KISS. Familiares das vítimas buscam apoio para falar com Raquel Dodge, a Procuradora Geral da República
Por PEDRO CALVI, da Agência Câmara de Notícias, com imagem de Reprodução
Duzentos e quarenta e dois mortos e seiscentos feridos. A maioria jovem. Todos estavam numa festa que reunia estudantes de seis cursos universitários e técnicos da Universidade Federal de Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul. Durante um dos shows programados, um músico acionou um sinalizador de uso externo. As faíscas atingiram o teto da boate e incendiaram a espuma do isolamento acústico. Não havia proteção contra o fogo. A maioria dos estudantes correu para os banheiros pensando que tinha saída de emergência. Não tinha. Na porta principal, os seguranças exigiam as comandas pagas para os jovens saírem. Em três minutos a fumaça se espalhou por todo o lugar com gases tóxicos e fatais, como cianeto e monóxido de carbono. Foi na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013.
Passaram mais de cinco anos e 28 pessoas foram apontadas como responsáveis pelas mortes. Dessas, quatro foram consideradas culpadas pelo Ministério Público do estado e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu, em dezembro de 2017, que elas não vão à júri popular. Essa decisão pode ser revertida no Superior Tribunal de Justiça (STJ), se o MPRS recorrer. Caso contrário, o caso vai ser julgado por um juiz criminal em Santa Maria, sem jurados.
As famílias das vítimas pediram agilidade à Justiça. Alguns pais acabaram processados pelo Ministério Público gaúcho por desrespeito com autoridades. Eles escreveram artigos em jornais criticando o andamento das investigações. Em julho deste ano, os últimos 2 pais processados foram absolvidos pelo juiz por falta de fundamento.
Federalização do caso
Agora, a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), que representa 3.500 pais e irmãos das vítimas e sobreviventes, pede apoio da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) para uma audiência com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Eles entraram com um processo na Justiça pedindo a federalização do caso.
A CDHM já enviou à PGR dois ofícios para Raquel Dodge pedindo que audiência com as famílias das vítimas e sobreviventes seja realizada. O último, reiterando a solicitação, foi há duas semanas.
A Associação também enviou uma petição à Corte Interamericana de Direitos Humanos em janeiro de 2017, e já houve uma primeira audiência.
Para a Associação, existem irregularidades no processo que tramita na justiça gaúcha.
“Uma delas foi o arquivamento dos processos de servidores públicos da prefeitura. O promotor responsável pelo caso, sem saber que estava sendo gravado, disse a um pai em junho de 2013, cinco meses depois da tragédia, que tinha certeza das mutretas entre um proprietário da boate e servidores da prefeitura. Três meses depois pediu o arquivamento dos processos dos entes públicos que foram apontados pela Policia Civil”, pontua Sergio da Silva, presidente da AVTSM e que perdeu o filho de 20 anos no incêndio.
A Associação afirma ainda que tem enfrentado corporativismo, protecionismo e tentativas de esquecimento por parte do poder público.
“O processo conduzido pelos promotores do MPRS do ponto de vista jurídico tem inúmeras falhas, as quais já foram devidamente colocadas por nossos advogados e pela petição feita a Comissão da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Não podemos ficar sem respostas e de forma dura percebemos que quando a sociedade não pressiona, as coisas não funcionam. Que sejam devidamente apuradas as omissões dos que causaram a tragédia, seja do setor público ou privado. Com o tempo, a dor da injustiça se torna tão grande como a dor da perda”, conclui Sergio.
“A Comissão de Direitos Humanos e Minorias acompanha os desdobramentos da tragédia da Boate Kiss. E estamos juntos no agendamento de audiência com a procuradora-geral da República. Agimos de acordo com fundamentos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados”, ressalta o deputado Luiz Couto (PT/PB), presidente da CDHM.
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