JornalismoPolíticaPrefeitura

SCHIRMER, EXCLUSIVO (3). “Estamos fazendo uma revolução silenciosa na educação – nunca antes tantos concursados foram chamados!”

Esta é a terceira parte da entrevista exclusiva concedida ao sítio, na noitinha de quinta-feira passada (para conhecer as circunstâncias, clique AQUI), dia 22. Dela foram protagonistas o repórter Maiquel Rosauro  e a repórter fotográfica Bianca Pereira Moreira, com a participação deste editor. A estrela, claro, foi o entrevistado, Cezar Schirmer.  Acompanhe:

Por MAIQUEL ROSAURO (texto) e BIANCA PEREIRA MOREIRA (fotos)

“Eleição só começa com a campanha na televisão. Então, por que antecipar?”

Embora seja o Plano de Mobilidade Urbana que irá dizer os caminhos para desafogar o trânsito em Santa Maria, a Prefeitura planeja obras mais profundas do que as ações executadas hoje em várias ruas da cidade. O próprio prefeito Cezar Schirmer já sugeriu viadutos em lugares estratégicos, mas a burocracia e o valor das obras o fizeram desistir – por enquanto.

Nesta terceira parte da entrevista exclusiva com o chefe do Executivo, realizada em 22 de dezembro no antigo prédio da SUCV, Schirmer afirma que a obra do viaduto da Avenida Rio Branco só saiu porque seu governo injetou R$ 1 milhão. Além da infraestrutura urbana, educação, eleições 2012 e sua relação com a mídia estão entre as questões logo abaixo.

Amanhã, na penúltima parte desta entrevista, o prefeito fala sobre sua relação com a tríade do PT (Valdeci Oliveira, Fabiano Pereira e Paulo Pimenta) e sobre Jorge Pozzobon. Novas críticas à mídia estão presentes, desta vez sobre a cobertura do aumento de vereadores na Câmara.

A reforma administrativa e a criação de 12 cargos de confiança também estão entre as perguntas. Schirmer ainda foi questionado será irá repassar os R$ 300 mil prometidos para a construção de um pavilhão no Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter e se foi correto repassar R$ 80 mil para uma escola de samba de Porto Alegre. As respostas você confere amanhã, aqui no site.

SÍTIO CLAUDEMIR PEREIRA – Pistas elevadas, túneis e passarelas são muito caros?

CEZAR SCHIRMER – Isso tudo o Plano de Mobilidade Urbana irá dizer. As pessoas me dizem que tem que fazer um túnel ali na Rua Floriano Peixoto com a Avenida Presidente Vargas, ou na Rua Tuiuti com a Rua do Acampamento, ou na Rua dos Andradas com a Avenida Rio Branco. Mas qual dos três é o mais importante? Um estudo técnico vai dizer. Tentamos fazer um viaduto unindo a Rua Castro Alvez com Oliveira Mesquita, mas desistimos num primeiro momento porque tivemos dificuldades com a ALL que demorou a liberação. Será lá muito importante? Eu entendo que sim, mas o plano irá dizer cientificamente os melhores investimentos. Eu detesto palpite, gosto de ciência.

SCP – Este plano vai dizer onde investir?

CS – Na verdade, nós não vamos esperar porque este plano está em processo de licitação e vai levar dez, 12 meses para ficar pronto.

SCP – Então, antes de ficar pronto nós teremos obras, como, por exemplo, um túnel?

CS – É possível, mas não quero te assegurar. O viaduto é mesmo um investimento pesado. Eu pedi que estudassem um viaduto entre a Floriano e a Presidente Vargas, achei que talvez fosse ali o melhor lugar para fazer. E também o viaduto na Oliveira Mesquita e Castro Alves. Fiquei um pouco assustado com o preço. Um deles custaria uns R$ 2 milhões e outro R$ 3 milhões e pouco.

SCP -Mas este não é um valor baixo se levarmos em conta a importância da obra?

CS – Para uma cidade que arrecada R$ 350 milhões, ao contrário de Caxias que arrecada R$ 1.050 bilhão ou Canoas com R$ 950 milhões, aqui o dinheiro tem que ser contadinho. Então eu prefiro em um primeiro momento asfaltar rotas alternativas, como a Rua Samuel Kruschim.

SCP – E a questão de carga e descarga, uma fiscalização melhor ajudaria?

