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CAOS URBANO EM SM. A verdade é: sobra boa vontade, faltam recursos. E alguma coragem

Sérgio Medeiros: boas idéias, mas...

O título desta nota é a interpretação claudemiriana (portanto, de responsabilidade dele) para o resultado da excelente reunião aberta promovida pela diretoria da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism) e acontecida na noite de anteontem, na sede da entidade.

Sobra boa vontade (e conhecimento técnico) ao secretário de Mobilidade Urbana, Sérgio Medeiros. Faltam recursos orçamentários para a implementação de medidas, algumas delas absolutamente urgentes. E também que se injetasse alguma coragem à administração da comuna para desgostar uns outros (não se faz omelete sem quebrar ovos) e tomar as decisões que já estão mais do que atrasadas.

Ok, ok, ok. Você pode ter outra opinião (e o espaço de comentários está sempre disponível). Mas, antes, leia o material produzido pela assessoria de comunicação da Cacism, com um relato preciso do que aconteceu no encontro entre empresários, representantes da comunidade e o próprio secretário. O texto e as fotos são de Sione Gomes. Acompanhe:

 “CACISM é parceira na busca de soluções para trânsito e fiscalização

Problemas nas principais ruas da cidade, quadro reduzido de fiscais, ineficiência na fiscalização e inexistência dos recursos necessários para investimentos foram algumas das questões postas à mesa na terça-feira à noite, na Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (CACISM). A reunião aberta da diretoria e associados da entidade, com a presença do secretário de Controle e Mobilidade Urbana, Sérgio Medeiros, teve duas horas de duração. A discussão, transcorrida em clima de franqueza e convergência na busca por boas soluções, levantou uma série de aspectos a serem ponderados quanto ao gerenciamento do trânsito na cidade.

Já na abertura do encontro, o presidente da CACISM, Paulo Ceccim, ressaltou a preocupação de diversos segmentos com o assunto. Na argumentação, apresentou dados atualizados sobre a expansão, acelerada e contínua, do mercado automobilístico. “É preciso encontrar caminhos e novas perspectivas. O trânsito e a fiscalização são desafios para todas as cidades de grande e médio porte. Santa Maria está nessa situação”, afirma Ceccim.

Antes de serem iniciados os debates, o secretário Sérgio Medeiros explanou sobre projetos que já estão em andamento. Ele salienta que a linha de trabalho é a de pensar o trânsito sobre o prisma da circulação de veículos e de pedestres, não apenas de veículos, como historicamente acaba sendo feito. “Santa Maria tem uma herança em cima disso. O centro histórico (Rio Branco, Acampamento e adjacentes) é onde se concentra o maior  número de pessoas e onde passam mais veículos” , declara o secretário. Ele aponta como possibilidade para o Centro, a longo prazo, a priorização do fluxo de pessoas, direcionamento o tráfego apenas para embarque/desembarque e carga/descarga, sendo os motoristas de veículos leves estimulados a seguirem por outras rotas.

Dentre as ações previstas pela secretaria, com recursos de RS 1,38 milhão assegurados a partir de emenda parlamentar, está a intervenção na Avenida Presidente Vargas, que registra a circulação de 80% do transporte coletivo. Na continuidade, o projeto se expande para vias com característica semelhante, como Avenida das Dores e outras. Medeiros também citou preocupações com sistema de estacionamento rotativo, sinalização, manutenção e avanço tecnológico nas sinaleiras e a implantação de sistemas eficientes de gerenciamento de dados estatísticos, viabilizando suporte de informações na tomada de decisões acertadas.

Na reunião promovida pela Cacism, muitos questionamentos feitos pelos participantes

Logo após a fala do secretário, Ceccim deu início aos questionamentos, relacionando tópicos como redutores de velocidade, equipes/veículos para manutenção, estacionamentos para motos e regulamentação de telemotos, entre outros. Em várias outras manifestações, situações pontuais de dificuldades enfrentadas no trânsito local foram apresentadas ao secretário.

ORÇAMENTO ESCASSO

Questionado sobre o orçamento da Secretaria, em torno de R$ 6 milhões, Sérgio Medeiros reconhece que apenas R$ 500 mil é para investimentos com mobilidade urbana. Ao que o presidente da CACISM contrapõe, entendendo que a escassez de recursos sinaliza falta de priorização. “Temos um secretário de ponta, com visão. Mas, sozinho, não vai fazer milagres”, diz Paulo Ceccim.

