Saúde. Se eu fosse o prefeito! – por Carlos Costabeber
Esperava não ter de escrever mais sobre a saúde em Santa Maria.
Mas como a repercussão do último artigo foi grande, e como recebi muitas informações adicionais de amigos que transitam na área da saúde, decidi que deveria continuar.
Só que, agora, vou me colocar no lugar do Prefeito Cezar Schirmer !
Como sou leigo no assunto, chegaria no 7° andar da Prefeitura muito tranquilo com relação à saúde pública. Primeiro, porque grandes investimentos estão sendo feitos na área, chegou o SAMU, e porque nunca a Prefeitura teve tantos recursos financeiros como agora.
Mas, em pouco tempo, vi que o quadro era bem outro. Me dei conta de que a saúde está na UTI, e que por trás disso está um processo de GESTÃO ineficiente.
Em 1º lugar, colocaria logo abaixo do Secretario da Saúde um time de administradores profissionais. Até porque, existe um paradigma de que só médicos entendem de gestão da saúde. E eu já penso o contrário: o médico é qualificado para salvar vidas, e gestão é para administradores.
Em 2° lugar, bloquearia a agenda diária até as 10h, e sairia a campo junto com o Farret e a equipe.
Começaria por ver que até hoje os postos de atendimento não estão interligados por sistema. É impossível gerir um processo tão complexo como esse sem o suporte de um sistema. Um paciente que é atendido num posto, que lhe é solicitado uma bateria de exames, e que ainda recebe o medicamento de graça, pode fazer tudo de novo em um outro posto de saúde, pois ninguém sabe que ele já foi atendido e medicado em outro local.
Imaginem o absurdo que é isso!!!
Depois, visitaria a Casa de Saúde, que foi terceirizada pela Prefeitura, e descobrir como é crítica a situação, com falta de material, de gente e de equipamentos. E que não dispõe de médico plantonista (o que tem está no SAMU, e não pode atender as emergências). Imaginem um hospital que não tem um médico plantonista???
Depois, convocaria os responsáveis para saber porque a UPA, pronta desde o ano passado, ainda não está funcionando. E como será feito o preenchimento das vagas. É uma decisão bem complexa!!!
Assim como a Casa de Saúde, existem outras empresas de saúde terceirizadas. E aí, entra o problema das licitações públicas, onde ganha quem oferece o preço mais baixo.
Só que esses terceirizados encontrarão profissionais qualificados para trabalhar pelo preço que lhes é oferecido?
E será que os terceiros não estão “quarteirizando” o atendimento?
Depois seguiria até o PA do Patronato, onde a situação é bem conhecida, com queixas de quem atende e de quem procura atendimento.
Em seguida, depois de visitar todos os postos de saúde (próprios e terceirizados), me fecharia com a equipe, para montar uma estratégia de emergência, elencando as medidas mais urgentes.
E ao perguntar se teria dinheiro em caixa para gastar com a saúde, “cairia de costas”, ao descobrir que a Prefeitura tem devolvido dinheiro ao Estado e ao Governo Federal, por falta de aplicação.
Acreditem! E não é pouco o dinheiro que tem sido devolvido.
Outra decisão muito importante se refere aos salários oferecidos aos médicos. Temos que enviar um projeto ao legislativo, melhorando o salário dos médicos, para poder atrair bons profissionais. Mas cobrar deles, claro, uma carga de trabalho (horas e número de atendimentos) efetiva.
Decisões iriam sendo tomadas, para melhorar a fiscalização dos serviços oferecidos à população.
Por fim, fiquei com a certeza de que não é possível melhorar a gestão da saúde sem mudanças duras e sem inovação.
A gestão é crucial, mas desde que os olhos estejam voltados para as pessoas.
Pessoas que têm morrido, porque o nosso sistema de saúde público é incompetente e desorganizado.
E cabe ao Prefeito assumir pessoalmente o comando dessa operação; é a sua prioridade número 1.
E se não o fizer logo, perderá a principal bandeira para a sua reeleição: a saúde pública.
Para encerrar, e para mostrar que também existem sérios problemas com a saúde privada, deixo o relato feito por um amigo, ao retornar o artigo que escrevi na semana passada: “O imbróglio da saúde em SM”:
“Boa noite. Mais uma vez venho me dirigir sobre este sério caso da saúde em nossa região. Só estou fazendo esse comentário 5 dias após o recebimento deste email, porque estou no Hospital de Caridade desde o dia 12 acompanhando minha mãe de 79 anos que teve uma isquemia.
Aqui começo meu relato com um misto de sentimentos entre revolta e solidariedade com tudo o que vi de domingo ate quarta feira no PS, uma vez que não havia leito para minha mãe e tantos outros que estavam lá e muitos ainda permanecem no PS.
Minha Mãe tem direito pelo seu plano de saude – UNIMED- a acomodação privativa, nestes dias eu ia ate 4 vezes por dia até a internação e sempre ouvia a mesma resposta “não tem leito, ela é terceira”, ate que na quarta feira a tarde fomos para unidade 300.
No PS, alem das péssimas condições para o paciente, tem também a questão dos acompanhantes que não tem o mínimo de acomodação, uma vez que é nos familiares que os pacientes tem seu esteio, e estes tem que estar em boas condições físicas e emocionais para acompanhá-los.
Não quero relatar tudo o que vi e senti, já foi relato no email o que se sente quando estamos passando por esta situação.
Só pergunto: de que adianta obras grandes, bonitas, notas em jornais se o que é mais importante, a dignidade dos pacientes, fica em ultimo lugar, ate onde vamos aguentar e observar pacificamente, e tendo ainda que agradecer pelo atendimento que recebemos?”
Médicos têm que trabalhar como Empresários que têm em suas mãos um excelente produto que é PESSOAS humanas que contribuem para o INSS ou para seus planos de Saúde (que não é barato) mas na contrapartida recebem o DESLEIXO e o menosprezo. Infelizmente. Lidar com vidas humanas, não é lidar com sucatas de carro : “Dane-se ou compre outra peça nova”! Abraços.
Parabéns, mas enquanto a Saúde Pública (SP) for tratada por Políticos Irresponsável sempre vai ser assim. A SP deveria ser tratada por Uma equipe de bons médicos e bem pagos, para quem trabalha, não pagar para políticos que não trabalham. E além disso, pagaria os médicos só com o dinheiro que É DEVOLVIDO por irresponsabilidade dos POLÍTICOS irresponsáveis. Mas para isso prepararia os médicos para essa tarefa com os futuros profissionais. Caso contrário… Abraços.