POLÍTICA. Pedetistas tentam o impossível: descolar a posição da agremiação da prática cotidiana de sua edil

O repórter não faz juizo de mérito. Apenas relata. As direções estadual e municipal do PDT, falando oficialmente, tentam descolar a sua própria posição, daquela demonstrada pela vereadora Luci Duartes, de Santa Maria.

Ao longo de seu ano e pouco de mandato, a parlamentar se coloca sempre a favor do governo. Imagina-se que isso tenha a ver com os cinco militantes filiados ao PDT que estão entre os Cargos de Confiança da Prefeitura, inclusive no primeiro escalão. E só imagina-se.

É da política e não há crítica a fazer – desde que se assuma isso. Mas o pedetismo, oficialmente, não se coloca como apoiador da gestão de Jorge Pozzobom e Sérgio Cechin, embora devesse – pela óbvia participação que tem e respaldada, em todas as votações, pela professora edil do partido. Que, registre-se, não esquece, em suas manifestações, do mandato: “não quero ser melhor que o outro quero ser melhor para o outro”. A frase (assim mesmo, sem virgule) é invariavelmente seguida da expressão #tamojuntosempre.

O caso, aqui, é a assinatura da parlamentar à moção antiPT e repudiando a vinda do ex-presidente Lula à cidade, junto aos governistas que apoia desde janeiro de 2017 e protocolada pelo vereador Admar Pozzobom, do PSDB.

Luci Duartes, acossada pelas críticas da oposição, alinhou-se, como tem sido normal (e é da política, nunca é demais repetir) aos governistas, mesmo que a posição sobre Lula seja diferente, em todas (?) as instâncias de decisão do PDT.

Tá, e qual a reação dos dirigentes? Que, por sinal, poderiam perfeitamente concordar com a vereadora e, assim, dividir riscos e dividendos. No entanto…

Olha só o que disse ao repórter do site, Maiquel Rosauro, o presidente estadual do PDT, Pompeo de Mattos: “liguei para a vereadora para ter conhecimento sobre o assunto e ponderei que esta briga não é uma briga do PDT. No entanto Luci é minha parceira, minha amiga e sem sombra de dúvidas uma das melhores vereadoras do parlamento santa-mariense e tem autonomia para tomar sua decisão” (AQUI, para saber mais)

E o que disse ao site, aqui mais perto, o presidente municipal da sigla, Marcelo Bisogno: “por esse motivo enfatizado muito cristalinamente por parte da nossa vereadora de ter uma opinião pessoal, quero aqui deixar bem clara essa questão. O PDT de Santa Maria não realizou nenhuma reunião ou discussão sobre esse tema. Temos trabalhado de forma conjunta e unida por nossa Santa Maria, prova disso, são as emendas parlamentares junto a nossa bancada em Brasília” (AQUI, para ver a íntegra)

Bueno.

Parece evidente e óbvio que a opinião da vereadora, inclusive o voto, foi pessoal e não partidário. E, se em casos ditos cruciais e importantes como esse, ela age por conta própria, o fará sempre. E está liberada por seus dirigentes, que “não discutiram” o assunto, e assim será em questões supostamente menores.

É assim que funciona no PDT. Está a mercê de sua parlamentar. Resumo óbvio: o partido é da vereadora. Mas a vereadora não é do partido. Ou não dá pelota para ele, que não cobra nada. É um jeito de fazer política. Estranho, diferente. E que está dando certo. Aparentemente.

OPINIÃO CLAUDEMIRIANA: criticavam Leonel Brizola, que criou o partido, de ser, no mínimo, centralizador. Mas era uma época em que o PDT tinha posição una. Não parece ser o caso. Em todo caso, todos usam o nome de Brizola para qualquer coisa. Inclusive apoiar algo que talvez ele não chancelasse. Talvez.