Maria Bezerra (circa 1885) – por Elen Biguelini
Poetisa, natural de Pernambuco, embora tenha sido descrita como paraíbana em nota no Periódico Jornal de Recife de 17 de setembro de 1895. “[M]imosa cultora das musas”, segundo Sacramento Blake, que afirma que a autora teria escrito outras obras, mas apenas um livro publicado (encontramos apenas alguns poemas e um conto em jornais pernambucanos, o quê não significa que não possam haver mais textos de sua autoria em outris periódicos).
Através de seu poema “Homenagem a Francisco Ferreira da Cunha”, percebe-se que tinha relações de amizade com o falecido e de proximidade com o filho deste. Este poema é de 4 de outubro. Pouco mais de um mês depois, em 14 de novembro, a autora envia dois acrósticos em letra dourada, em homenagem ao capitão Bellarmino Almeida, mas estes não foram publicados prlo jornal.
Em “Homenagem a meu irmão”, de novembro de 1895, publicado no Jornal do Recife, conhecemos que Manoel Cesario de Oliveira era seu irmão e militar.
Obra:
“A Manoel Arão”. Poesia. Diário de Pernambuco de 5 de janeiro de 1893. Pg 2.
“Seismando”. Curto conto gótico. Diário de Pernambuco de 1 de novembro de 1893. Pg 3.
“Homenagem a Francisco Ferreira da Cunha”. Poesia. Diário de Pernambuco de 4 de outubro de 1895.
“Último Adeus, das Flores das Selvas”. Poesia. Diário de Pernambuco de 21 de junho de 1896, pg 4.
“A meu irmão Manoel Cesario de Oliveira”. Poesia. Jornal do Recife de 1895, pg 4.
“Flores das Selvas”. Recife, 1895. Prefácio de Manuel Arão (Manoel Arão de Oliveira Campos, 1876-1930, escritor naturalista brasileiro e membro da Academia Pernambucana de Letras). A venda na Livraria Internacional de Francisco Soares Quintas em 1896 (Cf. Diário de Pernambuco de 6 de agosto de 1896, pg 6).
Referências
Lopes de Oliveira, Américo. “Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas”. s.l. Tipografia Silva Pereira, 1983, 29.
SACRAMENTO BLAKE, Augusto Victorino Alves. Diccionario Bibliographico Brasileiro. Vol 6. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1902. pp. 227.
Lembramos, que a identidade de autoria feminina por muitas vezes nunca é descoberta. Afinal escrever era um ato de revolta por parte das mulheres durante o século XIX. Não descobrimos com certeza a identidade desta autora, mas apresentamos aqui algumas possibilidades. Por ter sua obra prefaciada por Manoel Arão, presumimos que seja de uma classe superior abastada. Devido a isso, seguem as possíveis:
Maria Bezerra do Rego Vasconcello, ou sua mãe Maria Bezerra do Rego, viúva do Capitão Belarmino do Rego Accioly, falecido em 1894.
Maria Bezerra de Andrade (?-após 1900), mãe do Barão de Caxangá, Lourenço Bezerra Alves da Silva (1832-1904), filho desta e de seu marido José Moreira Alves da Silva (?-antes 1893).
Maria Bezerra Cavalcante, esposa do coronel Agostinho Bezerra Cavalcante e tia de Rita Cavalcante Carneiro Campelo, falecida em 1896. Esta, esposa de António Xavier Carneiro Campelo e familiar dos barões de Souza Leão, Soledade, Jaboatão e outros.
Outra possibilidade é a professora Maria Francisca Bezerra Cavalcante, professora, que figura em muitos jornais de Recife (nomeadamente o Diário de Pernambuco e o Jornal do Recife) devido a uma disputa com os herdeiros de um prédio, durante o ano de 1893.
Nota-se, que são apenas suposições, e apenas uma pesquisa mais profunda “in loco” pode verdadeiramente esclarecer não apenas a identidade da autora, mas também sobre sua obra.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
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