DestaqueSanta Maria

CASO BERNARDO. Processo de Lendro Boldrini vem para Santa Maria, onde ele agora passa a morar

Condenado por morte do filho, estava internado em ala psiquiátrica na cidade

Leandro Boldrini (C) cumpre pena no regime semiaberto e mora em SM, monitorado por tornozeleira eletrônica (Foto Divulgação/TJRS)

Por José Mauro Batista / Editor do site Paralelo 29 (*)

O processo crime em que o médico Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho, Bernardo, em 2014, será enviado para a Comarca de Santa Maria, onde o médico está morando. Boldrini foi internado recentemente na ala psiquiátrica de um hospital da cidade.

A informação, exclusiva, do Paralelo 29, foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). Atualmente, o médico está cumprindo pena no regime semiaberto, monitorado por tornozeleira eletrônica. O monitoramento dele em Santa Maria ocorre via Susepe, em Porto Alegre.

O QUE DIZ O TJRS

Nota da Assessoria de Imprensa do TJRS enviada ao Paralelo 29:

“O apenado Leandro Boldrini se encontra no regime semiaberto, fazendo uso de tornozeleira eletrônica. A internação foi comunicada ao Poder Judiciário, através do processo de execução penal (PEC). O PEC, que se encontra na Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, está sendo enviado para a Comarca de Santa Maria, local de residência de Boldrini. Já o monitoramento eletrônico de apenados é realizado pela SUSEPE”

A internação hospitalar de Leandro Boldrini, em Santa Maria, foi confirmada ao Paralelo 29 na noite de domingo (10) pelo advogado dele, Rodrigo Grecellé Vares.

O criminalista disse não saber se Boldrini ainda continuava internado, mas informou que o médico já teve algumas internações ao longo do processo, inclusive uma recente. O Paralelo 29 também apurou que Boldrini estaria em Santa Maria há dois meses

“Meu compromisso com ele é com o recurso em que estamos pedindo a anulação do júri. Por isso, não sei se ele ainda está internado”, disse Grecellé.

O advogado contou que Boldrini esteve internado em hospitais mais de uma vez por conta de sua situação. Em março deste ano, ele foi internado no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre.

De acordo com a defesa do médico, na ocasião ele teve “um surto por estresse”. Também alegando problemas de ordem psiquátrica, Boldrini não participou de três dos quatro dias do segundo júri, em março deste ano, na Comarca de Três Passos.

O pai de Bernardo teve direito a um segundo júri porque o primeiro, em que ele foi condenado a 33 anos e oito meses de prisão, em 2019, foi anulado pelo Tribunal de Justiça devido a uma conduta do promotor que o acusou e que teria prejudicado a defesa do réu.

Bernardo tinha 11 anos quando assassinado pela madrasta. Seu corpo está sepultado no Cemitério Ecumênico (Fotos Reprodução)

O crime que chocou o RS

Bernardo, de 11 anos, desapareceu em 4 de abril de 2014, em Três Passos. Na época, o desaparecimento teve grande repercussão nas redes sociais, principalmente em Santa Maria, terra natal da mãe do menino, Odilaine Ugliane, e da avó, Jussara Uglione.

Dez dias depois do sumiço, o corpo de Bernardo foi encontrado em uma cova dentro de uma propriedade, em um matagal, às margens do Rio Mico, na localidade de São Francisco, na cidade vizinha de Frederico Westphalen. O corpo estava envolto em um saco plástico.

A implicação do pai e da madrasta, segundo o MP

Bernardo morava em Três Passos com o pai, a madrasta Graciele Ugulini e uma irmã de um ano, filha de Boldrini com Graciele. Na época, o pai disse que o garoto havia retornado de uma viagem a Frederico Westphalen onde teria ido passar o final de semana na casa de um amigo.

O garoto deveria ter retornado no final da tarde do dia 6 de abril, o que não ocorreu. No dia em que o corpo foi encontrado, Leandro e Graciele foram presos.

A Polícia Civil passou a investigá-los como suspeitos da morte do menino. Boldrini seria o mentor intelecual, enquanto Graciele seria a executora do crime. Para isso, ela contou com a ajuda de uma amiga, Edelvania Wirganovicz.

Dias depois, o irmão de Edelvania, Evandro Wirganovicz, foi preso sob a acusação de ter preparado a cova onde Bernardo foi enterrado.

Assassinato premeditado

O assassinato de Bernardo teria ocorrido porque ele estaria “atrapalhando” a relação do casal. Também haveria interesse financeiro envolvendo uma herança.

O crime foi planejado, segundo o Ministério Público. Sem saber do plano, Bernardo viajou até Frederico Westphalen, onde a madrasta o levaria a uma benzedeira. O menino morreu por uma superdosagem de um sedativo dado por Graciele Ugulini.

O MPRS sustenta, ainda, que “depois de ajudar a matar e enterrar o filho, para que ninguém descobrisse o crime, Leandro Boldrini fez um falso registro policial do desaparecimento de Bernardo.

Graciele Ugulini, a madrasta, e Edelvânia Wierganovicz, amiga dela, também foram condenadas pelo júri (Foto Divulgação/TJRS)

Primeiro júri teve quatro condenados

O primeiro júri do Caso Bernardo ocorreu em março de 2019. Após cinco dias de trabalhos e mais de 50 horas de duração, a juíza Sucilene Engler leu a sentença que condenou Leandro, Graciele, Edelvania e Evandro. A pena maior foi da madrasta. O único que não está preso é Evandro, que pegou a pena menor.

AS PENAS A QUE OS RÉUS FORAM CONDENADOS

Leandro Boldrini, pai de Bernardo – 33 anos e 8 meses de prisão

Graciele Ugulini, madrasta de Bernado – 34 anos e 7 meses de reclusão

Edelvania Wierganovicz, amiga da madrasta – 22 anos e 10 meses

Evandro Wirganovicz – 9 anos e 6 meses. Ele é o único condenado em regime semiaberto

Menino está sepultado em Santa Maria

O corpo de Bernardo Uglione foi velado em Santa Maria, terra da mãe, que já era falecida, e da avó materna, que morreu em 25 de agosto de 2017.

Bernardo está sepultado em Santa Maria no mesmo túmulo da mãe e da avó, no Cemitério Ecumênico Municipal de Santa Maria, no Bairro Patronato. O túmulo é bastante visitado há placas em agradecimento ao menino por supostas graças.

Defesa também quer anular o segundo júri

A defesa de Leandro Boldrini também recorreu para anular o segundo júri, realizado em março deste ano. O motivo, segundo o advogado Rodrigo Grecellé Vares, é uma violação do “princípio de imparcialidade” de parte de um dos sete jurados que participou do julgamento. O juro teria feito publicações em redes sociais declarando a intenção de condenar o médico.

“Ele deveria ter se considerado suspeito”, diz Grecellé, ressaltando que a segunda condenação ocorreu por 4 votos contra 3.

O recurso está em análise no Tribunal de Justiça do RS. Há um outro recurso, este do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que pede a revogação do regime semiaberto para Boldrini.

PARA LER NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

(*) Esse material foi publicado com a autorização do editor do Paralelo 29, dentro do acordo de parceria que une os dois sites.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo