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GULOSA. São Gabriel põe a Corsan para correr. Adivinha quem é a substituta? Hein? Isso mesmo, a Revita

Tudo no dia 29, a última sexta: a súmula do contrato com a Revita...

A Revita Engenharia S/A e seus dirigentes devem estar bastante faceiros. Eles e os que dirigem a Vega, da qual é subsidiária. E mais ainda, talvez, os controladores do Solvi – grupo proprietário das duas empresas. Afinal, com uma gula incrível, em 45 dias, só no interior gaúcho, a Revita assume serviços importantes, com faturamento pra lá de interessante, em nada menos que três cidades.

A primeira foi Pelotas, em dezembro. Ali, a empresa, via carta-convite, ABOCANHOU a coleta de lixo até então nas mãos da santa-mariense PRT – cujo contrato, a exemplo de Santa Maria, foi rescindido. A segunda foi São Gabriel. Hein? Sim, mas ali não é a coleta de lixo – aliás, muito bem feita por uma outra empresa santa-mariense, que poucos conhecem mas está demonstrando sua competência (a ANSUS – de capital inteiramente da boca do monte).

... e o decreto municipal que afasta a Corsan da terra dos marechais

O que a Revita fará na terra dos marechais? Bem, ler o Diário Oficial do Estado, como se sabe, já rende frutos. Ou notícias exclusivas, na verdade. O que pode ser a mesma coisa. Pois olha só o que este (nem sempre) humilde repórter encontrou, na página 129, da edição de 29 de janeiro, a última sexta-feira:

1) a súmula do contrato estabelecido entre a prefeitura gabrielense e a Revita Engenharia S/A em que, sem licitação (atendendo aos reclamos da urgência, pela natureza dos serviços), a empresa passa a substituir a Corsan. Ah, e por conta disso receberá R$ 720 mil a cada mês. O prazo do contrato não está na súmula.

2) Na mesma página (concluindo na seguinte, 130) encontra-se publicado o Decreto Executivo 010/2010, assinado pelo prefeito Rossano Gonçalves. Nele estão as razões para o fim do contrato de concessão com a Corsan, a determinação de que todo o patrimônio da companhia seja retomado pelo município.

Quem quiser ler, terá que ir ao Diário Oficial. Aqui (até porque a nota apenas quer mostrar a gula, que é do legítimo jogo capitalista) o interesse é mostrar o quanto a Revita está se tornando importante. E,como você viu em texto anterior, seus controladores estão bem longe de Santa Maria, e do próprio Rio Grande do Sul.

EM TEMPO: as razões para o distrato entre São Gabriel e a Corsan poderiam render uma boa discussão. Principalmente porque lá o pessoal cansou. Aqui, aparentemente, não. E, também, é preciso reconhecer, as circunstâncias contratuais são diferentes – o que dificulta uma decisão final de Santa Maria. É o que aparenta.

EM TEMPO 2: minha fonte para a notícia exclusiva, tornada pública na segunda-feira passada, acerca do consórcio do transporte coletivo em Santa Maria, deve ter-se equivocado em algo. E, por conta disso, editei informação ainda não confirmada. Até esta terça-feira, o tal decreto criando o “Sistema Integrado Municipal” (SIM) não foi publicado. Pelo menos não no Diário Oficial do Estado.

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Um Comentário

  1. @Rogério Ferraz
    Seu posicionamento diante do tema é plenamente respeitável e deve ser fruto dos seus vinte e sete anos de atuação na CORSAN. Diante de alguns pontos que apresentaste, faço algumas observações:
    1. Pelo que escreveste o modelo como hoje está formatado não serve. Se uma questão tão importante como os serviços de água estão sujeitos às vontades dos governos, este modelo é, no mínimo, capenga. O modelo deve ser alterado de tal forma que os serviços tenham um padrão de qualidade independente de governos. De que forma? Não sei.
    2. Não tenho certeza do que você quer dizer com a “privatização da água” ocorrida na Bolívia. Mas reforço a minha posição apresentada na minha postagem anterior. A gestão dos recursos hídricos deve ser pública. Vejo algumas vezes a tentativa de confundir o debate quando tentam misturar a gestão dos recursos hídricos com os serviços de saneamento. Dentro de minha modesta opinião, não admitiria a privatização da água (recursos hídricos), mas posso admitir a iniciativa privada na execução dos serviços;
    3. Eu citei que poderia haver espaço para a o setor privado nos serviços desde que com uma forte regulação. Você respondeu com o argumento de que as agências reguladoras não são confiáveis e citou a AGERGS. Bueno, se não podemos confiar nas agências reguladoras, isso é outro problema da mesma forma que eu não confio hoje na direção da CORSAN com todas as mazelas que sabemos existem historicamente;
    4. Respeito as tuas opiniões quanto a origem da crise mundial, mas não sei por que usaste este argumento numa resposta as minhas manifestações. Não defendo a privatização desvairada e inconsequente. Defendo ferrenhamente a gestão pública eficiente e a gestão pública dos recursos hídricos é uma questão que considero inegociável.
    Abraço

  2. O Poder Público Estadual é indispensável para a prestação dos serviços de saneamento ambiental, pelo interesse em tratar melhor das regiões ou bacias envolvidas e pela necessidade de universalizar o acesso à população.
    Considerando que a Lei estabelece poder aos municípios de prestar ou, melhor, conceder estes serviços, é estratégico e preponderante ao Poder Estadual responder aos municípios com uma gestão e representação qualificadas.
    O que ocorre na vida real, aqui no Rio Grande do Sul, é a presença de componentes que inibem esta relação qualificada entre o Estado (CORSAN) e os Municípios, onde precisamos apontar oportunidades de melhoria.
    Sabemos que a CORSAN, especialmente com a criação e com o trabalho suportado por uma Diretoria Técnica, busca boas práticas de gestão e desenvolve metodologias para suas localidades. A Empresa desenvolve melhores métodos para o atendimento dos usuários, o controle de gastos, a utilização dos recursos humanos, o desenvolvimento tecnológico na operação dos sistemas.
    Na medida em que a Empresa busca alinhamento às regras consolidadas de gestão pública, é natural que os gargalos aflorem, os riscos ficam expostos.
    A Empresa precisa, por exemplo, estabelecer gestão qualificada nos municípios, superando as velhas práticas de apadrinhamentos políticos e de corporativismos, promovendo pessoas melhor capacitadas para a representação dos serviços nas localidades.
    Defender a CORSAN, uma empresa mais profissional, é pensar no interesse maior que ultrapassa as pretenções de um determinado município. A água pertence a um manancial que integra diversos municípios; o povo espera do estado a garantia do acesso igualitário aos serviços essenciais.
    Vamos conversar melhor com os nossos filhos e reconhecer que o Planeta carece de ações solidárias e de soluções sustentáveis, que não podemos mais conviver com essa lógica de olhar só para o nosso umbigo. Santa Maria e São Gabriel fazem parte de um eco-sistema, e este debate pode superar os interesses específicos de alguns lugares.

  3. é um ótimo debate é só lembrar que a CORSAN em Santa Maria tem sido usada como moeda de troca nas coligações políticas teve até pessoas que trocavam de partido só para ficar com a superintendência claro que tem problemas na CORSAN mas e os investimentos que deveriam estar acontecendo como é de praxe é só em ano eleitoral que acontece alguma coisa.

  4. @Márcio Dutra
    Márcio
    Não te parece que é exatamente isto que este tipo de governo quer? Quem deveria atuar e prestar um bom serviço ao usuário da empresa pública se exime. A privatização aos moldes do Britto já não é mais possível, então sucateia-se ao extremo que o próprio povo exigirá mudança. E assim os interesses particulares de certos políticos que enriquecem com esta venda do patrimônio público, vão prevalecendo.
    Na bolívia após a privatização da água, houve batalhas nas ruas com o povo exigindo a reestatização do setor, pessoas inocentes morreram nesta luta. Quanto a regulação, o governo do estado sugere a agergs. Olhando a questão dos pedágios, tu acha que a agergs é confiável? Basta dizer que ela é formada por pessoas indicadas pelos mesmos que tem a privatização como ideia fixa. E, poderíamos dizer ainda que a grave crise mundial que aterrorizou o mundo teve origem exatamente por pensarem que o privado pode tudo e ao estado nada cabe. Só que depois, se o estado não socorresse, a economia do mundo quebrava. Acho que dá para pensar. Lembrando ainda que o “brilho” do petróleo está terminando, a próxima moeda é a água doce. E isto o Brasil tem em abundância e os olhos de muitos países ricos já se voltam para cá.
    Abraço

