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OUTRO OLHAR. Professor critica o “comportamento conservador e autoritário, travestido de democrático”

Há quem não goste. Aliás, há quem deteste o debate. Não este sítio. Aqui, o espaço está aberto. A todas as posições (desde que não confrontem, o que seria um contrasenso, a democracia) que queiram ser expostas. A crítica sempre é bem recebida, até em relação ao editor – que não é a mídia tradicional, tão afeita a bater, mas pouco disposta a ser despida por outrens.

Feito o nariz de cera, creia que vale a pena (inclusive para discordar, por que não, se for o caso) ler o que escreve um professor grevista da UFSM. Ele critica. Bueno. É do jogo democrático. Confira, e tira tua própria conclusão, a seguir:

O Gigolô

Por Luiz Carlos Nascimento da Rosa (*)

Hoje é sexta-feira. Sete de setembro. Aniversário de nossa linda pátria mãe. Um vento louco bagunça a vida das coisas materiais no lado de fora de nossas lindas e confortáveis casas. Eu sempre digo que tempo bom é aquele que produz conforto em nossas almas. Tempo bom, para o meu eu, não é aquele do jornalista responsável pela previsão do tempo. Adoro andar com meu pequenino guarda-chuva pelo calçadão da Bozzano em dias com muita chuva.

Os  delicados pingos de água da chuva harmonizam-se dialeticamente com minha alma lírica. O mesmo ocorre com o vento norte da Santinha da Boca do Monte. Enquanto ele toca zorra nas coisas do mundo exterior eu ajeito minhas ideias, em meu incomensurável mundo interior. No momento em que ocorria o desfile cívico na Avenida Medianeira, passeava eu com minha linda cadelinha Mel pelo meu residencial Jardim Lindóia. Minha cadela é da raça Sharpei. Suas ruguinhas contrastam com seu amor incondicional e sua “simpatia”. Enquanto escrevo ou leio, a Mel observa-me com seu olhar carinhoso e infinito. Enquanto encarava, bravamente, o vento e passeava com minha cadelinha, aguçando meu mundo dos sentidos e meu cérebro, observava as últimas florzinhas, que resistem as intempéries, dos ipês amarelos e roxos que existem em meu lindo residencial.

Absorto neste horizonte estético refletia sobre as coisas que havia lido durante o dia e a noite anterior. Impropérios. Falta de gentileza. Deselegâncias vieram em minha pobre mente poética. Num espaço público, um Professor da minha amada UFSM, acusou os membros do Egrégio Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão de Gigolôs. Chefes de Departamento, Coordenadores de Curso eleitos por processos democráticos entre seus pares lá possuem legitimamente assento. Alunos, Técnicos em Assuntos Educacionais eleitos lá, também, possuem voz e voto. Professores Auxiliares, Assistentes, Adjuntos e Titulares, eleitos por sua categoria lá no CEPE defendem suas teses e discutem tudo sobre ávida pública de nossa UFSM.

Nosso Magnífico Reitor, professor Felipe Müller, aclamado nas urnas, preside democraticamente nosso Egrégio Conselho. Nosso Magnífico Reitor, Professores Chefes de Departamento, Coordenadores de Curso, Acadêmicos, Técnicos Administrativos, O Vice-Reitor, professor Dalvan, e demais Professores Universitários eleitos são as pessoas públicas que alimentam a cafetinagem acadêmica. Metáforas bem colocadas e construídas produzem lindos poemas. Vide Homero, Shakespeare e o nosso delicado Mário Quintana.

Metáforas jogadas ao léu são capazes de causar constrangimento e ofender nossa pobre condição humana. Comportamento conservador e autoritário, travestido de democrático, não pode de forma assolada e irresponsável querer denegrir espaços e instituições que zelam e definem políticas que deram e dão a cara de nossa socialmente qualificada e reconhecida UFSM.

O Gigolô é uma figura sociológica que vive da venda do sexo de outros e de outras. O Cafetão é um parasita. O Gigolô vive da prostituição. O Cafetão é uma figura humana execrável. Os Membros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, da UFSM, vivem dos ganhos produzidos pelo seu salutar, saudável e digno mundo do trabalho. Meu paizinho, apesar de analfabeto, ensinou-me a reconhecer, respeitar e amar os outros como condição fundante para eu ser feliz. Meu querido e amoroso pai construiu-me como um ser humano repleto de generosidades.

Dialogar, discordar, entender os paradoxos que são inerentes a condição humana são fundamentais para uma vida ativa e democrática. Desconsiderar, ofender e humilhar os outros através de pseudo-idéias e metáforas irresponsáveis são atitudes que configuram o desejo de um mundo de silenciamentos e despótico. Para contrapor as indelicadezas que li no ontem, nesta sexta-feira com o vento querendo causar balbúrdias em nossas vidas vou mediado pelo resto das florzinhas de meus ipês ao mundo do lirismo e do romantismo que faz muito bem para minha sofrida alma.

Vou a Shakespeare e com ele digo: minha bondade é tão ilimitada quanto o mar, e tão profundo como este é o amor. Quanto mais te dou, mais tenho, pois ambos são infinitos. Um sim ao maravilhoso mundo do conhecimento e da erudição, da delicadeza, do respeito e da generosidade. Um não ao cavernoso mundo da ignorância, da deselegância, do despotismo e da ofensa aos outros. Entendamos os livrinhos que lemos e transformemo-los em modus operandis para nossas vidas intelectuais e práticas.

Lá na Odisseia eu li que o grande Ulisses tinha como seu melhor amigo seu cão Argus. Não tenho um cão chamado Argus, muito menos tenho a pretensão de ser um Ulisses, mas com muito amor em meu coração vou passear com minha cadelinha Mel em meu lindo Jardim Lindóia para captar o ruído harmônico das florzinhas dos Ipês precipitando sobre os paralelepípedos de minha simpática ruazinha.”                               

(*) Professor do departamento de Metodologia do Ensino, Centro de Educação da UFSM

 

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Um Comentário

  1. Hoje nao vou deixar um comentario tenho tantas opinioes contrarias os que fazem alguns politicos ,nem vou sitar o que acontece, pois tem muitas coisas sujas como ex:mentiras,como sou candidata vou me calar sou vou falar no momento oportuno ai vao me entender. abraços Claudemir e a sua equipe.

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