O Colonialismo e a Política Externa dos Estados Unidos no Século XXI: a tentativa de domínio sobre a Groenlândia e a Nova Política Comercial – por José Renato Ferraz da Silveira e Gabriela Martins de Oliveira

O colonialismo e o imperialismo na era moderna, desde a época das grandes navegações, raramente registraram declarações tão claras de um dirigente político reconhecido ao proclamar a “necessidade” de dominar territórios sob soberania estrangeira. Sob essa ótica, em dezembro o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou:
“Para fins de segurança nacional e liberdade em todo o mundo, os Estados Unidos da América sentem que a posse e o controle da Groenlândia são uma necessidade absoluta.”
Dessa maneira a declaração revela, de maneira explícita e incomum, a disposição dos Estados Unidos em romper princípios basilares do Direito Internacional, notadamente a soberania dos Estados e a não intervenção em territórios reconhecidos, como estabelece a Carta das Nações Unidas. Nunca antes, em um mundo já completamente mapeado, delimitado e regido por normas internacionais, havia-se testemunhado uma manifestação tão deliberada de desprezo ao sistema jurídico internacional.
A proposta de aquisição da Groenlândia não foi feita com base em argumentos étnicos ou linguísticos – como a justificativa utilizada por Vladimir Putin na Crimeia -, mas sim, fundamentada em uma lógica abertamente imperialista de segurança nacional. Trump pretende invadir a Groenlândia apenas porque sua condição dinamarquesa ameaça a segurança dos EUA?
Tradição e Renovação na Política Externa dos Estados Unidos
Consequentemente, o episódio evidencia uma tentativa de Donald Trump de reviver práticas expansionistas características da história norte-americana. A exemplo disso, no final do século XIX, o presidente William McKinley anexou o Havaí, à época um reino soberano em funcionamento. Seu sucessor, Theodore Roosevelt, destacou-se na guerra hispano-americana, consolidando a presença dos Estados Unidos em antigas colônias espanholas no Caribe e no Pacífico.
Durante o todo o século XX, a expansão das fronteiras americanas foi simbolizada por duas estratégias principais: a “política da porta aberta” e a “construção de um império” (PECEQUILO, Cristina Soreanu). Com o território continental plenamente ocupado e uma economia e sociedade fortalecidas, os Estados Unidos buscaram no cenário internacional novos espaços para exercer influência e resolver dilemas internos.
Diante da dicotomia entre tradição e renovação, a política externa norte-americana reinventou sua atuação, permitindo a superação de dificuldades internas e a consolidação da hegemonia global. Após o breve declínio no cenário pós-Guerra Fria, os Estados Unidos reafirmaram sua liderança mundial. Contudo, a abordagem adotada por Trump sinaliza uma mudança importante: a manutenção da hegemonia por meios cada vez mais agressivos e unilaterais.
2025 e a Mudança Radical na Política Comercial Norte-Americana
Em 2025, Trump se engaja em um projeto de política comercial caracterizado pelo unilateralismo, intervencionismo e agressividade. A retórica de “os nossos amigos muitas vezes são piores que os nossos inimigos” reflete uma postura de desconfiança em relação até mesmo aos tradicionais aliados dos Estados Unidos.
Com a imposição de tarifas abrangentes – China (taxa de 34%), União Europeia (20%), Japão (24%), Brasil (10%) – “Além disso, Trump também confirmou uma tarifa de 25% sobre todos os veículos importados, em uma clara tentativa de proteger a indústria automotiva local” (LexLegal Brasil).
Trump inicia a mais radical transformação da política comercial norte-americana desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939–1945). De acordo com o The Wall Street Journal, a tarifa básica sobre as importações chinesas poderia chegar a 54% após 9 de abril de 2025. Contudo, essas medidas têm implicações econômicas significativas. O aumento de tarifas pode pressionar o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, elevar preços ao consumidor e reduzir a confiança na economia, trazendo riscos de recessão, desemprego e estagflação – a combinação de estagnação econômica e inflação elevada. De fato, sinais de desaceleração no consumo já haviam sido observados em fevereiro de 2025, mesmo antes da implementação oficial das tarifas.