FISCALIZAÇÃO x IMPUNIDADE

Para conter os absurdos praticados cotidianamente é preciso fiscalizar. “Antes funcionava, quando a Brigada estava pelas ruas multando”, diz o empresário Adriano Fruet. “Absurdos são vistos todos os dias, em todas as esquinas. O sentimento de impunidade é geral”, confirma Jefferson Kraetzig, também diretor da CACISM. 

Segundo o secretário, a questão esbarra na redução do quadro. Hoje estão em ação apenas 25 profissionais (número, esse, que precisa ser dividido por três, conforme turnos) sendo que seria necessário o triplo. “É preciso colocar em torno de 80 fiscais nas ruas”, diz Medeiros, que não adianta se haverá incremento de pessoal, mas que levará a preocupação ao prefeito. Por outro lado, dados obtidos pela CACISM dão conta de que o município dispõe 152 fiscais entre seus servidores, sendo que quase a metade desse número, quando da admissão, estavam direcionados à fiscalização de trânsito. Hoje estão designados para outras funções.

Mas não adianta ter fiscais, se o ato de fiscalizar não é desempenhado com propriedade. O argumento é do estudante Lucas Saccol, que observa o problema todos os dias em frente à escola. “Por que os agentes não têm autonomia”, questionou o jovem, relatando situação de fiscais que estão no local, mas não agem como deveriam. Medeiros reconhece que enfrenta dificuldades com relação à conduta de alguns profissionais. “No próprio time que tu crias, tem quem jogue contra”, disse. 

CONSCIENTIZAÇÃO

“Falta educação a pedestres e motoristas”, afirmou Ceres Zago, coordenado do Vida Urgente em Santa Maria. Ela destaca, ainda, a irresponsabilidade de taxistas que correm demais, pondo a vida própria e a dos passageiros. “O comportamento tem de mudar”, reafirma, lembrando a todos que a preocupação com o trânsito deve contemplar o fluxo do dia e da noite. Na mesma linha é a preocupação do diretor cinematográfico Luiz Alberto Cassol, que relata o quanto é comum acordar, na madrugada, já na expectativa de ouvir o ruído de colisões. Cassol também sugere uma ampla campanha de conscientização, ao que o secretário informa que há um grupo trabalho neste sentido.

Como ações para evitar velocidade excessiva nas ruas, Medeiros entende que a colocação de meios eletrônicos de controle é a solução mais eficiente. A falta de recursos para isso é o que explica a opção escolhida, quando dezenas de quebra-molas foram instalados em diversas ruas recentemente. Outra alternativa seria escrever “devagar, devagar” na pista, o que, segundo o secretário, surte bons efeitos.

CATADORES

Outra questão que preocupa, em especial a comerciantes estabelecidos nas ruas centrais, é quanto aos catadores de lixo. O problema se desdobra em diversos aspectos. Uma situação crítica, por exemplo, é a sujeira esparramada por eles ao redor dos contêineres, o que deixa calçadas intransitáveis e inviabiliza o acesso às lojas. “O que o senhor tem a dizer sobre isso?”, questionou a empresária Maria Gorethi Moretto. A resposta ainda não é conclusiva, mas está na pauta do secretário. “Estamos trabalhando para encontrar uma solução a curto prazo”, disse Medeiros.

SINALIZAÇÃO

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de Santa Maria (Sindisama), Paulo Brondani, trouxe para a discussão a sugestão de que as placas que sinalizam locais para carga e descarga ganhem maior destaque, com cor diferenciada. Pois tais locais costumam ser desrespeitados, o que faz com que a circulação de caminhões seja maior do que o necessário, visto que o motorista fica dando voltas até achar uma vaga para estacionar. O secretário também acrescenta a necessidade de ser disciplinado horário para carga e descarga, priorizando horários de menor movimento.

A questão da sinalização também foi abordada pelo empresário Leonardo Kozoroski Veiga, que indagou sobre o sincronismo de sinaleiras na cidade. “Não existe”, respondeu, categoricamente, o secretário. Sérgio Medeiros enfatizou a necessidade de modernização dos equipamentos, para que tal providência possa ser tomada. “Sincronismo é, também, um controlador de velocidade”, complementou Medeiros, referindo-se à velocidade constante que os veículos devem manter para usufruir da seqüência de sinaleiras em sinal verde.”