  5. Como diz o Rogério, que deve ter posições bem definidas sobre o tema, é um bom debate. A participação da iniciativa privada nas questões da água deve ser amplamente discutida na sociedade. Não somente em tempos de crise ou quando os serviços caminham para o colapso. Nestes momentos opiniões oportunistas misturadas com os “achismos” tendem a dominar a discussão.
    Quando busco alguma reflexão sobre este tema busco a divisão da questão da água em duas áreas:
    1. Gestão dos recursos hídricos: unicamente pública realizada pelos governos e sem nenhuma possibilidade de participação da iniciativa privada;
    2. Quanto aos serviços: acredito que possa haver espaço para o setor privado quando da impossibilidade ou ineficiência da realização pelo setor público, desde que, com uma forte regulação que atenda os interesses públicos.
    Realmente um ótimo tema para debates!

  6. Caro Claudemir, o que me indigina nesse caso é que estamos deixando as multinacionais tomar conta do nosso mais preciso bem ,que é a água assim sem nem questionar!! Aceitamos que aconteça esses desmandos por interesses politicos e daqui alguns anos teremos que pagar um preço muito alto por essas burrisses($$$$$$) que alguns politicos insistem em cometer!!! Desculpa o desabafo mas não da pra ficar assistindo de braços encruzados jogar fora um dos poucos bens publicos que temos ainda!!!

  7. Claudemir
    Há um equívoco quando tu diz que lá em São Gabriel o pessoal cansou da Corsan e em Santa Maria, não. Lá, casualmente, a empresa está bem com a população, não acontece nem a metade do que o usuário de Santa Maria sofre.
    O prefeito patrocinado por grandes latifundiários e empresários está agindo sozinho. Como sindicato, já estivemos lá. Vereadores sequer foram consultados, o povo então nem se fala. Ele está contando que não precisa indenizar os próprios da Corsan e se engana redondamente, pois lá ainda o saneamento é regido pela lei antiga e não pela 11.445/07. Ele forjou uma situação de emergencialidade para contratar esta empresa sem licitação. A emergência não existe, simplesmente por que a Corsan segue prestando normalmente seus serviços.
    A direção da Corsan já está agindo. Nós como sindicato também. Por isto afirmamos que a Corsan ele não vai entregar para a iniciativa privada. Uma coisa é reconhecer que há muito o que melhorar na gestão da empresa (e isto está nas mãos do governo do estado) mas, outra bem diferente é entregar nosso bem maior que é a água, nas mãos de interesses estrangeiros e que visam única e exclusivamente o lucro e mais do que isto, enviar este lucro para a França, Estados Unidos, Espanha, etc.
    Mas, o debate é bom.

  8. Pessoal
    Depois com mais tempo comento sobre isto. Só não vamos esquecer que estamos falando de entregar a água na mão de multinacionais. Por favor, o debate é muito mais amplo.
    Quanto a esta empresa que está pegando o lixo e a Corsan (só que a corsan ela não vai levar) em São Gabriel, e o lixo em Santa Maria, digitem nos sites de busca a palavra “solvi”, ou visitem o site máfia do lixo no link
    http://www.mafiadolixo.com/2009/03/presenca-da-holding-solvi-no-tratamento-e-destino-final-de-residuos-no-municipio-de-porto-alegre/
    Vocês já terão uma ideia do que se prepara para o nosso povo.
    Solvi é a holding que controla a Revita e outras tantas empresas nesta área.

  9. Sem levantar suspeitas de qualquer ordem, até porque seria pura leviandade, digo que temos que torcer para que a população ganhe com estas questões todas e o serviço público realizado por empresas privadas seja da melhor qualidade e a um preço justo. No mais, vale uma conferida nas doações de campanha das próximas eleições. Isso não é suspeita é exercício de cidadania. E nada mais!!!

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