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Jornalismo. A prática sem o (ex-obrigatório) diploma e a infeliz analogia com os cozinheiros

Desde o fim da tarde de quarta-feira, há uma verdadeira comoção em torno da decisão do Supremo Tribunal Federal, que desobriga a necessidade do diploma de curso superior em Jornalismo para o registro profissional e o exercício da profissão. Muito pelo conteúdo – que constrange boa parte da categoria. E bastante pelas analogias feitas por ministros, inclusive o presidente do STF, o notório Gilmar Mendes.

 

Quem, dentre as muitas opiniões que li, melhor tratou do tema, sem se colocar contra ou a favor à exigência agora inexistente, foi o experiente jornalista Paulo Moreira Leite, da revista Época. Que, inclusive, fez uma intaeressante e apropriada alusão a Werner Herzog, assassinado pelo regime militar, em 1975. Vale a pena ler, creia, a seguir:

 

“Jornalista é igual a cozinheiro?

Quando o Supremo Tribunal Federal decidiu abolir o diploma de jornalista como exigência para o exercício da profissão, uma imagem veio a minha cabeça – esta foto que você pode ver aí acima (ao lado), de Vladimir Herzog, morto em outubro de 1975, no DOI-CODI paulista.

Conheci Herzog na revista Visão, onde ele era um editor exigente e perfeccionista, que me ofereceu alguns frilas quando eu me iniciava na profissão. Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura, em São Paulo, quando foi conduzido para aquela dependência militar – de onde não saiu com vida. Para muitos jovens de minha geração e especialmente das gerações futuras, Herzog foi um exemplo de coragem e capacidade de resistência.

Muitas décadas se passaram desde então. Vivemos numa democracia estável.Os tempos mudaram. Jornalistas são ameaçados no Oriente Médio, na América Central, no Irã. Raramente no Brasil.

Não fiz faculdade de jornalismo. Não tenho uma visão definitiva sobre a exigência do diploma. Acho que, em qualquer caso, o jornalismo é uma profissão que exige preparo técnico, envolve uma preparação profissional cada vez maior.

Ontem, ao justificar o fim do diploma, Gilmar Mendes, presidente do STF, usou palavras assim: “Quando uma noticia não é verídica ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia nesse sentido por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão”, disse.

Mendes apontou para uma semelhança original, entre o trabalho de um jornalista e o de um cozinheiro. Ele disse: “Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito…”

 

PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outras notas e artigos do jornalista Paulo Moreira Leite, da revista Época.

 

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