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GRANDE ENTREVISTA. O futebol é uma máfia, diz Roberto Siegmann. E a imprensa esportiva “é a mais desqualificada de todas”

Ninguém precisa concordar. O editor, mesmo, tem lá suas diferenças. Mas elas são muuuuito pequenas. Trata-se, de todo modo, aceitando ou não como corretas a opinião, de uma graaande entrevista. E que, definitivamente, você não lerá na mídia tradicional. De jeito nenhum.

Só mesmo o jornal eletrônico Sul21, a grande novidade na imprensa gaúcha dos últimos anos, poderia produzir a entrevista com Roberto Siegmann, ex-diretor de futebol do Internacional de Porto Alegre, e que foi demitido (ou se demitiu) com estardalhaço faz dois meses.

As ideias do cara são claríssimas. E vale a pena ler, meeeesmo. Não precisa ser colorado ou gremista, basta gostar do esporte. Repito: do esporte. Ou, como ele diz, à certa altura, “sei do que é feita a salsicha, mas ainda assim como”.

O homem bate, e bate bem, na estrutura do futebol (“uma máfia”) e na imprensa esportiva (“a mais desqualificada de todas”). Mas vai fundo noutras questões, também. Talvez fosse o caso, no mínimo, de pensar. Numa coisa. E na outra. Inclusive porque Siegmann longe está de depender do futebol para viver. Segue, a seguir, um trecho. E o “link”, se você quiser (vale a pena, garanto), ler a íntegra. Os autores são os jornalistas Felipe Prestes e Milton Ribeiro. Acompanhe:

Roberto Siegmann: “Inter peca em democracia e transparência”

Sul21 – Por que os grandes clubes e as federações reelegem sistematicamente o Ricardo Teixeira? Qual é a vantagem? De que forma ele aglutina os dirigentes?

Roberto Siegmann – O futebol é uma máfia. Não tem nada mais parecido com a máfia do que o futebol. O futebol funciona, aqui e em nível internacional, em cima da troca de favores. Como a máfia funciona pela troca de favores. Então como é que as pessoas se elegem? Os presidentes das federações se elegem como? Ora, botando um gramado num campo do interior, abrigando as delegações em um hotel quando vão jogar fora de casa. Então, mediante pequenos favores, eles obtêm os votos tornando-se figuras absolutamente imbatíveis dentro de uma estrutura que não é nada democrática. A estrutura do futebol é tão antidemocrática que o presidente da Confederação Sul-Americana (Conmebol), Nicolás Leoz – que será mumificado na liderança do futebol sul-americano – tem uma declaração muito antiga de cada federação obrigando-se por si e por seus sucessores a votarem nele. É o restabelecimento da monarquia. E é assim na FIFA e nos países. Para quem gosta de Direito, há uma coisa fantástica. Sabemos que todas as nações são soberanas, com seu próprio Direito, sua Constituição, etc. Porém, o futebol tem uma estrutura própria que se sobrepõem às leis de cada país. Se a FIFA decidir punir um clube no Brasil, não adianta recorrer a ninguém.

Sul21 – Tudo amarrado entre si.

Roberto Siegmann – Claro. Todas as federações têm um Tribunal de Justiça Desportiva e quem indica seus membros? O presidente da Federação. Eu, quando bati de frente com o Noveletto (Francisco Noveletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol), quase levei seis meses de gancho. E junto com isso vêm as ameaças ao clube que poderia ficar sem disputar competições. Foi o que ocorreu em 2005. Fomos roubados e a estrutura do futebol não permitia que o Inter questionasse o ocorrido porque ficaria fora das principais competições. É uma estrutura mafiosa que pisa na democracia e no direito individual e ainda implica em malversação de verbas. O futebol move muito dinheiro e é algo sem controle nenhum.

Sul21 – E o papel da imprensa nisso tudo?

Roberto Siegmann – Querem saber? Vocês não vão bater em mim? Eu acho a imprensa esportiva a mais desqualificada de todas. Para ser jornalista econômico, o cara deve saber algo de economia; para ser jornalista político, o cara tem que ter um conhecimento mínimo de como as coisas funcionam e as competências de cada setor e órgãos. Para ser jornalista esportivo é só o cara falar bem e saber que são onze contra onze. Porque de resto é só inventar ou embelezar os fatos. Veja o rádio: temos três ou quatro emissoras que dedicam 60% de seus espaços com esporte. Não há tanto assunto. E em Porto Alegre só há dois clubes grandes. O que ocorre é a valorização da banalidade absoluta. Eu enfrentei o caso Índio no ano passado. Foi um massacre da imprensa para cima dele por causa daquele corte na mão. E eu bati de frente com a imprensa, blindei o Índio. Por quê? Ora, ele estava de folga. Não interessa se ele caiu em casa ou noutro lugar, temos que resguardar a individualidade, mas aquilo precisava virar notícia e escândalo. Os caras enlouqueceram, foram ao hospital, à polícia, etc. Então, quando do episódio, eu, mal comparando, falei com um editor de esportes de um grande jornal. Referi o acontecido com o neto de um grande empresário de comunicação e lhe disse que saíra uma notinha mínima. Quando, às seis da manhã, um artista da Globo cai no Arroio Dilúvio com seu carro e dá entrevista num estado que parece ser o de um alcoolizado dizendo que ia buscar a filha, sai outra notinha. Mas o Índio, que é do futebol, corta a mão e todo tipo de suposição é discutida. Eu só respeito o Ruy Carlos Ostermann, recém aposentado, que tinha uma visão de mundo que extrapolava os limites do futebol. Ele não se metia em fofocas…”

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