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RACHA NA ESQUERDA. Dois grupos (um do RS, outro do RJ) deixam o PSOL e criam a “Corrente Socialista”

Já são históricas as divergências que pululam no que se costumou chamar “Esquerda”. Bueno, nesse contexto, trata-se apenas de mais uma. É. Pode ser. Talvez, no entanto, não seja beeem assim. Afinal, quem está rachando agora é o mais jovem e poderoso partido desse nicho político brasileiro, o PSOL.

Para quem quiser saber das divergências, ou pelo menos das que levaram os grupos Alternativa Socialista (predominante no Rio Grande do Sul) e Coletivo Marxista Revolucionário Paulo Romão (com atuação no Rio de Janeiro) a sair do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e criarem a “Construção Socialista – CS”, confira o texto que recebi, ontem à noite, de Jeferson Cavalheiro, ele que, curiosamente, é dirigente em Santa Maria, do PSTU  – outra sigla de esquerda. Acompanhe a íntegra:

Comunicado aos militantes da esquerda socialista

Somos um grupo de ativistas que militávamos na Alternativa Socialista (RS) e no Coletivo Marxista Revolucionário Paulo Romão (RJ). No último final de semana, reunidos em conferência, decidimos por unificar nossas correntes e estaremos, através de um novo agrupamento político, denominado “Construção Socialista – CS”, nos colocando a serviço da reorganização da Esquerda Socialista Brasileira.

A conferência da CS definiu também pela nossa saída do PSOL, partido que ajudamos a construir, mas que avaliamos não ser mais o espaço para disputarmos o programa e a concepção de partido que defendemos. Neste sentido, queremos fazer algumas considerações:

O PSOL surgiu como resultado da total falência do PT e do enfrentamento de um amplo setor do movimento com as políticas neoliberais impostas por Lula. Com a degeneração completa do PT, muitos que não tinham abandonado a estratégia do socialismo, mas que permaneciam filiados a este partido, se jogaram na tarefa de construir uma nova ferramenta política para defender a classe trabalhadora.

Já no início desta construção, os problemas começaram a surgir. A prática conspirativa da direção – baseada nas grandes correntes e seus parlamentares – onde os acordos se sobrepunham ao trabalho de base foi afastando o PSOL dos movimentos sociais, tornando este jovem partido simplesmente em uma sigla eleitoral.

Vários episódios conflitantes com a estratégia socialista marcaram negativamente a trajetória do PSOL. Nestes seis anos de vida, a pressão eleitoral e a luta pela sobrevivência política das principais figuras foram as principais bandeiras do partido.

A cada eleição, o partido mostra táticas desastrosas: aliança com PV, dinheiro de empresas para campanhas eleitorais, apoio à Marina, voto em Paim e tantos outros exemplos. Tudo isso comprova que o PSOL está longe de defender um programa de ruptura com o capitalismo, ao contrário, demonstra cada vez mais a sua perda de independência.

Sabíamos, desde a fundação, que não seria este o partido estratégico, mas que deveria cumprir o papel de agregar os lutadores de esquerda e servir de “abrigo” aos militantes revolucionários. Isto não aconteceu.

Por isso não podemos aceitar que os militantes da nossa corrente se eduquem num partido que se diz socialista, mas que se contenta em levantar consignas radicais mínimas e democráticas, que não se enfrenta com a propriedade e a dominação capitalista e resume a questão do poder a eleger parlamentares e disputar por dentro da democracia burguesa.

Também para ativistas sindicais e do movimento popular como nós, não é possível admitir estar num partido que nunca teve uma política de orientar os seus militantes para a construção de uma organização sindical – ferramenta imprescindível para reorganizar a classe trabalhadora diante da degeneração da CUT. Pelo contrário, as grandes correntes do PSOL, ou se omitiram, ou tentaram criar mecanismos para enfraquecer a CONLUTAS.

Estamos saindo do PSOL com a tranqüilidade de quem, durante seis anos, não mediu esforços para construir o partido. Disputamos todos os espaços, elegemos delegados para os congressos, ocupamos postos na direção e nunca tivemos política de desgastar os dirigentes e, muito menos, as figuras públicas.

Estamos rompendo porque não abrimos mão de preparar a CS – organização política que ora estamos construindo – para ser parte de um partido que tenha como objetivo estratégico dirigir a luta dos trabalhadores e dos setores explorados para realizar a revolução socialista.

Por fim, afirmamos que não nos renderemos ao discurso das dificuldades da conjuntura e a falta de ascenso do movimento, para nos acomodarmos nas saídas vistas como mais fáceis na construção das ferramentas da classe trabalhadora. Pelo contrário, a CS continuará totalmente a serviço do fortalecimento da CSP-CONLUTAS e da ANEL.”

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6 Comentários

  1. Galera, se vc vê o seu partido metido em um monte de coisas que vc não acredita… você fica lá em nome da unidade? Levado ao cúmulo, vai ter traficante dizendo que estava lá só para não ficar longe dos amigos… Gente que dedica a vida a uma causa nobre que é o socialismo tem todo o direito de se organizar como bem entender. Prefiro um partido de 5 homens que acreditam no fazem do que um PSD da vida recém fundado, que fazem o que a gente nem consegue acreditar que seja possível…
    Parabéns para aqueles que mantém seus princípios!!!

  2. A velha e boa, assim chamada (o que eu cá não acredito) de velha esquerda: dividir para conquistar: o que? ah, sim, o ar, palavras ao vento, é melhor discutir do que resolver. Em um mundo cada vez mais dinâmico, prático, onde ações mais concretas devem ser tomadas, parece que lentamente, esse pessoal vem ficando a reboque da história. Pena, poderiam ser mais materialistas diateticamente falando…

  3. “Geeeeente”, como diria o dono deste prestigiadíssimo site. O que o Brasil menos precisa é a criação de novas siglas. Recentemente surgiu o Partido da Pátria Livre. A propósito do nome, livre do que? Aliás, o Brasil é que precisa ficar livre bebês de proveta. Mais recentemente, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou a criação de um tal PSD. Não satisfeito com a criação da nova sigla, resolveu contar uma piada engraçadíssima no evento que a criou. Disse ele entre outras bobagens: “…não há mais partidos de esquerda e direita, mas há espaço para aquele que contribui para o crescimento e desenvolvimento da nação”. Não é sensacional a piada do prefeito-humorista da paulicéia? Principalmente quando ele diz, na maior cara de pau, que partido político “contribui para o crescimento e desenvolvimento da nação”. Se o Papai Noel estivesse presente, com certeza ele daria bela gargalhada da piada: Oh! Oh! Oh!
    se não bastasse,para culminar, agora surgem esses novos heróis da resistência desejosos também de contribuir com o “crescimento e desenvolvimento da nação”. Francamente, é muita gozação pra cima de nós.

  4. Barbaridade! é difícil acompanhar a moda da esquerda,é a mesma coisa que querer ter o celular mais moderno do momento, tu sai da loja desatualizado no dia da compra.

  5. Que coisa!
    Para eles o PSOL foi para o centro e o PT é de direita!
    Imagina o que eles diriam do PSDB… Nem é BOM falar pq senão o Pedregulho fica nervoso!

  6. Só nos resta rir quando alguém reiteradamente acredita que apenas ele tem a verdade, “a certeza na frente e a história na mão”… Ou com cantava-se lá pelos anos 80: “um trotsquista faz uma fração, dois trotsquistas uma coligação, três trostsquistas fazem uma internacional, quatro trostsquistas racham e não fazem mais nada…”.

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