CS – Pedi para o Marcelo (Marcelo Bisogno, secretário municipal de Trânsito e Mobilidade Urbana) que preparasse um decreto. Vamos cuidar disso em janeiro. É uma omissão do poder público e eu reconheço. O Pippi (Carlos Pippi Brisola, secretário municipal de Planejamento Estratégico e Projetos Especiais) foi diretor do Daer, discutimos o assunto esta semana. Estamos vendo qual é o mecanismo, mas de qualquer forma está demais, está abusivo. Santa Maria já é uma cidade grande, temos que ter consciência disso e de suas consequências, podem ser ruins para alguns, mas será melhor para todos. Nos dá uma sobrevida até conseguirmos medidas de melhor expressão. Temos que tirar a Prefeitura do Centro porque atrai mais veículos, mas isso é uma coisa de planejamento de médio e longo prazo, algo que há muito tempo Santa Maria não fazia.

SCP – No cenário político atual, hoje, na prática, o senhor seria a única figura que os santa-marienses analisam como candidato certo ao pleito de outubro do ano que vem. Ou seja, por enquanto, o provável candidato Schirmer corre sozinho. Como o senhor analisa esta indecisão em que vive o principal partido de oposição? Até que ponto esta indecisão do PT é favorável à situação?

CS – Com toda a sinceridade, eu não vejo este assunto. Tenho mais um ano de mandato, mais 25% de todo o tempo para o qual eu fui eleito. Se eu começar neste momento a me preocupar se serei candidato e as coligações que poderia fazer, estarei reduzindo meu período de mandato. Vou tratar deste assunto no fim de maio, junho e julho, que é o momento de tratar o processo eleitoral. Cada vez mais as eleições são curtas. Na minha primeira eleição para deputado, em 1974, a convenção na qual fui escolhido candidato a concorrer foi em 11 de fevereiro. A eleição foi em 15 de novembro. Foram dez meses de campanha eleitoral, uma coisa insuportável, terrível. Hoje em dia, no mundo e no Brasil, as eleições são mais curtas. Elas começam mesmo, do ponto de vista da opinião pública, quando começa a propaganda na televisão porque as pessoas começam a se “antenar”. Por que então puxar para agora se a campanha eleitoral começa lá por julho, agosto? Não é que eu não queira tratar este assunto, tenho o maior respeito por quem pergunta, mas eu vou trabalhar isso mais para frente.

SCP – Uma recente pesquisa do PT visando a eleição do ano que vem apontou o senhor na liderança em praticamente todas as categorias pesquisadas, seja na pesquisa induzida ou espontânea. Na sua análise, é uma amostra de que o santa-mariense aprova o seu governo?

CS – As pesquisas colocam isso. Eu vou te falar muito fraternalmente. O governo tem coisas notáveis. Em três anos nós fizemos em várias áreas da administração mais do que historicamente tenha sido feita na cidade. Não quero ser igual ao presidente Lula e dizer “nunca antes na história” de Santa Maria. Mas em algumas áreas eu me atrevo a dizer: com saúde; desenvolvimento econômico; transporte coletivo com o Sistema Integrado Municipal (SIM), padronização da frota, 35% de veículos novos, saída por trás dos ônibus e a bilhetagem eletrônica que desde que foi implantada não teve mais assaltos porque agora não é dinheiro e sim um cartão magnético personalizado. O cobrador está mais próximo do motorista, isso também é um indicador de segurança porque o delinquente tem que imobilizar dois para fazer o assalto. A passagem integrada é outro avanço, no qual a pessoa paga uma viagem integral e a outra meia. No futuro, a segunda passagem será de graça.

SCP – Quando teremos uma segunda passagem gratuita?

