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Degradação da Veja. Como a revista trata menos do leitor e mais do próprio interesse

Continuo a reproduzir, porque importante para compreender o comportamento da mídia grandona (e também da que se acha). Ela se preocupa muuuito  mais com seus próprios interesses (dos seus proprietários, claro) do que com o do leito – ao qual alegam defender. Pois sim!

 

O caso da Veja é o mais exemplar (embora não o único), entre todos. Quem resolveu, e tem credibilidade mais que suficiente para isso, fazer uma análise precisa da revista mais lida (e por isso o perigo para a sociedade) do país, é o jornalista Luis Nassif, um dos mais reconhecidos profissionais brasileiros.

 

Na sua página na internet (ele dirige a agência de notícias Dinheiro Vivo, especializada em questões econômicas, e com clientes entre os grandes e médios empresários nacionais), o ex-colunista da Folha de São Paulo e repórter, apresentador e comentarista da TV Bandeirantes (entre outros veículos) conta como um publicitário ganhou tanto espaço da Veja. E também relata outros episódios em que o que estava em jogo não era o leitor, mas as transações comerciais da Editora Abril. A seguir:

 

“A guerra das cervejas

 

Há muito tempo, o publicitário Eduardo Fischer recebe tratamento privilegiado da Veja, especialmente através da seção Radar. Esse apoio ficou mais ostensivo nas chamadas “guerras das cervejas”

 

As notas visavam criar expectativas em cima de suas campanhas, reforçar sua imagem, em um mercado onde a imagem tem efeito direto sobre o valor das contas.

Em 25 de junho de 2003, o Radar anunciava uma nova campanha na praça, da Shincariol, comandada por Fischer. Seu papel não seria de um mero publicitário:

 

“Eduardo Fischer – justamente o publicitário que inventou para a Brahma o slogan “a número 1” – estará à frente da esquadra da Schincariol. Ele não criará somente as campanhas publicitárias. Fischer se meterá também na distribuição, estratégia de preços, criação de novos produtos e tudo o mais.”  

 

Em 20 de agosto de 2003, o Radar falava de uma “ousada tacada” da Schincariol, que “viria nas asas de uma das maiores campanhas publicitárias que já se viram no setor de cervejas”. A idéia seria fazer desaparecer a marca Schincariol do mercado e, em seu lugar, criar uma nova marca para enfrentar a líder Skol.

 

Informava que “o publicitário Eduardo Fischer, comandante- em-chefe da virada da Schincariol, não confirma a informação. Mas onde há fumaça, há fogo – ou, neste caso, onde há espuma, há cerveja“. 

 

Em 18 de dezembro de 2003, uma grande matéria sobre a guerra das cervejas, mais uma vez enaltecendo  o trabalho de Fischer.

 

“A gota de água dessa guerra foi uma brilhante campanha de propaganda feita para a Nova Schin pelo publicitário paulista Eduardo Fischer. Em noventa dias, ao custo estimado de 80 milhões de reais, Fischer conseguiu elevar a participação de mercado da Schincariol de 10,1% para 14,1%, segundo dados da ACNielsen. O salto é estrondoso.”. 

 

Uma semana depois, em 24 de dezembro de 2003, através de um expediente bisonho abre-se novo espaço para Fischer, na seção de Cartas dos Leitores: a publicação de uma carta do próprio Fischer, dividindo as honrarias recebidas com sua equipe. (clique aqui):

 

“Agradeço a menção elogiosa feita pela revista à campanha publicitária produzida pela FischerAmérica para um de seus clientes, o Grupo Schincariol, mas gostaria de ressaltar que a realização de um importante trabalho criativo não pode ser creditada a uma só pessoa. Quero destacar que a “brilhante campanha de propaganda feita para a Nova Schin”, como a própria VEJA definiu, é fruto da competência, envolvimento e ativa participação de toda a equipe de criação da agência FischerAmérica, da qual muito me orgulho, em especial do diretor de criação, Átila Francucci.”  

 

Cada passo de Fischer na Schincariol era precedido de espuma, na Veja – quase sempre na seção Radar, às vezes na Holofote.

 

Em 14 de janeiro de 2004, um mês após as notas anteriores, nova nota no Radar antecipando mais um sucesso do publicitário…”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do artigo “A guerra das cervejas”, de Luis Nassif.

 

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