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FATO OU FAKE?! Diferente do que diz vereadora, urna eletrônica brasileira não utiliza tecnologia de 1996

Desde sua implantação, urnas eletrônicas já trocaram duas vezes de sistema

Edil Roberta afirma, erroneamente, que urna eletrônica brasileira tem mesma tecnologia de um Motorola StarTac (Foto Reprodução)

Por Maiquel Rosauro

A vereadora santa-mariense, Roberta Pereira Leitão (PP), levou para a tribuna a imagem de um vídeo game Nintendo 64 e de um celular Motorola StarTac. Ela comparou os dois aparelhos com a urna eletrônica brasileira, lançada em 1996.

“Esta mesma tecnologia aqui é a que garante a transparência do nosso voto, do seu voto cidadão. A urna eletrônica usa esta mesma tecnologia, de 1996”, disse a progressista na sessão desta terça-feira (10).

A informação, no entanto, é falsa. Em 1998, a capacidade de processamento e a memória da máquina foram ampliadas em relação ao modelo anterior. Em 2000, uma das novidades foi a criação de uma saída de áudio para fone de ouvido, direcionada aos eleitores com deficiência visual. Em 2002, ocorreu a adoção do sistema operacional Windows CE, em substituição ao VirtuOS.

Na eleição de 2004 estreou o Registro Digital do Voto (RDV), arquivo digital em que é registrado cada voto. Em 2006, a inovação foi o leitor biométrico para autenticação do eleitor no terminal do mesário (a novidade, porém, só foi usada em 2008, em três municípios). Em 2009, o sistema operacional Windows CE foi substituído pelo Linux.

Conheça a evolução da urna eletrônica brasileira (AQUI).

As mudanças nas urnas seguem até os dias atuais. Em 30 de julho deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou que as novas urnas eletrônicas serão protegidas pela tecnologia de hardware com os mesmos requisitos da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). São mais de 200 mil urnas do modelo UE 2020 que já sairão da fábrica protegidas por esse novo equipamento certificado (AQUI).

Voto impresso

Em sua manifestação, a vereadora também disse que “só três países no mundo continuam usando a mesma tecnologia das nossas urnas eletrônicas: Brasil, Butão e Bangladesh”.

Urnas com tecnologia eletrônica, conforme o TSE, são utilizadas em 43 países (AQUI). Conforme levantamento da Folha de S. Paulo, apenas Brasil, Butão e Bangladesh usam a urna eletrônica sem comprovante de voto impresso em escala de votação nacional. A maioria dos países, segundo o jornal, imprimem um comprovante em papel (voto impresso) (AQUI).

O voto impresso já foi utilizado no Brasil. O modelo de estreia, em 1996, possuía uma impressora destinada ao registro do voto, que era depositado diretamente em uma urna de plástico acoplada à máquina. No ano seguinte, o registro do voto impresso foi extinto pela Lei 9.504/1997.

Em 2002 (via Lei 10.408/2002), o voto impresso voltou a ser usado. Porém, o mecanismo de impressão do voto da urna foi substituído pelo RDV no pleito de 2004, via Lei 10.740/2003).

O autor da legislação que enterrou o voto impresso foi o então senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG).

“Técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constataram que a instituição do voto impresso apenas atrasou a votação. Sua utilização na totalidade das seções, prevista para as próximas eleições, geraria um custo de 350 milhões de reais para adaptação e treinamento. Se meu projeto não for aprovado, o TSE precisará prever nos seus gastos para o próximo ano esses recursos, que poderiam ser utilizados para outros fins”, afirmou Azeredo em entrevista à Agência Senado, em 2003 (AQUI).

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