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ARTIGO. Michael Almeida Di Giacomo e uma corrida (maluca?) planetária pela vacina contra o corinavírus

A expectativa da humanidade de uma vacina eficaz no combate à Covid-19

Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)

Nesse tempo de angústias e incertezas, causados pela pandemia global, acredito que o momento mais esperado pela humanidade é o anúncio de uma vacina que seja eficaz contra a Covid-19. Os esforços de governos e da indústria farmacêutica nos faz “sonhar” que em 2020, antes do final do ano, já será possível ter uma resposta concreta para, ao menos, algumas das mais de 130 iniciativas em vigor.

É de se reconhecer ser uma tarefa muito difícil. Mas o ineditismo da doença e seus efeitos nocivos, não somente nas pessoas, mas também na economia das nações, é o princípio motivador a ser destacado para o investimento de uma quantia considerável de recursos financeiros no encontro da substância libertadora.

E nessa corrida para ver qual laboratório alcança o primeiro resultado satisfatório, a considerar a desídia de alguns líderes mundiais sobre a letalidade da doença, não era outro o contexto a se esperar que não fosse também uma situação de dúvidas e questionamentos sobre procedimentos e a possível eficácia de alguns dos estudos ora apresentados.

O primeiro embate exteriorizado tem a ver com o anúncio da Rússia de que sua vacina, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, não será reconhecida pela comunidade cientifica internacional. O argumento usado tem por fundo a falta de publicação, em revistas cientificas internacionais, dos experimentos realizados nas fases 1 e 2 da produção da vacina.

O Kremlin afirma que em outubro terá condições de ter à disposição da população a substância que irá imunizar os russos. A expectativa é grande. Os EUA, por sua vez, investem bilhões de dólares nas farmacêuticas Moderna, Pfizer, J&J e AstraZeneca. E, conforme a Organização Mundial da Saúde, das quatro citadas, a vacina de Oxford é a mais adiantada no encontro de resultados seguros.

Entre estudos, pesquisas e as relações políticas no âmbito internacional, a busca pela fórmula “mágica”, que irá colocar algum desses países no topo da comunidade cientifica internacional, acabaram por despertar uma “adormecida” rivalidade entre russos e norte-americanos, com ares de uma “guerra-fria”.

Nesse cenário, nações como os EUA, o Canadá e o Reino Unido acusaram que o grupo de hackers “APT29”, tentou roubar informações de pesquisadores e que sua atuação pode ser ligada como parte do serviço de inteligência russo.

No cardápio de espionagem também foi inserida a China. O gigante asiático foi denunciado pelos EUA que afirmam ter tido violada a propriedade intelectual de empresas no país e, também, estudos sobre a vacina da Covid. A ação teria sido realizada por dois hackers chineses, Li Xiaoyu e Dong Jiazhi, e, segundo os norte-americanos, estavam a serviço do ministério de Segurança do Estado da China.

Que a humanidade não consegue unanimidade em questões de ordem política, econômicas, ou cientificas, não é novidade. Também, nem de longe é possível afirmar que as acusações não tenham fundamento, afinal a espionagem industrial é inerente ao processo de criação de inúmeros produtos. Há vários julgados condenando esse tipo de prática.

E nesse cenário, típico de um filme de 007, mesmo no enfrentamento de uma pandemia a afetar a todos, de forma indiscriminada, o viés político parece prevalecer sobre o bom senso que deveria permear a racionalidade humana.

E ficamos nós, a humanidade, a esperar que a expertise dos cientistas possa dar uma resposta real ao mal que nos aflige e, assim, possamos voltar à normalidade, ou à nova realidade que nos espera. São tempos intensos.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do editor: A imagem (sem autorida determinada) que ilustra este artigo, é uma reprodução da internet. Foi extraída deste site: AQUI.

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Um Comentário

  1. Aparentemente os russos não realizaram a fase três dos testes da vacina. Porém é de bom grado não acreditar tudo o que sai na mídia ocidental a respeito da Rússia e de Putin. Alás, o conjunto de valores daquele pais é diferente, logo fazer julgamentos morais não leva a lugar algum.
    Existe um guerra cibernética no mundo, foge aos noticiários, assunto especializado e que é tão dinâmico quanto a bolsa de valores. Grupos hackers dão a possibilidade de negar plausivelmente a autoria pelo Estado acusado.
    Propriedade intelectual é algo que a China nunca respeitou e não dá sinais de respeitar. Um dos motivos pelos quais a OMC praticamente implodiu. Alás, ultima minuta de tratado dos americanos com os chineses tinha o segredo comercial como primeiro tópico e a propriedade intelectual vinha em segundo lugar.
    Tecnologia da vacina de Oxford, por exemplo, custou caro para desenvolver. Ao invés de utilizar vírus atenuados ou mortos, um vírus que ataca os chipanzés (inócuo para os seres humanos) é geneticamente editado para ficar parecido com o corona e provocar resposta imunológica em humanos.

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