gente que não gosta de você e votou em você porque estava “por aqui” com a crise e a anarquia que o PT fez no país. Agora ficou claro que aqui também essa lógica prevaleceu. Digo isso para lhe deixar concentrado no que vem pela frente, com humildade. Vai precisar mostrar a que veio.

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