Self-Destructive Behaviour – por Márcio Grings

Ora essa, ele não liga o som faz três dias. Fica preocupado quando isso acontece. É como se fosse uma espécie de presságio, breve pausa antes da tormenta, ou o sintoma de alguma grave doença. Sem ofensa, Elvis! Ele dá sinal de fumaça quando aperta o botão de vez em quando. Falso alarme. Apenas gosta de ver as luzes verdes do painel. O véu engessado na borda esquerda – estático em seu quadrado simétrico e iluminado, lembra um coitado qualquer que sofre de alguma paralisia.

Mil e tantos LPs na prateleira, e não liga o toca-discos faz três dias. Está em greve de silêncio consigo, acreditando que a ausência de qualquer som possa facilitar a compreensão das coisas. Vai deitar na cama e aguardar o sono. Sonhos e pesadelos. Quase sempre a segunda opção. Espera a visita do Anjo Gabriel e do seu Demônio de Cabeceira.

Pesadelo da noite passada: colocou o dedo na chama e ficou esperando o fogo derreter a carne. Só parou quando viu os arames aparecendo. Sempre desconfiou que não era humano. Quando o curto-circuito promoveu um bocado de faíscas, resolveu parar a droga da brincadeira.

Atitude assertiva para a mudança. Pelo menos no mundo dos sonhos.

Tem algo nas minhas costas. Ou como ainda diria Lennon:

“Todo mundo tem alguma coisa pra esconder, menos eu e o meu macaco!”

Pega um voo até o norte de uma nova história. Seja você quem for, lhe deseje sorte.

Porra! É o mínimo.

Lá vai ele experimentar outra cor.