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Da Boca do Monte a Santa Maria – por Luiz Carlos Nascimento da Rosa e Suze Scalcon

Demarcações de terra, na região missioneira, a duzentos e dezesseis anos atrás, acirram o conflito entre a coroa portuguesa e a espanhola. Para a proteção das tropas portuguesas, junto a Guarda Portuguesa de São Pedro, com seus oficiais, soldados, escravos, artífices, capelão, cirurgião, técnicos, peões, índios e muitos familiares, o Capitão Joaquim Félix da Fonseca, faz uma retirada estratégica e desce a Serra de São Martinho do Monte Grande e se instala no já existente Rincão Santa Maria, nas proximidades do Arroio dos Ferreiros.

Oriundos do Povo de São João Batista, narra a historiografia que, entre julho e dezembro do ano de 1797, o Capitão português instala seu acampamento e dá início a povoação do referido rincão.

A Guarda portuguesa de São Pedro, posicionada em região estratégica na fronteira com as terras espanholas, controlavam a região chamada de “Boca da Picada” ou “Boca do Monte”. Este último seria incorporado ao nome do rincão e acampamento da expedição.

Segundo a História de nosso município, o centro do povoado ficava na conhecida de Rua do Acampamento. Tapes e Minuano eram as tribos indígenas que habitavam, originalmente, este território.

Com a evolução urbana, em 1857, o Rincão de Santa Maria é elevado a categoria de Vila do município de Cachoeira do Sul. E, finalmente, em 1858, nossa bela formação social é emancipada política e administrativamente e, enquanto território vai englobar fatias de terras de Cachoeira do Sul e Cruz Alta.

No dia 17 de maio de 2013, Santa Maria e nós, comemoramos 155 anos de existência e vamos consolidando uma História repleta de alegrias, tristezas, evolução humana e, como tal, cheia de realizações e avanços materiais e intelectuais, entretanto repleta de mazelas, contradições e conflitos.

De um acampamento militar fomos construindo história e transformamos nossa formação social para cidade ferroviária e hoje, contamos com sete instituições privadas de Ensino Superior e uma Universidade Federal que, com seus profissionais e o conhecimento científico e artístico produzidos, projeta nossa chamada “Cidade Cultura” para o Brasil e para o mundo.

Somos uma formação social ricamente plural, com quase 300 mil habitantes, produzimos muita Ciência e todas as linguagens do campo das Artes, mas como vivemos mergulhados nas entranhas da vida egoísta capitalista temos muita exclusão social, miséria e, os índios, habitantes originais desta linda terra, vivem como miseráveis acampados a beira de nossas estradas e em frente nossa Estação Rodoviária.

Arte e Ciência são elementos da cultura medeiam nossas práticas sociais em Santa Maria, o que é maravilhoso, mas a ganância e a busca desenfreada pelo lucro, também, foram capazes de gerar a fase mais triste e obscura de nossa História: a tragédia da Boate Kiss que levou de nosso convívio 241 seres humanos, a maioria, com tenra da idade.

A solidariedade e a generosidade nos uniram neste trágico fato histórico. Que estes valores humanistas, nestes 155 anos, brotem na Rua dos Andradas, na velha e fatigada Avenida Rio Branco, na Gare, na Vila Belga, na Rua do Acampamento, gênese de nossa formação social, no centro, nas vilas, distritos e bairros de nossa amada Santa Maria.

Uma ode a Arte, a Ciência e solidariedade e, a generosidade humana da santinha da “Boca do Monte”. Encontremo-nos na velha Primeira Quadra da Bozzano, na Praça Saldanha Marinho, no “Boca Maldita” ou na Maria Fumaça alado com nossa delicada e amada Santa Maria. Tim-Tim!

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