No mercado financeiro, o impacto foi imediato: no dia seguinte ao chamado “dia da libertação”, o dólar se desvalorizou e as bolsas globais registraram quedas acentuadas, indicando a preocupação dos investidores com a estabilidade econômica internacional.
Continuidade ou Declínio da Hegemonia Americana?
Se o século XXI começou marcado pela hegemonia norte-americana, o ano de 2025 poderá representar tanto a consolidação dessa liderança – ainda que de forma mais predatória e unilateral – quanto o início de um declínio mais acentuado do Império americano. A forma como os Estados Unidos lidam com seus parceiros, suas alianças e as normas internacionais nas próximas décadas será determinante para definir seu papel futuro na ordem global.
(*) José Renato Ferraz da Silveira, que escreve às terças-feiras no site, é professor Associado IV da Universidade Federal de Santa Maria, lotado no Departamento de Economia e Relações Internacionais. É Graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP e em História pela Ulbra. Mestre e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Colunista do Diário de Santa Maria. Participou por cinco anos do Programa Sala de Debate, da rádio CDN, do Diário de Santa Maria. Contribuições ao jornal O Globo, Sputnik Brasil, Rádio Aparecida, Jornal da Cidade, RTP Portugal. Editor chefe da Revista InterAção – Revista de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) (ISSN 2357- 7975) Qualis A-2. Editor Associado da Scientific Journal Index. Também é líder do Grupo de Teoria, Arte e Política (GTAP)
Gabriela Martins de Oliveira é graduanda do 5º semestre em Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Participa do Grupo de Teoria, Arte e Política, integra como extensionista o GIDH – Gênero, Interseccionalidade e Direitos Humanos, e atua como co-coordenadora do Coletivo Manas – RI, voltado para debates sobre os papéis de gênero nas Relações Internacionais da UFSM. Seus principais interesses de pesquisa incluem análise de política externa, questões ambientais e as interseções entre gênero e Relações Internacionais. (gabriela.martins@acad.ufsm.br)
Resumo da opera IV. Biden tinha um plano de ampliar a internet banda larga ianque. Destinou 42 bilhões de dolares para o ‘projeto’. Burocracia e politicagem foram tão grandes que não saiu do papel. Não é só aqui. Por lá coisas como estas não faltam. Negocio é ficar de olho aberto para quem faz muitos anuncios.
Resumo da opera III. Por incrivel que pareça maquinas de fax ainda são muito utilizadas na Alemanha (outro lugar onde a bolsa despencou, saldos positivos na balança comercial desde sempre). E no Japão. Secretario do Tesouro ianque comentou numa entrevista que quando entrou na faculdade nos anos 80 existia uma linguagem de programação chamada Cobol. Muito utilizada na epoca. Maioria dos sistemas do Tesouro ianque ainda são nesta linguagem, inclusive o imposto de renda.
Resumo da opera. Elon Mush, também prejudicado no caso das tarifas, tem saida programada para maio. Midia já vai tentar vender como ‘racha’. Vermelhos militantes comemoram o fim do Doge. Ignoram que a equipe está sendo distribuida nas secretarias.
Resumo da opera. Parte estrutural e parte estratégia de negociação, quem disse que sabe o rumo das coisas está mentindo. Alguns vão se dar mal, outros muito pelo contrario. Brasil saiu de lombo liso, pegou a tarifa basica de 10%. Apple se ferrou, taxa chinesa. Samsung ficou com a tarifa coreana, 25%, praticamente a metade. Vietnam ofereceu zerar as tarifas para os produtos ianques, no que foi perguntada ‘e como ficam as barreiras não alfandegárias?’. Importadores ianques de roupas e tenis esperam a resposta ansiosamente.
Constatação rápida. Antiamericanismo, antitrumpismo. Seria direito se não fosse travestido de analise academica. O que nunca se vê? Análise da economia artificial chinesa, dumping, dumping social, aquisição só de materias primas tupiniquins e nunca produtos acabados, etc.
‘ A forma como os Estados Unidos lidam com seus parceiros, suas alianças e as normas internacionais nas próximas décadas será determinante para definir seu papel futuro na ordem global.’ Mais uma obviedade.
