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Pelo Centro Histórico de Santa Maria – por Heitor Peretti

O espaço, nesta semana, é para uma carta de Heitor Peretti ao titular, Carlos Costabeber e publicada a pedido deste. Confira:

“Prezado Carlinhos:

Sabes que me interesso por história. Qualquer que seja. Encantam-me as coisas antigas e suas mensagens (reais ou supostas). Por isso, considero o pior dos erros que podem ser cometidos em uma sociedade de homens e mulheres, uma vilania inominável, o tratamento de desprezo dado às coisas que já existiram ou que existam hoje aos fragmentos. Chamam a nossa Cidade Cultura. Certamente não pelo que guarda e mantém do passado. Assim é que se vê, diariamente, a história da cidade sendo destruída ou desfigurada além de qualquer possibilidade de reconhecimento. Algumas exceções, como o que foi feito na Avenida Rio Branco, confirmam a triste regra.

Alguém já disse: quem não conhece o passado não entende o presente e não pode antecipar o futuro. Acrescento eu, quem não conhece o passado é um animal, vive sob instintos. Não sabe a que veio nem para onde vai. Estará fadado a viver o dia-a-dia, apenas. Da mão para a boca.

Assim, ouso propor-te que nos batamos pelo seguinte:

Criação imediata, por decreto, do Centro Histórico de Santa Maria, cujo eixo fulcral e mancha principal, mas não exclusiva, é o traçado da Avenida Rio Branco e Rua do Acampamento, sendo o centro irradiador o Prédio da Gare. Tal polígono incluirá no mínimo três quadras a leste e a oeste desse eixo, mais a Rua Sete de Setembro até a Borges do Canto, a Vila Belga, as áreas pertencentes à Cooperativa dos Ferroviários e prédios do Maneco, Quartel da Brigada Militar, sede da 3ª DE, 6ª Brigada, Regimento Mallet, casa da esquina da Borges de Medeiros e Venâncio Aires.

Criação imediata da Secretaria Especial de Preservação do Patrimônio Histórico, Antropológico e Paleontológico de Santa Maria, ligada diretamente ao gabinete do prefeito. Inicialmente não é necessário empregar mais alguém. Nomeie-se alguém que já está lá trabalhando com a mesma remuneração já sendo recebida.

Criação imediata de um Programa Municipal de Preservação e Recuperação do Centro Histórico de Santa Maria destinado a financiar a recuperação e preservação de prédios históricos privados e passeios públicos, realçando-lhes as fachadas e características marcantes, removendo a poluição visual e, assim, tornando-os atrativos para uso comercial. O alcaide saberá buscar recursos para tal uma vez que seja criada a fonte de despesa orçamentária. O compromisso do proprietário seria o de mantê-lo, não desfigurando o prédio restaurado e colocando-o para uso (comercial ou não), em prazo não superior a 12 meses.

Criação do Museu Municipal de História, Antropologia e Paleontologia, a ser construído no local onde é a atual Casa de Cultura (antigo Forum, sendo a manutenção da fachada irrelevante), que seja capaz de reunir os diversos acervos (públicos e privados) existentes na cidade, como Viação Férrea, UFSM (antropologia, paleontologia, história natural), Gama D’Eça, Vitor Bersani, Vicente Pallotti, Mallet e Brigada Militar e outros, com direção colegiada dos diversos entes formadores e com acervos cedidos em comodato para a municipalidade (que se encarregaria da guarda e manutenção do local). Caso haja um acesso de burrice e haja que seja contra a utilização nobre do espaço da esquina da praça e Roque Callage, alternativamente, seria possível desapropriar-se o prédio do Clube Comercial para o mesmo fim.

Criar uma linha férrea turística (bonde elétrico ou uma réplica elétrica de uma Maria-Fumaça, com um vagão) ao longo da Avenida Rio Branco e Acampamento, com percurso curto circular (freqüência de ida e volta, talvez, hora em hora).

Criação, nos fundos do prédio do Casarão do Beleza (atual “museu” Gama D’Eça/Vitor Bersani),  uma réplica do que teria sido o Acampamento que deu origem a Santa Maria, com a utilização da casa como apoio às atividades municipais de preservação e recuperação do patrimônio histórico da Cidade de Santa Maria, que, aliás, deveria ser a assinatura de qualquer ato governamental municipal. Pode haver algo mais solene, forte e explicativo do que Cidade de Santa Maria, aposto a uma obra, iniciativa ou publicação do poder executivo municipal?

Enfim, o que vi em Santos, São Vicente, Porto Alegre e São Paulo ultimamente, outras iniciativas em tantos outros lugares por onde já estive, e tuas manifestações constantes me fizeram sonhar um pouco.

Abraço.

Heitor S. Peretti

Junho 2012″

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