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Uma vida, uma oportunidade – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

No sábado troquei de idade, cheguei aos trinta e dois anos. E disso, achei oportuno pensar sobre o que somos e sonhamos nos entremeios dos trinta e poucos anos.

Quem sou? Em um primeiro momento uma pergunta simples. Agora! Pare e pense exatamente quem você é. Quem somos? Quem eu sou? Creeedo, pano pra manga, manga longa. Pausa! Quem somos?! Talvez seja melhor nem pensar, mas porque fugir. Vamos lá.

Nasci em Santiago, em um certo 26 de novembro, quase nos anos 80, mas ainda sou da década de 70. Desde então, já fiz a felicidade de alguns, a tristeza de outros…as minhas próprias felicidades e tristezas.

Os culpados? Dona Martha e o Seu Pedro, em miúdos, mãe e pai. Dos meus primeiros passos…Opa, há quem diga que eu já sai correndo. Caminhar pra quê? As lembranças da infância vêm dos verdes da Fazenda Santa Rita, do meu avô, do meu pai…hoje de alguém. É de lá que eu defino boa parte do “quem sou eu”…dos primos, das tias, hoje grandes amigos. Dos dias de chuva, dos banhos no rio, dos cavalos, das ovelhas…paixão do meu pai, ainda suspeito que ele gostasse mais delas do que de mim…da poeira da estrada, das primas da capital, do gosto do milho verde assado ao fogo de chão, do cigarro de palha, do Xico, da Cacá, da Maria, da Aline…

Quem sou eu? Chego lá, no momento, sei que fui um magricelo, orelhudo…e com o joelho maior que a cabeça. Entre todos os meus tropeços, já fui o menino do terceiro andar que vestia terno e gravata aos 8 anos de idade e vendia livros velhos aos vizinhos; o melhor amigo do Pantor (o meu primeiro cachorro); o cara da escola; o do fundo da sala; o que matava aula (já voltei pra casa com um pé de tênis, por que o outro a professora pegou na hora em que eu pulava o muro da escola); o das boas notas; das ruins também; o vice-campeão de tennis; o último a ser escolhido no futebol, mas o dono da bola (só assim eu jogava); presidente da sala, do grêmio estudantil, do diretório acadêmico. Fã do Guns…fumante; ex-fumante; fumante novamente, ex-fumante; o cara das contradições, comprometido na faculdade; anarquista no colégio…tudo a seu tempo, em todo tempo tudo…inquieto, impulsivo, determinado…

Sou ainda o cara que queria fazer arquitetura e formou-se em Direito, que se apaixonou pelo Direito Penal, casou-se com o Direito Civil, mas assumiu a relação com o Direito do Consumidor. Hoje, sou o cara que se diverte em sala de aula e sujo de giz um eterno aprendiz com os meus alunos.

Bah…acabo de descobrir que posso falar horas sobre eu mesmo…ainda que restem coisas. Sou muitas vezes o filho ausente, que descobriu a falta e saudades que a ida de um pai faz…da tristeza que foi e do sentimento bom de saudades que sobrou. Sou o filho da mãe, minha melhor lição…chega uma altura da vida em que os papéis invertem-se, aí passamos a entender as horas em que elas não dormiram.

Quem eu sou? Aqui já ‘somos’, pois em certa altura passamos a caminhar de mãos dadas. Somos dois, mesmo querendo ser um, e talvez sejamos dois em um, ou um em dois. Uma escolha, um amor, como digo: uma ideia, a melhor iDéia.

Vou terminar por aqui, e com isso talvez eu tenha descoberto que a tarefa difícil de escrever sobre si, pode ser uma agradável surpresa sobre o que pensamos de nós.

Por mais que existam inúmeras palavras nada nos define, nada nos limita…Somos a soma daquilo que fomos, ao que somos e ao que queremos ser. Uma inconstância eterna sobre nossos papéis, erros e acertos.

O segredo está na aposta consigo mesmo. Confio na possibilidade de continuar, uma espécie de aposta da minha parte, e embora possam me chamar de sonhador, louco ou, qualquer outra coisa, acredito que tudo é possível. Uma vida, uma oportunidade!

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]   

@vitorhugoaf

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3 Comentários

  1. Vitor Hugo, aproveito a oportunidade para parabenizar pelos 32 anos alcançados com muito sucesso neste sábado, mas também para frisar o quanto me emocionei ao ler este artigo, o que nos dias de hoje, dificilmente conseguimos tempo para tanto luxo. Mas por ultimo e não menos importante, após interpretação deste texto, quem ainda não tinha conhecimento de quem é o Dr. Vitor Hugo, agora pode ter a certeza de que sabe um pouco da história de quem tem tudo para fazer de nossa amada Santa Maria, uma cidade cada vez melhor.
    Um forte abraço!

  2. “O segredo está na aposta consigo mesmo. Confio na possibilidade de continuar, uma espécie de aposta da minha parte, e embora possam me chamar de sonhador, louco ou, qualquer outra coisa, acredito que tudo é possível. Uma vida, uma oportunidade!”

    A vida realmente é única,por isso quando aparecer a oportunidade para realizar esse sonho deve ir adiante, porque todos aqueles que acreditam em ti irão te apoiar na realização.

    “A coragem é a primeira das qualidades humanas, porque é a qualidade que garante as demais.” W. Churchill

    Grande Abraço.

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