‘[…] o ano de 2025 poderá representar tanto a consolidação dessa liderança […] quanto o início de um declínio mais acentuado do Império americano’. E todas as outras possibilidade no meio do caminho. Bota ‘analise’ nisto.
‘O aumento de tarifas pode […]’. Pode acabar o mundo. Barril do petroleo Brent está 65 dolares.
Ideias do Agente Laranja não vem da semana passada, reapareceu um video de uma entrevista dele de 1988 para a Oprah sobre o assunto. E so procurar no Google.
A teoria das vantagens competitivas tem problemas que os economistas gostam de empurrar para debaixo do tapete. “Os que perderem emprego podem fazer outra coisa’. Como se a mão de obra fosse infinitamente flexivel, uma pessoa poderia apertar parafusos hoje e amanha pode estar programando computadores. Algo que dependendo da idade ou do grau de instrução não vai acontecer. Alas, Brasil ficaria condenado a exportador de commodities.
Agressividade fica para os mais ‘sensiveis’. ‘A retórica de “ […] os nossos amigos muitas vezes são piores que os nossos inimigos” reflete uma postura de desconfiança em relação até mesmo aos tradicionais aliados dos Estados Unidos.’ Ianques tinha um mercado aberto. Comprava de todos. Quando tentava vender os produtos deles encontrava barreiras. Pergunta do Agente Laranja é valida, ‘porque se ve carros europeus e japoneses nos EUA e na Europa e no Japão não se ve carros americanos?’.
Parte da ‘historia’ que fica de fora. Agente Laranja fez o mesmo discurso a respeito do Canal do Panamá. Sumiu do noticiario. Por quê? Porque um consorcio ligado ao fundo de investimentos BlackRock adquiriu os portos de Balboa e Cristobal por quase 23 bilhões de dolares, algo que era interesse ianque.
Mais ou menos como na questão do tarifaço. As bolsas ‘derreteram’, ‘afundaram’, etc. Olhando os indices foi facil notar que o SP500 tinha caido algo como 6%. No Japão a coisa foi feia, mas o pais já esta quebrado faz tempo e perder o mercado ianque é uma paulada. Todo mundo que perde alguma coisa fica gritando que ‘o mundo vai acabar’. Como se o Agente Laranja ‘desse bola’ para gritaria. Até o pessoal da CNN Brasil quer ‘salvar o Trump dele mesmo’. Outra conta que não fecha.
‘Trump pretende invadir a Groenlândia apenas porque sua condição dinamarquesa ameaça a segurança dos EUA?’. Qual a origem da ‘informação’? Sim, porque ianques estão reduzindo os gastos em defesa, incluindo a redução dos efetivos em 90 mil cabeças. Como é evidente a conta não fecha.
‘A proposta de aquisição da Groenlândia não foi feita com base em argumentos étnicos ou linguísticos […], mas sim, fundamentada em uma lógica abertamente imperialista de segurança nacional.’ É dificil, mas se perguntarem a alguém que manje de historia e não tenha motivos para esconder ‘detalhes’ responderá que os ianques tentaram adquirir a Groenlandia em 1867, 1910, 1946, 1955. 2019 e agora 2025.
‘[…] romper princípios basilares do Direito Internacional, notadamente a soberania dos Estados e a não intervenção em territórios reconhecidos, como estabelece a Carta das Nações Unidas. Nunca antes, em um mundo já completamente mapeado, delimitado e regido por normas internacionais, […]’. Kuakuakuakuakuakuakua! Uma pista: normas internacionais não passam de textos. O fulcro é o sonho dos bunda moles de viverem num mundo onde a força seria totalmente abolida e as coisas seriam geradas por burocratas.
Agente Laranja fez uma (ou varias) declaração. Nada mais do que isto.
‘Colonialismo’ é coisa que só se fala nas redações e na academia. Groenlandia tem população menor que São Gabriel. Além disto a dita cuja está encolhendo, a taxa de natalidade é 1,8 criança por mulher, mas algumas fontes falam em 1,3.
O busilis todo é que tentar enganar os outros é bastante ofensivo. Principalmente se for infantilmente.
Esta é daquelas. Um texto com vies obvio. Qualquer correção dos fatos ou contraponto fica parecendo ‘defesa’, o que serve para os vemelhos utilizarem as desqualificações de praxe.