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Apesar de alguns, amanhã já é outro dia – por Luciano Ribas

A partir de amanhã o Brasil será, pela primeira vez desde a proclamação da República, governado por uma mulher. Antes de Dilma Roussef, a Princesa Isabel regeu o país por alguns meses durante o Segundo Império, mas sem a legitimidade do voto.

Eu, com muita alegria, comemoro a oportunidade de viver no período da história em que uma militante torturada pelos agentes dos criminosos que pariram e executaram o vergonhoso golpe de 1964 sucederá um nordestino, retirante e metalúrgico.

Olhando a obra feita, parece até que foi fácil. Nada mais enganador, apresso-me em dizer. E não apenas pela sistemática tentativa dos grandes grupos de mídia, entre outros, de desestabilizar o governo do presidente Lula. Essa foi apenas a fase final de mais de duas décadas de dificuldades vividas por quem, como eu, abraçou com a alma, o coração e a razão o projeto de construir o Partido dos Trabalhadores.

São incontáveis as histórias (vividas e ouvidas) de perseguição, preconceito, intolerância e, até mesmo, violência por quem não teve medo de seguir a liderança do “sapo barbudo” ainda nos anos 80 do século XX. Apenas para ilustrar, limito-me a relembrar a atitude da senhora Terezinha Raupt, então diretora do Maneco, que tentou cancelar minha transferência para aquela escola mesmo tendo eu boas notas e a seriedade que o cargo de presidente da USE me impunha. Graças à corajosa intervenção de minha mãe, uma excelente professora de geografia que também sentiu por vezes o gosto amargo da perseguição política (nos governos do ex-prefeito Farret e dos ex-governadores Jair Soares e Pedro Simon), a “coisa” não prosperou.

Há histórias muito piores, que não pretendo enumerar agora. Cabe a quem as viveu relatar para garantir que sigam o mesmo destino dos moralistas que, a soldo, deram plantão na campanha golpista: o rodapé da história. Na pessoa de um deles, o irritante Lasier Martins – um pseudo-moralista que executa os maiores malabarismos para bater nos governos do PT, mas é incapaz de olhar o próprio umbigo para questionar, por exemplo, quanto é arrecadado nos jornais da empresa onde milita em anúncios que “divulgam” a prostituição de homens e mulheres – sintetizo todo o meu desprezo. Ele, sua coleção de gravatas e seus gritinhos eletrificados não fariam nenhuma falta para o Rio Grande do Sul d o Brasil.

De forma contrária, talvez faça falta o carisma que Lula e José de Alencar possuem, embora eu aposte que a competência da presidente Dilma seja o caminho para minimizar a ausência quotidiana de figuras tão especiais como as do atual presidente e do seu vice. Nós que ajudamos, mesmo que da forma mais modesta, a construir esse Brasil que iniciou o caminho para ser, efetivamente, um país de todos não nos furtaremos a apoiar, defender e fazer evoluir a rica experiência que será ter uma mulher de esquerda no poder. Nossa companheira Dilma poderá sempre contar com a força de milhões de corações petistas ao seu lado pois, parafraseando Chico Buarque, apesar de alguns amanhã certamente já é um novo dia.

Luciano do Monte Ribas é designer gráfico, graduado em Desenho Industrial e mestre em Artes Visuais pela UFSM. É sócio da Inox – Ideias Sempre Novas, agência santa-mariense de publicidade e propaganda, há dez anos. Para segui-lo no Twitter: www.twitter.com/monteribas.

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