COVID-19. A situação (nada fácil) dos cerca de 400 alunos da UFSM que seguem nas Casas de Estudante
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Por BRUNA HOMRICH (com foto de Arquivo), da Assessoria de Imprensa da Sedufsm
Desde que a UFSM suspendeu suas atividades acadêmicas e administrativas presenciais, em 16 de março, milhares de estudantes voltaram para suas cidades de origem. Contudo, cerca de 350 estudantes se mantêm residindo nas Casas do Estudante II e III, aproximadamente 50 seguem morando na Casa do Estudante I, e de 8 a 10 permaneceram na Casa indígena. Os dados são do pró-reitor de Assuntos Estudantis, Clayton Hillig. Os motivos para estes estudantes escolherem ficar em Santa Maria são os mais diversos.
Emanuelle Somavila, por exemplo, é de Curitiba. Sua cidade natal vem registrando índices mais altos de contaminação pelo coronavírus e a estudante do curso de Direito da UFSM tem uma irmã de 8 anos que recentemente passou por crise de pneumonia. Sua mãe, diarista, vem perdendo diversos empregos devido à pandemia e necessita de pagar aluguel e as demais contas do mês. Por tudo isso ela decidiu ficar aqui. A estudante, que reside e integra a coordenação da CEU I, diz que uma das principais preocupações que carrega neste momento é com relação ao seu sustento.
“O pessoal está indo embora conforme pode, mas várias pessoas decidiram ficar por conta de terem parentes que são grupo de risco e aí não querem ir para casa e correr o risco de infectá-los. Fizeram distribuição de alimentos quando cortaram o RU e ainda não tinha vindo o auxílio. Só que o auxílio é de 250 reais e é para comprar comida e produtos de higiene o mês todo. E é bem complicado porque hoje vamos no mercado, compramos qualquer coisa e já dá 80 reais. O pessoal não está conseguindo se manter só com essa quantidade de dinheiro, e segundo o que é posto no site do RU – eles calculam o valor de cada refeição quando a gente vai se alimentar, esse não seria nem a metade do valor necessário para que fossem realizadas as refeições que a gente recebia no RU”, diz Emanuelle.
Hillig esclareceu que o auxílio de R$ 250 oferecido pela reitoria aos moradores da Casa do Estudante que permaneceram em Santa Maria vem de recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e tem como referência o valor da bolsa PRAE, tendo sido regularizado via Instrução Normativa. “Mas a instrução normativa é um instrumento frágil para a criação de um novo auxílio, então, para dar mais garantia legal à instrução, tivemos de usar um valor já previsto em resolução”, explica o pró-reitor. Enquanto uma instrução normativa pode ser editada por pró-reitorias, uma resolução é um ato dos conselhos superiores da universidade. Uma vez que o valor das bolsas PRAE foi estabelecido em resolução – um instrumento com mais força legal -, a instrução normativa que regulamentou o auxílio emergencial aos estudantes neste momento de pandemia levou por base o valor já estipulado previamente. Hillig diz, então, que o valor de R$ 250 foi definido “conforme as necessidades institucionais e burocráticas, porque certamente seremos cobrados pelos órgãos de controle”.
“Não dá conta”
Independentemente dos motivos que levaram à conformação de tal valor, ocorre que, conforme relatos dos próprios estudantes, ele não vem sendo suficiente para dar conta da alimentação mensal. Thuane Cambuy, por exemplo, é moradora da CEU II e diz que recebeu o auxílio de R$ 250, porém “ele não dá conta nem de longe”. Ela explica que, aliado ao valor do auxílio, recebe também uma bolsa do Centro de Ciências da Saúde, o que a ajuda bem mais. “Pelo menos não estou dependendo exclusivamente dos 250. Também moro com meus colegas de apê então estamos dividindo bastante o peso das coisas”, relata a estudante de jornalismo da UFSM, que é natural de Francisco Beltrão, no Paraná, e não foi para casa por falta de dinheiro. “Quando o auxílio transporte da UFSM saiu, já não era permitido sair do estado então acabei ficando aqui”.
Situação semelhante é a de Roselaine Piber, mestranda em Extensão Rural e também moradora da CEU II. Ela relata que recebeu ajuda de amigos que foram para suas cidades natais. “Recebi o auxílio, agradeço, é de grande ajuda, mas não vivo só dele não. Teria que ser uns 300 reais pelo menos, contando que desde o dia 24 de março não tivemos mais RU. Eu ia todos os dias no RU. Então a gente recebeu este auxílio desde o dia 24 de marco, mas até agora só recebemos uma parcela. O auxílio não é suficiente mas é de grande ajuda. Também recebi ajuda de amigos e colegas que viajaram e me deixaram comida, isso me ajudou bastante e eu também pude ajudar outras pessoas”, conta a estudante.
Roselaine é de Mata (RS), mas decidiu permanecer na CEU por dois motivos: para não correr o risco de contaminar os irmãos mais velhos e por questões econômicas. “Sou gaúcha mas morei 20 anos na Venezuela. Vim para o Brasil em 2017. Em 2018 eu me inscrevi para estudar e comecei os estudos em março de 2019. Quando eu comecei a…”
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