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Dia Mundial do Meio Ambiente – por Orlando Fonseca

Nesta semana deveriam começar o que, em nosso país, ficou conhecido como Festas Juninas. A verdade, no entanto, é que não estamos para festas, muito embora nosso espírito esteja pronto para isso. Mas, como já estava escrito nos evangelhos, a carne é fraca. Claro, não naquele sentido. É fraca porque não conseguimos vencer um vírus que tem ceifado vidas a rodo pelo planeta inteiro, e em especial por aqui beira a terrível marca do meio milhão de vidas perdidas. A carne é fraca porque, sem cuidados criteriosos muitas vidas ainda serão levadas. No entanto temos de acreditar em algo, diferente dos tempos em que o Mestre pronunciou a expressão acima, em se tratando de condição humana: Ele não está entre nós, para que os milagres se façam. Nossa crença, por ora, deve ser depositada na ciência, que em tempo recorde nos legou uma vacina. Não precisamos acreditar na vacina, basta que olhemos os números que as estatísticas da evolução da Covid-19 apresenta, nos países em que a vacinação atinge a maior parte da população. Mesmo quando os vacinados se restringem aos grupos prioritários, por serem mais vulneráveis, as mortes são reduzidas drasticamente. Assim como, no passado se acendiam fogueiras para celebrar os santos do mês, há uma luz que se irradia dessa celebração pela vida humana.

Nesta semana também se celebra este lugar em que vivemos como humanidade. Ao menos era isso que os membros da Organização das Nações Unidas pensavam, em 1972, quando reunidos em Estocolmo instituíram o Dia Mundial do Meio Ambiente. A partir de então, o dia 5 de junho é reservado para chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais. Que já eram graves naquela ocasião, mas que prenunciavam dias piores para o futuro, se nenhuma medida fosse tomada. E o futuro é agora, em que as condições climáticas se agravaram e os problemas ambientais atingem uma condição quase catastrófica. Especialmente quando pensamos em termos de aquecimento global: esta semana a foto de uma gigantesco iceberg se desprendendo da borda congelada da Antártida é de assustar. E a responsabilidade não é apenas dos governantes, mas de toda a população mundial, que deve estar atenta para a importância de preservar os recursos naturais, que – hoje sabemos – não são inesgotáveis. E o modo como vivermos terá influências muito grande sobre as futuras gerações. A noção de sustentabilidade tem permeado os discursos sobre o tema, defendendo o equilíbrio entre suprimento das necessidades humanas e preservação ambiental, para o nosso bem, mas também para a segurança dos que nos sucederão em nossa casa, o planeta Terra.

Então, dentre os festejos juninos, que ficarão na vontade, pois os protocolos sanitários em função da pandemia ainda não permitem aglomerações, podemos recuperar o espírito da Conferência de Estocolmo, e colocar em prática as mudanças necessárias no modo de ver e tratar as questões ambientais no mundo, cuja fração nos pertence: nossa residência, nossa rua, nossa cidade. Pois, apesar do grande avanço que a Conferência representou, podemos afirmar com certeza que os grandes problemas não foram resolvidos até agora. E, mesmo que o parque industrial das grandes nações continuem a poluir e a degradar o ambiente, há compromissos que deveriam ser do cidadão, como o descarte adequado de lixo, abandono do uso de combustíveis fósseis, e uso racional da água. Com essas e outras medidas simples, esses problemas e outros poderiam ser evitados. O dia 5 de junho próximo é o momento indicado para tomar consciência da importância no uso correto e moderado dos nossos recursos naturais. Sem fogueira, sem aglomeração, mas com a alegria que nos é peculiar, podemos reservar um tempo para a vida, no recesso de nossas casas, em favor da casa de todos: o nosso Planeta.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

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2 Comentários

  1. Discurso padrão anual do dia do meio ambiente. Com a habitual catástrofe.
    Exortação habitual que cai em olhos/ouvidos miopes/moucos.
    Planeta perto dos 8 bilhões de pessoas. China liberando o terceiro filho.

  2. Até parece que não irão acontecer festas juninas clandestinas.
    Sim, basta observar os numeros. Ilhas Seychelles Mais de um cento de ilhas no oceano Indico. Indice de vacinação mais alta do mundo, acima de Israel e Reino Unido (falam em 70% da população). Em 30 de abril ocorreriam 120 novos casos por dia. Uma semana depois pulou para 300 casos por dia. Gente sem vacina ou parcialmente vacinada. OMS esta avaliando a situação.
    India vai testar vacinação com doses de fabricantes diferentes.
    Resumo da ópera, ao menos do primeiro ato, querem utilizar a vacina para desgastar o governo federal. Olhando na minha bolha não funciona e é encheção de saco. Alás, indices grandes de vacinação é sonho no Brasil. Alás, mundo afora a gripe desapareceu e a vacinação despencou. Consequencias a serem vistas. Ou seja, o mundo não é tão simples.

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