CRÔNICA. Orlando Fonseca, meninos nas cavernas tailandesas e mistérios que a vida humana comporta
“…Foi exatamente o que pensei ao acompanhar atento, pelos noticiários, a operação que mobilizou o mundo inteiro, para salvar os integrantes de um time juvenil de futebol e o seu – pouco precavido – treinador. Não sabemos o tamanho da disposição que o ser humano tem para salvar uma vida, que dizer de 13. Uma corrente de solidariedade se formou, tão de imediato como a chuva torrencial que inundou o lugar em que passeava aquele grupo de tailandeses. Não apenas com recursos materiais de salvamento, mas também de força espiritual, que a todos os apelos numa hora grave como essa é bom recorrer.
Sem ter em consideração que é pouco recomendável que se faça uma excursão dessas, em um período sabidamente de chuvas na região (as monções asiáticas), a comoção foi…”
CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “Alegorias da caverna”, de Orlando Fonseca. Orlando é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura, PUC-RS, e Mestre em Literatura Brasileira, UFSM. Exerceu os cargos de Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e de Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados, foi cronista dos Jornais A Razão e Diário de Santa Maria. Tem vários prêmios literários, destaque para o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia, WS Editor; também finalista no Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo mesmo livro, em 2002.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta nota é uma reprodução da internet.
Alguma referencias.
https://oglobo.globo.com/economia/eua-europa-dao-visto-especial-investidores-que-depois-podem-ganhar-nacionalidade-13711837
https://www.reuters.com/article/us-germany-crime/iraqi-migrant-suspected-in-rape-and-murder-of-german-girl-idUSKCN1J3273
https://en.wikipedia.org/wiki/New_Year%27s_Eve_sexual_assaults_in_Germany
Aristocles, cujo apelido era Platão, está na raiz de muitos problemas brasileiros. Grosso modo dizia que o mundo real era o das idéias e o que chamamos de realidade não passaria de sombras dos ‘arquétipos’. Saberíamos, por exemplo, o que é um cavalo pelo ‘grau de cavalice’ que ele apresenta, pelo tanto que ele se aproxima da idéia de cavalo.
Não é raro ouvir ‘o SUS é o melhor sistema do mundo’, só no papel. Ou um causídico falar ‘temos a legislação mais avançada do mundo em tal assunto’, mas o país está como está.
Na realidade há que se tirar a cabeça das nuvens, encarar o país como ele é e ver o que se pode fazer com os recursos disponíveis. Planos mirabolantes para atingir a perfeição, balas de prata, geralmente dão em nada, ou pior, dão em desastre.
Formação avançada em determinada área também rende visto, ciência da computação, engenharias, medicina. Ou seja, não é tudo xenofobia (há uma parcela de ignorância), é escolher quem entra no país com soluções, não problemas.
Xenofobia é outra desqualificação. Imigrantes ilegais causam problemas (estupro, homicídios, roubo a cargas, etc; não são ‘invenções da extrema direita’), querem negar isto. Estado do bem estar social está pela unha na Europa, problemas econômicos. Despesas a mais não ajudam. Formaram-se guetos de etnias que não têm compromisso com o projeto europeu, praticam regras religiosas da mesma maneira que no país de origem.
Por outro lado o governo italiano dá cidadania a quem investir em pequenas cidades que estão sendo abandonadas e criar empregos. Existe algo parecido em outros países, investimentos dão cidadania em Malta, na Espanha, Irlanda, etc. Nos EUA um investimento de um milhão de dólares rende um visto de permanência, 500 mil são suficientes se for numa área onde o desemprego é alto.
Guerras ideológicas são gênero, temos algumas da espécie religiosa. Não notou só quem acha que tudo é de fundo econômico.
Preconceito às vezes é preconceito, outras é uma maneira de desqualificar as idéias e valores alheios. Uma espécie de ‘colonização’ utilizando ferramentas ‘morais’. O que leva ao conflito. Ou seja, geralmente há um problema e graças aos idealistas acabamos com mais problemas porque as soluções apresentadas são inviáveis ou já foram tentadas sem sucesso.
Futuro da humanidade não passa nem pelas crianças imigrante ilegais e nem pelos jovens presos na caverna. Alás, historicamente o número de óbitos nas faixas etárias citadas diminuiu. Alás, também existe guerra civil na África e no Iêmen. Também ninguém comenta.
‘Não se perca uma vida’ é utopia. Nem todos irão se salvar e ter uma vida digna. Nunca aconteceu na história humana e não está no horizonte. Até mesmo nos ditos ‘socialismos reais’, totalitarismo sofre deste problema, os dissidentes serão afastados ou eliminados.
Boas risadas não faltam.
Monções são ventos. Em determinada época do ano sopram do mar para o continente e causam precipitação. Noutra sopram no sentido contrário e causam seca. Óbvio que é uma generalização e variações ocorrem dependendo do lugar.
Mídia não manipula, imigrantes não vende, virou rotina, garotos presos numa caverna é novidade. Falar nisto, e os mineiros que ficaram presos na mina chilena, o que será que é feito deles?