DO LEITOR. Lançada ‘diabólica invenção’ que estimula o consumo de álcool entre as crianças e adolescentes

O editor confessa que não sabia. Mas é da maior gravidade o que trata o leitor Alpheu Scalcon, em texto enviado por intermédio do colaborador habitual Luiz Carlos Nascimento da Rosa. Creia, o tema é da maior seriedade – mesmo que você não tenha filhos. Acompanhe:

Apologia ao alcoolismo infantil

Por Alpheu Scalcon

Segundo noticias recentes veiculadas pela televisão, de modo curioso e atraente, mas criminoso, foi lançada no Brasil a mais nova e diabólica invenção para crianças e adolescentes. Trata-se de um líquido refrescante próprio para se beber acondicionado em embalagem, semelhante ao chamado espumante ou champanhe.

Para induzir e jogar nossas crianças no mortal vício do álcool, facínoras colocam no mercado o produto cuja embalagem é exatamente igual à destinado a adultos: vedada com rolha de cortiça, envolta com os tradicionais arames entrançados e enfeitada com coloridos ornamentos infantis e personagens muito conhecidos pelas  crianças. Tudo como uma sociedade de  consumo e os fabricantes inescrupulosos desejam.

A diferença está apenas num detalhe do rótulo onde há a inscrição: Refrigerante. Traduzindo e, para aqueles que pensam e enxergam um palmo diante do nariz, isso quer dizer “champanhe sem álcool”. Logo, se trata do lançamento de uma bebida própria para crianças e adolescentes que inicia por nivelar os caminhos que levam ao destrutivo e irrecuperável alcoolismo. Mediante o fato, tanto os fabricantes do produto como os governos se tornam cúmplices de um mesmo crime bárbaro contra nossos jovens em formação. Na verdade o que mais importa aos fabricantes canalhas e autoridades, nem sempre de plantão, é a vinda do lucro, do famigerado dinheiro que intermedeia as relações entre os indivíduos numa sociedade de mercado.

Tão séria é a questão que a defensoria pública do estado de São Paulo determinou a retirada do produto de circulação. O estímulo ao uso do álcool significa que desejamos que nossas crianças se lixem. Ao que parece, estes não têm compromisso ético e moral com ninguém, nem mesmo com a vida.

Não quero estar vivo para presenciar, no futuro próximo, em anúncios como este: “Vende-se Uísque sem álcool para crianças e adolescentes entre 0 e 18 anos”. E o governo onde está neste momento? Certamente dormindo em berço esplêndido e luxuoso e nossas crianças no futuro, já tendo adquirido a incurável doença do alcoolismo, irão dormir sobre rústico, estreito e apoucado estrado, tendo como forro apenas uma manta de juta ou, quem sabe, as imundas sarjetas da miséria.

Às crianças não restaria nada mais que isso mediante a “inocente” apologia ao uso do álcool. Associado a isso, a liberação e divulgação de tais propagandas, nos leva a crer que, em breve veremos informações em monstruosos outdoors, incitando crianças ao uso do álcool como bebida refrescantemente saudável.

E o Estatuto da Criança e Adolescente? Já o rasgaram, não existe mais? No Brasil se costuma dizer que há falta de vontade política. No entanto, para milhões de pessoas isso significa a promoção da imoralidade, abandono e desrespeito com a formação humana das crianças na infância. Doenças, desgraças, ruínas, mortes, assassinatos, roubos, desagregação de famílias, para o ano de 2013 é o miserável e diabólico augúrio que nos desejam tais fabricantes de tão infeliz ideia.

Cabe aqui um questionamento: e os pais brasileiros, que criam seus filhos com cuidado, dedicação, amor, carinho e orientações minuciosas… Pais preocupados em não permitirem que as crianças se aproximem da amaldiçoada bebida alcoólica… Estes estão de acordo com tamanha provocação? Este tipo de procedimento praticado por fabricantes de bebidas, e por que não dizer “terroristas”, contra nossos filhos, pode ser aceitável?

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Santa Maria RS