ELEIÇÕES 2010. Por que Dilma quer, e Serra não, a polarização entre Lula e FHC
Se leu, ótimo. Se não, talvez fosse conveniente conferir as duas notas imediatamente anteriores, logo abaixo. Nelas você conheceu as posições dos principais protagonistas do pleito presidencial do próximo ano e, provavelmente, a estratégia eleitoral da dupla de poderosos contendores em busca do principal cadeira do Palácio do Planalto. Essa idéia foi claramente exposta em dois episódios do mesmo dia, a sexta-feira, e muito bem pinçados pelo jornal O Estado de São Paulo, em sua edição do sábado.
O fato é que Dilma Rousseff, a virtual candidata do PT à Presidência, tentará de todas as formas fazer com que o pleito seja plebiscitário. Isto é, um confronto entre as administrações de Luiz Inácio Lula da Silva (seu mentor) e Fernando Henrique Cardoso. De outro lado, o muito provável (para não dizer certo) concorrente oposicionista, José Serra, do PSDB, deixa claro que, para ele, isso não faz sentido, na medida em que tanto Lula quanto FHC não são candidatos.
A questão é: por quê? Ora, isso parece óbvio a ambos. Dilma pretende a polarização por entendê-la favorável ao seu próprio desejo, escorada na estratosférica popularidade de Lula. Serra não a deseja pelo mesmo motivo (embora não possa confessá-lo publicamente, claro): ele também acha que Lula, se colocado no centro da queda de braço, poderá defini-la em favor de sua oponente. Portanto, não interessa o “plebiscito”: que lhe será imensamente desfavorável. Basta a comparação de percentuais de aprovação dos dois governos para garantir prejuízo ao concorrente tucano.
OPINIÃO CLAUDEMIRIANA: não há nenhum indicativo de que voto possa se transferir de um nome a outro. Exemplos históricos existem para os dois lados. Fiquemos com um municipal e outro estadual, ainda que, reconheço, simplificados. No ano passado, Lula não foi suficiente para Paulo Pimenta derrotar Cezar Schirmer. Em 1989, Leonel Brizola transferiu toooodos os seus votos gaúchos para Lula, no segundo turno presidencial.
Dito isto, só o decorrer da campanha e como os protagonistas (e os concorrentes acessórios que também estarão na briga) se comportarão poderá definir um padrão. De todo modo, a percepção, hoje, de Dilma e Serra, cá entre nós, é a mesma. Lula pode ser “o cara”. A prova está no desejo de Serra, que pretende ver o Presidente (e sobretudo o seu, Fernando Henrique) bem longe da disputa..
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