CS – Porto Alegre levou oito anos para implantar isso, nós acreditamos que será em menor tempo. Há um processo de trabalho nesta direção. Ar-condicionado nas linhas com maior distância será outra mudança. Sem querer criticar, mas nos decretos anteriores só se discutia o valor das passagens, já em todos os decretos que eu fiz trata da tarifa e exigências do sistema de transporte coletivo em nossa cidade. O valor da passagem de Santa Maria é igual ou inferior aos 17 maiores município do Rio Grande do Sul. Nesta área tivemos modificações, abrigos novos de ônibus vamos instalar 200. Na área da segurança pública temos a guarda municipal, na qual neste momento os vigilantes estão sendo treinados, ano que vem provavelmente façamos concurso. As câmeras de vídeomonitoramento estão em processo de licitação e compra de equipamentos – carros, motos, armas não letais, uniformes para a guarda municipal – são algo notável para a área de segurança pública. Nunca antes na história de Santa Maria isso foi feito. Educação, já viu uma manchete de falta professor? Não, eu chamei 350 professores, nunca antes na história de Santa Maria um prefeito chamou tantos professores concursados em tão curto espaço de tempo. Reformas e novas escolas com a ajuda do deputado federal Paulo Pimenta e do coordenador-geral de Infraestrutura Educacional Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Tiago Lippold Radünz; pracinhas nas escolas; equipamentos esportivos; equipamentos musicais (violão e flauta doce), uniformes para crianças até a sexta série; datashow; televisão de 42 polegadas; máquina fotográfica; equipamento de som, Santa Maria paga o piso salarial.

“Viaduto da Gare: colocamos R$ 1 milhão em cima. Se não o dinheiro iria ser devolvido porque a Prefeitura não queria dar contrapartida. Nós assumimos e demos a contrapartida”

Em educação estamos fazendo uma revolução silenciosa. Ano que vem vamos fazer a prova Santa Maria. A prefeitura vai avaliar a qualidade da educação na nossa cidade, isso é algo inovador. Habitação, não é só a prefeitura, temos participação no Minha Casa, Minha Vida, mas a prefeitura que se habilita, nós que diminuímos os impostos municipais para construção de moradias de até seis salários mínimos, sobretudo, até três salários mínimos. A regularização fundiária que estamos fazendo, tem gente morando aqui há 40 anos e não tem o título de propriedade – estamos regularizando. Lotes urbanizados – vamos oferecer no início do ano que vem em torno de 3,5 mil lotes urbanizados, isto é, terrenos a baixo custo porque Santa Maria tem uma indústria da invasão, tem grileiros ganhando dinheiro com o sofrimento da população e nós sabemos os nomes e já fomos na polícia registrar queixa contra essas pessoas que estão vendendo o que não os pertence. Iremos entregar em torno de 4 mil moradias em quatro anos de governo, mais os lotes urbanizados. Iluminação pública, quando assumi havia 18.771 postos de luminárias, das quais 6 mil e poucos apagadas, pois a prefeitura tinha oito funcionários e um veículo especializado para o serviço. Hoje ninguém fala mais porque não há mais problema. Em 24 horas, até menos, a empresa que é contratada, paga e fiscalizada pela Prefeitura vai lá e arruma a lâmpada e se não arrumar ela é punida, pois a Prefeitura já autuou a empresa em alguns momentos quando não fez o que tinha que fazer. Já homologuei a licitação de mais de 4 mil novas luminárias. Temos 5 mil bueiros entupidos na cidade, agora temos uma empresa que vai desentupir bueiros pois necessita de equipamentos próprios e a prefeitura não tem estrutura e gente. Para paralelepípedo irregular a Prefeitura não tem mais calceteiro, contratamos uma empresa que vai começar a arrumar as ruas com paralelepípedo irregular. Ou seja, se aqui tem 20 metros quadrados irregular, a empresa vai lá arrumar e a prefeitura paga.

Vamos asfaltar 150 quilômetros de ruas. As praças já reformamos Kennedy, Dom Antonio Reis e Praça dos Bombeiros. O lixo que era um problema grave está resolvido. A mesma empresa que presta serviço em Santa Maria ganhou licitação em Porto Alegre. Tem problema, claro que tem, mas para isso tem uma linha verde, a pessoa liga pra cá que resolvemos. E obras, Avenida Rio Branco, retirada dos camelôs do Centro para o Shopping Independência; Viaduto da Gare, era do governo anterior o projeto, o dinheiro era Federal, a obra estava parada na Prefeitura havia cinco anos e nós começamos e terminamos a obra. Colocamos R$ 1 milhão em cima porque se não o dinheiro iria ser devolvido para Brasília porque a Prefeitura não queria dar contrapartida. Nós assumimos e demos a contrapartida porque eu prefiro que o dinheiro fique aqui e a obra também do que eu fazer a economia de R$ 1 milhão. Vila Belga, parceria, isso é uma coisa boa. Reforma que a Prefeitura está fazendo lá, mas quem está pintando é a Tintas Coral, e eu faço questão de dar o nome, eu faço propaganda para a Tintas Coral, que está doando toda a tinta para a Vila Belga e treinando pintores. E o Exército é nosso parceiro nesse trabalho junto com os moradores. Ação do nosso governo, a população está vendo isso e isso reflete numa pesquisa, eu sinto na rua, eu não me iludo.

