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Eleições 2006. Com Cláudio Lembo de amigo, pra que Geraldo Alckmin precisa de inimigo?

Às vezes, a notícia nos cai no colo. Sim, acontece. Mas é preciso sorte. E, claro, talento. O segundo, nunca duvidei, jamais faltou ao jornalista Bob Fernandes, com o qual tomei contato lendo seus artigos na revista Carta Capital. Da primeira, eu já havia tido indícios quando li reportagem que ele assinou sobre o golpe militar (frustrado) contra Hugo Chaves, há alguns anos. Fernandes estava em Caracas para entrevistar o presidente venezuelano, exatamente nos dois dias em que durou a intentona. E mais, deeeentro do Palácio de Governo. Sorte pura. Somada à competência, significou um material jornalístico único, insuperável.

Em maio, o editor do site Terra Magazine foi competentíssimo ao entrevistar o governador paulista Cláudio Lembo, logo após o início da primeira onda de ataques do Primeiro Comando da Capital, o PCC. Na ocasião, Lembo – que, ninguém esqueça, é do PFL – desancou sobre a “elite branca e racista”, a responsável última pelo caos social. Foi o maior forrobodó. Afinal, o pefelista (lembre-se, mais uma vez) deu o maior pau no … PFL. E, também, no PSDB, do seu antecessor, Geraldo Alckmin.

Foi uma grande entrevista de Bob Fernandes. Se você quiser rememorar, vai ao mapa, chegue em maio, no dia 19, e (re)leia a nota “Guerra Civil. Cláudio Lembo solta o verbo”. Um achado jornalístico de um profissional competente. Ah, e dedicado – como se precisa ser.

Pois não é que o raio caiu duas vezes no mesmo lugar?! Isso mesmo, agora, Fernandes foi de novo a Lembo. Queria tratar sabe-se lá do quê. E ouviu o que sequer esperava – e mostrou sua surpresa evidente no próprio texto. O governador paulista, um pefelista (repita-se mais uma vez) simplesmente disse que a eleição dificilmente não terminará no primeiro turno. Enfim, “decretou” a derrota antecipada do candidato dele próprio, o tucano Geraldo Alckmin.

Nem é preciso dizer o rolo que deu. Até este momento, de ACM pra baixo, dê-lhe bronca em Lembo. Que, aliás, aparentemente, não está nem aí. Reproduzo, a seguir, mais uma talentosa obra de um jornalista brilhante. Confira:

”Lembo: “Caminhamos para definição no 1º turno”
O último parágrafo da introdução a esta entrevista foi escrito na noite de 18 de maio, logo depois de uma entrevista com o governador de São Paulo, Cl?dio Lembo (PFL), no Palácio dos Bandeirantes, e publicado na manhã seguinte. Terra Magazine reproduz o mesmo parágrafo porque tudo ali continua valendo – em relação aos fatos e à persona do governador. Três meses depois, em outra conversa nos Bandeirantes, Lembo outra vez surpreende Terra Magazine. Não pelo seu bom humor, sutileza, mordacidade e inteligência, que seguem os mesmos, mas pela sua capacidade de dizer exatamente o que pensa. E ele, outra vez, disse o que pensa. O mais desabrido, sobre a sucessão presidencial em curso:

Terra Magazine: Governador, peço que senhor nos diga como percebe a sucessão presidencial hoje. Qual sua expectativa?
Eu creio que poderá haver uma mudança sim, se acontecer um fenômeno muito especial. Nesse momento creio ser bastante difícil uma vitória do candidato da oposição.

Do Geraldo Alckmin?
O próprio Geraldo…ele está numa posição muito complexa porque a diferença entre ele e Lula é muito grande. A não ser que aconteça um episódio totalmente inusitado.

Quantos anos o senhor tem na política?
Ah… mais de 40.

Com a sua experiência, o senhor imagina que haveria segundo turno ou nem isso?
No dia de hoje não. Não vejo condições de haver segundo turno nesse momento. Principalmente em razão da popularidade do governo. Uma coisa incrível face a uma comparação com os governos anteriores.

A eleição, então, praticamente hoje está…
É um momento difícil hoje para a eleição. Acho que nós estamos indo para a definição num primeiro turno.

Há um assunto que passa pelo seu Palácio, que passa pela sua mesa, que pareceu uma tentativa de politizar a crise policial, criminal de São Paulo. O que aconteceu? Existiram conversas de bandidos? O senhor teve acesso a conversas de bandidos? (NR: Em fitas gravadas pela polícia criminosos falam em atacar “políticos do PSDB…e não do PT”) O senhor teve informação de que isso existia? Me parece que havia uma escalada, uma preparação para algo…
Eu diria que realmente houve documentos dos bandidos… “


PARA LER A ÍNTEGRA da entrevista, acesse o site do Terra Magazine na internet, no endereço http://terramagazine.terra.com.br/.

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