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Cruzado de direita – por Bianca Zasso

biancaCinéfilos costumam iniciar o ano repletos de apostas, já que janeiro e fevereiro são os meses das principais premiações do cinema e da TV. O período rende bolões entre família ou amigos, discussões acirradas e até torcida organizada por filmes, atores e diretores. E 2016 chegou com surpresas. O Globo de Ouro, troféu que costuma ser um termômetro para o grande prêmio da Academia, o Oscar, derrapou ao escolher Jennifer Lawrence como melhor atriz de comédia por seu papel no sem graça Joy, de David O. Russel, e também por eleger a chata Writing’s on the wall, de 007 – Spectre como melhor canção.

Porém, entre os vários acertos do Globo, o que mais causou comoção foi o de melhor ator coadjuvante. Sylvester Stallone subiu ao palco para receber seu prêmio pelo filme Creed visivelmente emocionado. Depois de um discurso sincero e sem pieguices, ele agradeceu ao seu eterno amigo imaginário Rocky Balboa. Um momento para entrar pra história. Afinal, ele devia ter acontecido em 1977.

A geração que conheceu Stallone com cara de mau em Os mercenários talvez não consiga imaginar como o personagem do boxeador de origem italiana foi importante para a década mais pessimista que o cinema americano já viveu. Além de um protagonista cativante, Rocky – Um lutador tinha uma ótima trilha sonora e cenas icônicas, como a do treino no frigorífico e a subida catártica da escadaria do Museu de Arte da Filadélfia.

Creed, que tem direção do jovem Ryan Coogler, coloca Rocky na posição de treinador com aura paterna. Lembram de Mickey, interpretado por Burgess Meredith? Stallone paga tributo ao eterno guia de Rocky Balboa com uma interpretação na medida. Mesmo coadjuvante, é ele o melhor elemento do filme, já que o tema da redenção por meio do esporte não é novidade nas telas.

As perseguições surreais, as explosões e os efeitos especiais podem até ser divertidos, mas apagam alguns talentos. Para os que pensam que ter Rambo no currículo não é motivo de orgulho, Stallone deu nocaute. Nos resta esperar pelo cruzado de direita definitivo que pode acontecer no próximo dia 28. Academia, não nos decepcione.

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