CORREU. Coronel Ustra não vai à audiência em que se confrontaria com testemunhas que o acusam de ordenar tortura
É, definitivamente, bem mais fácil ser “corajoso” quando têm as armas (e as forças armadas) ao seu lado. Agora, enfrentar, cara a cara, as vítimas, bem, aí é oooooutra coisa. Que, por sinal, tem nome. E não é bonito.
Do que se fala, aqui? Ah, da audiência ocorrida na tarde desta quarta, em São Paulo, em que o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra é acusado de ordenar a tortura de um jornalista, nos ditos anos de chumbo. Ustra? Não, não apareceu. Mandou um advogado no lugar. Mas o dia chegará em que ele terá que ficar olhos-nos-olhos com os seus acusadores. Aí… bem, aí..
Ah, sobre a audiência da tarde passada, acompanhe material produzido e publicado pelo portal iG. A reportagem é de Ricardo Galhardo. A seguir:
“Testemunhas reforçam acusações de tortura contra coronel Ustra…
Testemunhas ouvidas na tarde desta quarta-feira na 20ª Vara Cível de São Paulo afirmaram ter presenciado o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra ordenar a tortura do jornalista Luiz Eduardo Merlino. Além disso, uma testemunha disse ter visto Ustra dar a ordem, por telefone, que resultou na morte de Merlino.
O jornalista, então militante do Partido Operário Comunista (POC), morreu em julho de 1971 depois de ser submetido a três dias de tortura nos porões do Departamento de Operações e Informações (DOI Codi), em São Paulo.
Segundo ex-companheiros de prisão, ele morreu em um hospital em decorrência de gangrena em uma das pernas, causada pela tortura. Os torturadores teriam proibido os médicos de amputarem a perna gangrenada, o que teria levado à morte de Merlino. Já os militares alegam que ele foi atropelado quando tentou fugir durante uma excursão de reconhecimento de aparelhos na avenida Anchieta…”
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O interessante dessa história toda é perceber que esses sujeitos, que concordaram em fazer o trabalho sujo (em troca de possibilidades profissionais, já que afirmam ter cumprindo seu dever…) agora estão se vendo sem apoio do sistema que os criou. O regime militar não foi derrubado, caiu de pobre…e muito das malfadadas figuras continuam transitando entre os mortais. Se já viveram sob a possibilidade de serem “justiçados” por algum comando guerriheiro, agora vem a sociedade os apontarem como covardes, que torturavam (e matavam) prisioneiros já dominados e submetidos. Que vida estúpida e deprimente. Sem sentido.