SCP – A Prefeitura tem investido em comunicação, contratou jornalistas, tem vídeos muito bem produzidos na internet e o programa de rádio aos sábados. Isso tem ajudado a dar mais visibilidade?

Relação com a mídia: “às vezes fico furioso porque acho que não é justo o que é dito”

CS – Posso te assegurar que temos uma equipe muito pequena, mas muito competente. O pessoal é fantástico. Mídia paga, infelizmente, é muito pequena, pois tivemos um problema e suspendemos durante dez meses. Agora iremos retornar com o IPTU e a dengue porque realmente é uma necessidade. Se fizer uma retrospectiva, nós realmente gastamos muito pouco com mídia paga. E obviamente que numa cidade com 300 mil habitantes o boca a boca ajuda, mas se você não tiver jornal, rádio e televisão mostrando ninguém vai ficar sabendo.

SCP – Como o senhor avalia a cobertura da mídia santa-mariense com relação à Prefeitura?

CS – Eu vou ser bem sincero, às vezes eu não gosto. A relação do mundo político, homens públicos em geral com a mídia não é uma relação tranquila, sempre é uma relação traumática. Às vezes eu fico furioso porque eu acho que não é justo o que é dito. Ou por ignorância ou por incompreensão, ou porque não conhece ou porque não está bem informado. Eu prefiro mesmo uma crítica que eu ache injusta do que uma censura. Então, eu obviamente na hora não gosto, mas depois passa. Logo que fui eleito procurei o prefeito Fogaça (José Fogaça) lá em Porto Alegre e pedi uns conselhos. Ele me disse “primeiro não lê jornal, segundo não ouve rádio e terceiro não vê televisão”. Claro que ele falou um pouco em um tom de brincadeira, mas tem um fundo de verdade. Jornal, por exemplo, eu só leio à noite em casa porque ai já passou o dia, já não posso fazer nada e vou dormir. Mas se tem uma crítica procedente eu recorto. Não tenho nenhuma queixa da imprensa, tenho sim tópicos em alguma notícia e tem fatos concretos que eu sei que a imprensa se equivocou, com todo o respeito, mas na soma não tem relevância porque eu também erro. Se eu erro que sou o prefeito, por que o radialista ou o jornalista não pode errar? Faz parte da vida. Claro, não vai querer um céu de brigadeiro entre imprensa e vida pública porque é rigorosamente impossível. A imprensa cumpre seu papel e eu cumpro o meu.

 (CONTINUA AMANHÃ)

SIGA O SITÍO NO TWITTER

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

6 Comentários

  1. gastando pouco com mídia? dá nojo de escutar o rádio é todo o dia tem gente da prefeitura dando informativo da secretaria tal, será que é por determinação do prefeito schirmer ou as rádios são boazinhas com o prefeito ou elas só falam porque tá rolando muito dinheiro.
    aliás se a propaganda é IPTU porque aparece o tunel da gare governo federal, hospital regional governo federal e estadual(que não atendeu uma alma se quer), UPA governo federal e estadual, não seria PROMOÇÃO PESSOAL E POLÍTICA.

  2. Duvido licitar o transporte publico… se fosse teria feito no inicio do mandato. nao tem como fazer agora licitacao com os investimentos que algumas empresas estao fazendo.. digo algumas pq esses dias vi refugo de onibus de londrina chegando em uma empresa na zona oeste da cidade.. REFUGO. entao, nao sao todas as empresas que investem. algumas so pintaram pq eram obrigadas. nada mais que isso.

  3. Gastaram pouco com mídia? E o que foi gasto no programa de rádio ans emissoras locais? Aliás, não foi feita essa pergunta ao prefeito?

  4. Só falta fazer a tal licitação para o transporte público, algo que nenhum antes fez e o Schirmer segue pelo mesmo caminho. hehhheh

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo