Livro novo – por Orlando Fonseca
Esta semana tem uma importância que eu desconhecia há uns bons dez anos. Na quarta-feira, vou autografar meu décimo quarto livro, um romance. Nos últimos anos, tenho participado de lançamentos coletivos, e meu último livro individual, uma novela juvenil, O estojo vazio, foi publicado em 2013. De lá para cá, vim dedicando muitas horas, e muitas idas e vindas nesta obra, o livro Aqueles anos – sem dourados. Ou seja, uma década dando o formato neste que, talvez seja meu último livro com uma ficção longa (são 219 páginas). Claro, motivo mais do que suficiente para celebrar com os amigos o que eu diria, de modo cabotino, o ápice da minha carreira neste formato e gênero literário.
Comecei com a poesia, ainda em meados dos anos 70. Tendo recebido um prêmio do Instituto Estadual do Livro (Apesul Revelação Literária), em 1978, por um poema selecionado por uma comissão de alto nível (contava entre eles o poeta Mário Quintana), enveredei para a crônica. No Jornal A Razão, a convite do saudoso Luizinho De Grandi, me juntei a outros cronistas, Máximo Trevisan e Humberto G. Zanatta. Com este último, lancei o primeiro livro com meu nome na capa, Coração ralado, reunindo nossas publicações no jornal. Em 1985, lancei meu primeiro livro solo, Dossiê do abstrato, com poesia. E não parei mais, contando aí quase cinquenta lançamentos em gêneros diversos.
Meu melhor momento como escritor, foram os 16 anos nos quais, pela WS Editor, publiquei quatro novelas juvenis, sendo que a primeira, Da noite para o dia, me deu o prêmio nacional Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, na categoria aventura. Também fui finalista do Prêmio Açorianos de Literatura (Prefeitura de Porto Alegre) pela mesma obra (antes já havia sido, com uma publicação de ensaios da Editora PUC, e depois, com uma obra de contos coletivos da Turma do Café). Com minhas novelas, circulei pelo Estado, em um circuito que o saudoso Walmor Santos promovia junto a escolas privadas e comunitárias. Na mesma época, participei do programa Autor Presente, do IEL, para as escolas públicas; em conjunto, viajei para 40 municípios, em alguns, mais de uma vez, para falar aos alunos e professores, entre sexta e sábado, em alguns casos, proferindo sete palestras.
Já escrevi peças de teatro; nos anos 90 participei do Grupo de Risco, com o qual tive a alegria de criar e manter a Revista Garganta do Diabo, em eventos pra lá de concorridos. De modo permanente tenho escrito crônicas, por este site (até o mês passado, também, no Jornal Diário). Desde 2002, participando dos encontros semanais da Turma do Café, tive a oportunidade de autografar com os confrades mais de 20 publicações. De 2005 (quando fui patrono) em diante, estamos presentes na Feira do Livro de Santa Maria, algo que me orgulha por diversas razões, mas a principal por perceber a pujança da produção literária local. Isso dimensiona não apenas o crescimento da qualidade do que se tem produzido, mas também a formação de leitores. O que não é pouco para uma cidade de porte médio, no interior do país.
Agora, agenciado pela Melina Guterrez (da Rede Sina) o meu romance Aqueles anos – sem dourados sai pela Editora Bestiário (Porto Alegre). Trata-se de uma narrativa que retrata a jornada de um adolescente, entre o final dos anos 50 e primeira metade dos 60. Seu percurso é marcado pela impossibilidade de viver os “anos dourados”, tanto por sua personalidade, quanto pelas opções ideológicas e dramas familiares. A tragédia pessoal se torna aguda, ao cair nas garras da repressão política, pós golpe de 64, sem ter cometido qualquer ato que o justificasse. O cenário desta história passa pelos Anos JK, pela renúncia de Jânio e a campanha da Legalidade, os Centros Populares de Cultura, o carnaval, os CTGs, a chegada do rock’n roll e das escolas de samba. Costurando tudo isso a sombra escura da ditadura. O evento será no Mojju GastroPub, a partir de 19h, com o tempero da música popular na voz de Paola Mattos e no violão de Patrick Kohller. Espero ver os amigos para compartilharmos este momento.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Nesta hora aparece o pessoal ‘dããããããã’. ‘Falar mal é fácil’. Na aldeia dado a cultura local é mais facil ainda. Alas, elogiar sem base nenhuma é mais facil ainda. ‘Vamos dizer que é bom porque ai vira bom’.
Patotinhas da aldeia sempre rendem boas risadas. ‘Já que ninguem nos elogia vamos elogiar a nos mesmos’. ‘Já que estamos isolados do mundo vamos fingir que aqui tudo é “o melhor do mundo”‘. Quanto a ‘obra’ abstenho-me de comentar. Não li nem tomei conhecimento. Irrelevante. Pelo menos não se autodeclarou ‘imortal’, colocou uma capinha preta nas costas e tirou foto para pendurar na parede, algo sem noção e ridiculo. Estes deveriam procurar a Editora Bestiário também. No mais daria o mote para um livro meta. Em plena Guerra Fria 2.0 um autor em final de carreira escreve um livro com vies vermelho sobre fatos que aconteceram mais de 60 anos antes. E aclamado somente por um punhado de amigos e ‘cumpanheros’ porque o assunto não interessa mais para a grande massa, ou seja, mais um livro destinado ao esquecimento e ao acumulo de po nas prateleiras de bibliotecas de livros fisicos.