Da CNBB. Autoridades da Igreja também estão justamente embrabecidas com a Veja
A indignação, sentimento exposto pelo prefeito Valdeci Oliveira (e que também é o meu, só que estou reagindo a meu modo) em nota que publiquei agora há pouco, igualmente tomou conta do projeto Esperança-Cooesperança, que lançou nota assinada por sua coordenadora, a irmão Lourdes Dill , enaltecendo as ações em vida de Dom Ivo Lorscheister. E que foram injustamente (para dizer o mínimo) vilipendiadas pela revista Veja, na edição que está circulando.
Mas a reação nacional da Igreja, ou pelo menos de seus bispos, também não tardou. Tanto que ontem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou, em sua página na internet, documentode protesto em relação ao que escreveu a Veja, na seção Datas, sobre o bispo emérito de Santa Maria.
Lembremos, a propósito, que Dom Ivo Lorscheister foi um dos mais ativos prelados brasileiros em defesa da democracia e de combate ao regime militar. Isso quando muitos dos que estão, hoje, em postos importantes no País, inclusive no jornalismo, se escondiam. Por isso a justa ira. Ah, e Dom Ivo exerceu as funções de secretário geral e presidente da CNBB nos chamados anos de chumbo.
Reproduzo, a seguir, a nota da entidade que congrega os bispos brasileiros. Ela é assinada pelo presidente (Cardeal Geraldo Magela Agnelo, arcebispo de Salvador, BA), pelo vice (Dom Antonio Celso de Queirós, bispo de Catanduva, SP) e pelo secretário geral (Dom Odílio Pedro Scherer, bispo auxiliar de São Paulo, SP). Confira:
DOM IVO NO BANCO DOS RÉUS?
Dom José Ivo Lorscheiter, bispo emérito da diocese de Santa Maria-RS, ex-secretário-geral e ex-presidente da CNBB, por 16 anos, faleceu no dia 05.03.07. Pastor dedicado ao povo, ele doou sua vida pela Igreja e pelo Brasil em momentos difíceis da nossa história recente.
Assistimos nestes dias, após sua morte, a uma apresentação de sua memória através dos meios de comunicação; o livro de sua vida vem mostrando páginas que o dignificam. Seus méritos são confirmados por todos aqueles que o conheceram de perto e privaram de sua amizade; por aqueles que têm senso de justiça e verdade.
Dom Ivo contribuiu para a solidificação da colegialidade episcopal e valorizou a missão dos colegas bispos. Naquela hora do Brasil, foi a pessoa certa para a defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa; seu testemunho de vida confirmou a certeza evangélica de que o maior é aquele que serve.
No entanto, como acontece geralmente na biografia dos grandes pastores, não faltaram incompreensões e injustiças contra o seu testemunho. Não é justo falar, como faz a Revista Veja (cf. Veja, 14 de março de 2007, p. 84), que Dom Ivo politizou o Evangelho para o bem e para o mal. Sem meias palavras, a referida Revista acusa o bispo de um crime: o bispo também apoiou a criação de bandos armados que, a pretexto de lutar pela reforma agrária, deram origem ao MST.
Onde estão esses bandos armados? Qual foi o nome deles? Como se explica que o sistema de segurança da época não denunciou nem processou Dom Ivo? A quem interessa uma segunda morte de Dom Ivo Lorscheiter?…
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