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Odilo Marion, de mecânico e taxista a grande industrial – por Carlos Costabeber

 

Março de 1967! Iniciavam as aulas da 1ª turma do Curso de Administração da UFSM, lá no prédio do Centro de Tecnologia do Campus. Eu era o mais jovem dos acadêmicos, e na época, como também era aluno do NPOR do Mallet, tinha o cabelo “cortado a zero” (pela manhã cursava a universidade, e pela tarde ia para o quartel).

Bons tempos !

Mas foi lá que conheci um colega chamado Odilo Pedro Marion. Pobre e muito humilde, filho de colonos, se mantinha com uma pequena oficina mecânica (que vendeu logo depois, em razão da “faculdade”). Já era casado com a Eloisa, e como Técnico em Contabilidade, logo passou a trabalhar no Restaurante e Posto Caçulinha.

Sempre foi um aluno brilhante e interessado! E no final do curso fizemos o estágio profissionalizante em Porto Alegre.

Após a graduação, o Odilo, Vitor Schuch e eu fomos convidados a assumir como professores do Curso de Administração. Enquanto eu seguia para fazer o Mestrado na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, o Odilo dava os primeiros passos para a constituição de uma indústria de implementos agrícolas.

Para se manter, dava aulas também em mais duas faculdades, e ainda conseguiu fazer pós-graduação e mestrado na UFRGS. Foi também Diretor Administrativo da Cientec em Porto Alegre.

Perdi o contato com o Odilo enquanto estava em São Paulo, mas logo que reassumi como professor do Curso de Administração, deixamos de ser apenas colegas, para nos tornar grandissíssimos amigos.

Foi assim que acompanhei a sua luta para desenvolver uma indústria de equipamentos agrícolas. Claro que no começo, a empresa não conseguia ter vida própria, por isso, era mantida com os salários que o Odilo ganhava como professor.

Até o dia em que, não conseguindo conciliar as duas atividades, acabou deixando o magistério; o que deixou o alunado em pânico, pois o Odilo sempre foi um mestre adorado pela gurizada. Suas aulas eram de muita qualidade, graças ao grande conhecimento em administração e de mecânica da produção.

“Peitudo”, o Odilo foi o primeiro a se instalar no Distrito Industrial, quando lá não havia a mínima infraestrutura para receber as empresas. Mas, por falta de opções e por acreditar que lá um dia iria abrigar muitas indústrias importantes, instalou o seu primeiro galpão – onde passou a fabricar o primeiro produto, a “Rotacarp”.

Autodidata, o Odilo sempre foi um “gênio da mecânica”. Dono de uma capacidade criativa muito rara, aos poucos foi desenvolvendo novos equipamentos para a agricultura, trabalhando “feito maluco”, como industrial e vendedor.

Acompanhei bem a sua luta, que se estendia por sete dias da semana, da manhã a tarde da noite. Acompanhei o seu desespero para salvar a empresa da falência, em meio às crises econômicas que se sucederam nos anos 80 e 90.

Passada a tempestade, a Agrimec se consolidou em definitivo, expandindo suas instalações, seus mercados e sua linha de produtos. Até que enfim, a empresa pode usufruir em toda a plenitude, do “gênio da mecânica” que a comanda. E a empresa conquistou todo o Brasil e a América Latina.

Além dos negócios, o Odilo sempre colocou a sua energia e conhecimento a serviço das entidades locais. Liderou a criação em 1977 do Clube dos Diretores de Empresas Industriais (CDEI), e promoveu a  “Mostrisma” – a 1ª Mostra Industrial de Santa Maria; que logo se transformaria em Feisma. A indústria sempre esteva no sangue do Odilo, sempre foi a sua maior causa desde os tempos da Universidade, a ponto de chegar a Vice-Presidente da Fiergs

Hoje, a Agrimec é a maior indústria brasileira no seu segmento, e lidera um grupo de quatro empresas ligadas à metalurgia. A última aquisição foi a da IDEMA, que se tornou a grande decisão da vida do Odilo.

Nesse breve texto, desejo expressar toda a minha amizade e admiração pela figura do Odilo Pedro Marion, nesse momento em que o Grupo Agrimec chega aos 40 anos. Sou testemunha dessa vida dedicada integralmente à industrialização de Santa Maria.

Um homem que aos 72 anos parece um guri, com uma cabeça cheia de novos projetos, novas conquistas. Um homem incansável, que serve de modelo para todos os demais empresários e para os futuros empreendedores.

Para quem desejar conhecer a autobiografia do Odilo, ele se dispôs a escrever um livro denominado “Empreender – Ousadia ou Loucura”.

Deus te abençoe querido amigo! És meu amigo e meu guru!

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