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Um Comentário

  1. Entendo que para a solução de alguns problemas vale também, além de recursos, a criatividade, pois como explicar uma cidade como Ijui/RS que possui 78.461 habitantes, frota de +/- 40 mil veiculos, possuir tanto investimento na área de trânsito, hoje a cidade conta com 5 viaturas no Departamento de Trânsito, 25 agentes na fiscalização e o título de cidade onde os condutores mais respeitam a faixa de segurança. Por este e outros motivos sugiro ao Secretário que copie exemplos que estão dando certo e que com certeza não custam muito.

  2. Realmente empolgante este tipo de encontro. Quando um grupo de pessoas se reúne com um tema específico a ser discutido com responsabilidade e como foi salientado na nota, com franqueza, o resultado sempre será positivo. Acredito que todos os participantes saíram com uma visão mais clara do assunto, inclusive o secretário Sérgio Medeiros.
    Diante das manifestações apresentadas na nota da CACISM faço alguns comentários:

    ORÇAMENTO ESCASSO:
    Contra a escassez de recursos a única alternativa é a priorização dos objetivos. Este é o tipo de obviedade que ainda necessita ser repetida. Acredito que não resta dúvida que o problema de mobilidade urbana é um dos mais graves atualmente em nossa cidade. A impressão é que falta priorização, como afirmou o presidente da CACISM.
    Mas falando em recursos, lembro que parte dos recursos com origem no empréstimo junto ao BIRD aprovado em março passado seria para utilização em mobilidade urbana, ou estou enganado?
    Outra aporte de recursos poderia vir dos recursos orçamentários que não serão mais utilizados na iluminação pública, aproximadamente R$ 225 mil mensais já que agora este serviço será coberto pela CIP. Mas para isso seria necessária a priorização por parte da Prefeitura Municipal.

    FICALIZAÇÃO X IMPUNIDADE:
    Já escrevi aqui no site que o maior problema da falta da fiscalização não é as autuações que deixam de ser realizadas. Também é isso. Mas o pior é a mensagem negativa dada aos condutores e pedestres de que “está tudo liberado” no trânsito. E isso pode ser observado claramente em Santa Maria. O desrespeito às normas de transito e civilidade estão crescendo em grande escala.

    CONSCIENTIZAÇÃO:
    Não se atinge um nível elevado de conscientização sem educação aliada a uma eficiente fiscalização e punição dos infratores. Sem este tripé, não vejo solução. Uma das campanhas que podem ser implementada inclusive já com melhorias é a campanha que já mencionei aqui no site. Trata-se da campanha “NOVO SINAL”( http://www.novosinal.com.br/) implementada em Porto Alegre com bons resultados. É o tipo de campanha que não contribui somente com um objetivo específico, no caso, a travessia de pedestres em faixas de segurança, mas que tem outros reflexos na civilidade do trânsito.

    CATADORES:
    Neste ponto não me ocorre solução melhor do que a implementação de um grande sistema de coleta seletiva dos resíduos da cidade. Um programa que trate não somente do lixo, mas que busque atender as pessoas que hoje vivem da coleta do lixo. Outras áreas da Administração municipal seriam envolvidas. A coleta seletiva é uma das soluções que já estão atrasadas em nossa cidade.

    SINALIZAÇÃO:
    Não tenho o mesmo entendimento do Sr. Paulo Brondani. O problema não reside na cor das placas ou que tenham pouco destaque. O problema aqui é falta de fiscalização e punição aos infratores. Como já afirmei anteriormente, estamos na fase do “vale-tudo”. Os motoristas reconhecem uma placa de carga e descarga, como reconhecem uma placa de vaga de estacionamento para idosos, portadores de necessidades especiais ou farmácias. Mas se não existe fiscalização vale a lógica do “se tudo pode primeiro eu!”.
    Quanto às sinaleiras, faço aqui uma observação que pode parecer ser (e não só parecer) estapafúrdia, mas vou arriscar: O sistema de sinaleira não poderia ser incluído, como finalidade secundária, na mesma conta de despesas como iluminação pública e ter uma parcela da CIP destinada para suas despesas emergenciais? Por favor, é somente uma tentativa de colaborar com a discussão, ok?

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