Estrada – por Bianca Zasso
Desde que o escritor Jack Keuroac narrou as aventuras de cruzar a América sem parada certa no livro On the road, encarar a estrada ganhou um charme libertário. No cinema, os chamados road-movies casam com vários gêneros, em especial o terror. Afinal, mesmo que a rebeldia de sair por aí sem destino seja tentadora, também tem os seus perigos. De Curva do destino, de Edgar G. Ulmer até Assassinos por natureza, de Oliver Stone, o público já teve bons exemplos de como uma simples viagem pode ser perigosa. O diretor Robert Harmon, mais conhecido por seus trabalhos para a televisão, levou para as telas a mais terrível das caronas.
A morte pede carona, filme de 1986, tem como protagonista o jovem Jim, que precisa atravessas os Estados Unidos para entregar um carro. Quase vencido pelo sono na reta final da jornada, resolve oferecer carona ao misterioso Ryder. Era para ser um bate-papo despertador, mas Ryder tem outras intenções. O que se segue é uma situação perigosa atrás da outra, com direito a toques de sadismo. Tortura, explosões, perseguições e tudo mais que faz um bom filme de terror dão as caras. A cena em que a personagem de Jennifer Jason Leigh é presa a um caminhão é das mais assustadoras que o cinema já viu.
Porém, mais do que boas cenas, A morte pede carona tem o seu trunfo no personagem Ryder, interpretado pelo ator holandês Rutger Hauer. Muito mais poderoso que as armas e correntes é o olhar matador do vilão e a tranquilidade com a qual ele executa suas mortes. Não sabemos ao certo o que move Ryder, em nenhum momento temos informações sobre seu passado ou o porquê de sua vontade de cometer atrocidades.
Na verdade, os motivos pouco importam. Por não sabermos o que norteia tanta maldade, A morte pede carona causa mais medo do que muitos filmes recheados de malvados com traumas de infância. Se não há motivos para o mal, ele soa como algo natural. E quem é mau por natureza é muito mais perigoso. Isso sem contar o clima quase erótico entre Ryder e Jim, o que nos leva a pensar se não é uma paixão não correspondida (ou não compreendida) a causadora de tanto horror.
Novas versões e até uma continuação do filme foram produzidas, mas esta humilde colunista aconselha você a fugir delas como o diabo da cruz. Fracas e politicamente corretas, elas não fazem jus ao filme que lhes deu origem. A morte pede carona, só o original. E não tente entendê-lo. Apenas aproveite o medo.
A morte pede carona (The Hitcher)
Ano: 1986
Direção: Robert Harmon
Disponível em DVD e Blu-Ray
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.