MEMÓRIA. Adalto Schuster, como declamaram Daiani e Jaiana, está no céu dos retratistas
No finalzinho da tarde desta quarta-feira, 3 de dezembro, foi sepultado o corpo do repórter fotográfico Adalto Schuster, 50 anos, morto 24 horas antes num acidente (é a versão aparentemente correta) estúpido: caminhando sobre pedregulhos, resvalou, caiu em um rio no interior de Toropi, perto de São Pedro do Sul, bateu com a cabeça numa pedra e morreu. Deixou mulher, filho, familiares e um batalhão de amigos tristes
Schuster era um adorável turrão. Daqueles capazes de imensos, laaargos, momentos de ternura e alegria e de instantesde brabeza – que logo passavam. E todos dele gostavam. Pude perceber isso na hora e meia em que estive no velório, numa das capelas do Hospital de Caridade, bem no início da tarde desta quarta.
Ao lado do natural desespero da família, percebi a emoção que percorria gerações, pelo menos três, de profissionais de imprensa. Vi aqueles que conviveram com Schuster na segunda metade da década de 80, início dos 90. Por exemplo, Paulinho Sangói e Fernando Ramos, grande fotógrafo do Diário de Santa Maria, com quem não troquei palavras – elas eram desnecessárias. Bastaram dois toques no braço. Sentíamos o mesmo.
Vi, e as lágrimas vieram, lentas, poucas, mas profundas, o mais antigo dos amigos do Schuster. Neuzimar Pacheco, que parecia lamentar-se de saber apenas na manhã desta quarta, pelas emissoras de rádio, da morte do alemão, a quem muitas vezes tirou de casa de madrugada para uma cobertura policial. Pacheco, aposentado há três anos, ou quatro, não lembro, esse não resistiu. E as lágrimas vieram rápidas, não poucas e também profundas – ao mesmo tempo em que contava algumas das peripécias da dupla no fim dos 70, ainda nO Expresso, e no início dos 80, já nA Razão.
É. O Schuster vai deixar saudade numa turma grande, que com ele conviveu na segunda metade dos 80, bem no início dos 90. É o caso de Marcos Kirst, hoje em Caxias do Sul e cuja mensagem reproduzi na manhã desta quarta (releia aqui, se desejar). Mas também é o sentimento de Rogério Koff, então repórter e hoje professor de jornalismo e Diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas da UFSM. Dele, recebi o seguinte e-mail:
Claudemir:
Fiquei muito chateado com a perda do nosso amigo Adalto Schuster, colega dos saudosos tempos de A Razão. Nesta manhã de quarta-feira, ao abrir os jornais, fui invadido por uma tristeza profunda, embora uma doce melancolia tenha me conduzido pelos caminhos da memória até aqueles velhos tempos que não voltam mais. Foi um consolo lembrar de tudo outra vez.
Grande abraço.
Rogerio Koff
Outro que expôs o que sente é o jornalista e professor Gilson Piber, também habitual colaborador deste sítio. Reproduzo a correspondência que recebi no início da noite desta quarta, já com Adalto sepultado:
Claudemir,
Conversei com o Schuster há cerca de três meses, dentro de um ônibus da Linha Tancredo Neves, no sentido bairro-centro. Como sempre, com aquela voz forte, ele me chamou e despertou a atenção de outros passageiros.
Falamos rapidamente sobre as atividades de trabalho e o que cada um fazia na atualidade. Na época que atuei como correspondente do Correio do Povo/Rádio Guaíba, o Schuster me abastecia com fotos das enchentes na região de São Pedro do Sul. Era um figuraço, alegre, gozador e amigão.
Tive a sorte de trabalhar com ele no jornal A Razão, no final da década de 80. Schuster adorava o que fazia. Era um mestre da fotografia. De vez em quando, tinha uns lapsos de ranzinza, mas que passavam logo. A sua mais famosa poesia era: “Se divertindo e cantando, cantando e se divertindo”. Repetia até o pessoal começar a rir. Também usava outra frase: “Chapéu tapeado na testa de beijar santo em parede”. Schuster vai fazer falta. Que Deus o receba bem no outro plano da vida.
É, o Schuster já está fazendo falta na vida de muita gente. Inclusive daquelas pessoas com as quais conviveu já nos seus últimos anos na profissão. Duas delas, Daiani Ferrari e Jaiana Garcia, jovens jornalistas recém-iniciando nas lides, trabalharam com o alemão na Prefeitura. E é do MSN delas que retirei a expressão que dá título a esta nota. Sim, Daí e Jai, o Schuster está no céu dos retratistas. Resmungando, provavelmente. Mas fazendo a alegria dos parceiros.
EM TEMPO: a foto que ilustra esta nota, por um acidente histórico, é de Cristiano Dornelles, hoje atuando em A Razão e que é filho do falecido Olmiro Dornelles, proprietário dO Expresso, onde Schuster começou em jornal.
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