Crônica. Daiani Ferrari e as incríveis coisas que a pessoa faz para ser aceita pela outra

“…Lá em São Borja tinha uma mulher (a semelhança com algum programa de televisão é mera coincidência) que não tinha vida própria. Vamos chamá-la de Maria. Tudo que a vizinha fazia, ela fazia igual. Copiava descaradamente. Se a vizinha cortava o cabelo, Maria fazia o mesmo. Era capaz de ir ao mesmo cabeleireiro e dizer: “quero ficar igual à fulana”. Também fiz isso quando cortei o meu. Disse que adoraria o corte idem ao da moça do cartaz. Mas com ela era demais. Roupas, cor de esmalte, jóias, até o cachorro era da mesma raça. Um era o Deby e o outro o Loyd.

A fulana até se sentia mal, mas nunca reclamava, pois julgava ser uma doença, um distúrbio, algo realmente sério e não apenas um capricho. E assim foram. Por anos e anos. Até que a Maria veio a falecer. Ela tinha um diário que em várias de suas páginas continham a frase “quero ser igual à fulana”. E lendo página após página foi descoberto que não era inveja, nem ódio ou mesmo qualquer destes sentimentos tacanhos e provincianos. Era apenas desejo de aceitação. Ela queria ser igual para que a fulana a aceitasse…”

Os parágrafos acima fazem parte da crônica “A Maria e a fulana”, escrita pela jornalista Daiani Ferrari, colaboradora semanal deste site. Para conferir o texto na íntegra, basta ir à caixa de Artigos, ao lado. Ele foi postado na manhã desta sexta-feira. Boa leitura!